Num período da nossa vida coletiva em que os temas do colonialismo e do racismo têm vindo a ser agitados, geralmente de forma muito pouco esclarecedora, vale a pena recordar alguns exemplos da iconografia salazarista relacionados com África:
Este é um rótulo de uma bebida, um licor talvez, cujo nome devia ser competitivo pelo domínio claro da preocupação com a "marca registada" e a sua contrafação, que representa quase todo o texto, com exceção do nome "Africano".
A representação do "africano" é comum - o carácter simiesco do gigantesco sorriso, com os dentes branquíssimos fazendo contraste com o negro da pele, - mostra o "preto" em todo o seu esplendor.
Mas há várias coisas incomuns neste rótulo.
O "africano" tem bigode e está bem vestido, sentado como deve ser à mesa, bebendo o seu "Africano".
Mesmo a posição tem alguma coisa de contido, de educado. Pega bem no copo e, mesmo que tenha bebido o que falta na garrafa, não mostra o seu álcool.
É pura contradição. De facto, não se pode olhar muito para as imagens de publicidade porque se veem coisas demais.
Deve ser do Africano...
EPHEMERA - Biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira, 21/2/2021
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