sábado, 30 de novembro de 2024

38.º Jantar-tertúlia no Clube Mercearia do CAJIL (Lumiar), próx. 6.ªf, 6.12.2024, 20 h


















Vamos levar a efeito mais um jantar-tertúlia, que desta vez corresponderá também ao nosso habitual convívio de Natal. Irá ter lugar pelas 20 horas da próxima 6.ª feira, dia 6 de dezembro de 2024.

O local deste jantar vai ser o mesmo onde às 18 horas se realiza o lançamento da revista ALDRABA n.º 36 (ver post anterior), isto é, o Clube Mercearia da Fundação de solidariedade social CAJIL.

A antiga Mercearia Pedroso & Gameiro, fundada em 1868, na freguesia do Lumiar em Lisboa, deu lugar a um clube cultural com biblioteca e quatro espaços polivalentes, tendo sido totalmente restaurado e preservada a traça original desta tradicional mercearia portuguesa.

Fica situado na Rua do Lumiar, 62, mesmo em frente à sede do CAJIL (n.º 57), tudo isto muito próximo do final da Alameda das Linhas de Torres e da estação do Metro do Lumiar. Há estacionamento automóvel nas redondezas.

Seremos recebidos e acompanhados pelo nosso amigo Pedro Afonso, licenciado em animação sócio-cultural e responsável do Departamento de Cultura e Eventos da Fundação CAJIL.

A ementa do jantar incluirá entradas variadas, sopa, um prato principal à escolha (bacalhau com espinafres e broa ou carne de porco à alentejana), sobremesa (doce ou fruta) e bebidas, tudo ao preço único de 20 €.

Os interessados em participar devem inscrever-se, até 4.ª feira, dia 4 de dezembro, pelo mail da Aldraba (aldrabaassociacao@gmail.com), ou junto do João Coelho (T: 96 700 74 23, joaohcoelho@gmail.com) ou do José Alberto Franco (T: 96 370 84 81, jaffranco@gmail.com).

JAF

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Apresentação da revista ALDRABA n.º36 pelo escritor Mário Máximo no próximo dia 6dez2024












Vai ter lugar no próximo dia 6 de dezembro, 6.ª feira, a partir das 18 horas, o lançamento público do novo número da revista ALDRABA.

O evento terá lugar nas instalações da Fundação CAJIL (Centro de Apoio a Jovens e Idosos do Lumiar), sitas na Rua do Lumiar, 57, em Lisboa, muito próximo do final da Alameda das Linhas de Torres e da estação do Metro do Lumiar. O local exato será o chamado "Clube Mercearia", onde o CAJIL desenvolve as suas atividades.

Dá-nos a honra de apresentar a revista o escritor Mário Máximo, que é um ilustre intelectual e nosso amigo. Economista de formação, publicou já 25 livros, de poesia, romance, teatro, crónica, conto e ensaio (para além da participação em diversas antologias). No corrente ano, editou o romance “A Viagem Para a Literatura ou o Destino de Ferreira de Castro”.

Mário Máximo tem desenvolvido intenso trabalho na área da cidadania de língua portuguesa e da lusofonia. Foi ainda vereador e vice-presidente da Câmara Municipal de Odivelas, bem como Presidente do Centro Cultural Malaposta, e Presidente da Direção da Associação Fernando Pessoa.

Todos os associados e amigos da Aldraba são convidados a assistir e a participar nesta sessão, e a trazerem outros amigos convosco.

JAF 


quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Ecos do Encontro temático em Campo Maior


 









































































































































































































O 44.º Encontro temático da Aldraba, subordinado ao lema "O café e o património histórico", reuniu 18 associados e amigos em Campo Maior, num fim de semana de meteorologia muito fria mas bastante caloroso na partilha e na fruição cultural.

Durante os dias 16 e 17 de novembro de 2024, visitámos demoradamente o magnífico Centro da Ciência do Café (onde muito se aprendeu sobre a história da bebida mais consumida em todo o mundo e sobre o trabalho de décadas desenvolvido a partir de Campo Maior), estivemos depois na Casa das Flores (que evoca as importantes festas populares que de tempos a tempos o povo da vila promove), passámos pelo Lagar-Museu Visconde d'Olivã (com a minuciosa representação das atividades do azeite), percorremos e apreciámos o Castelo e sua fortificação abaluartada de tão rica história, fizemos um contacto breve com a Capela dos Ossos, e terminámos com uma incursão na aldeia de Ouguela, notável pela sua fortaleza, a respetiva cisterna, e uma imaginativa destilaria de gin instalada na antiga escola primária!

Um Encontro que deixou uma marca muito forte em todos os participantes, e cuja impecável preparação se deveu aos nossos companheiros Nuno Silveira e Margarida Vicente, a quem exprimimos a maior gratidão.

JAF (fotos de ABrito, LPereira e MVicente, com exceção da foto de grupo - tirada por Julio García, do CCCafé) 


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Pelo sonho é que vamos



Pelo sonho é que vamos

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.

Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama


(Reproduzido no verso da contracapa da revista ALDRABA n.º 36)


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Está no prelo o n.º36 da revista ALDRABA


 










Está a ser impresso na gráfica o novo número da nossa revista semestral.

Contamos poder começar brevemente a sua distribuição aos associados, e está já programada uma sessão de apresentação pública na tarde do próximo dia 7 de dezembro de 2024 (sábado) - em local e hora a anunciar.

Antecipamos já o conteúdo do n.º 36 da revista, em que assumem especial destaque os centenários de dois grandes nomes da nossa história e da nossa cultura (Damião de Góis e Luís de Camões), bem como os 100 anos de dois portugueses notáveis do séc. XX (Sebastião da Gama e Irisalva Moita):


Sumário

EDITORIAL

O que vejo da minha janela

Albano Ginja

OPINIÃO

Damião de Góis (1502-1574), um homem do Renascimento

Luís Figueiredo                                                           

Luís de Camões – Vate imortal

João Coelho                                                                

A tampa de sarcófago do “putto” de Elvas

J. Fernando Reis Oliveira                                            

LUGARES DO PATRIMÓNIO

Nomes de localidades em azulejos

José Alberto Franco                                                     

RITUAIS, TRADIÇÕES E REALIDADE

Chás, mezinhas e benzeduras

Ana Isabel Veiga e Luís Filipe Maçarico                         

DESABAFOS

O 25 de abril

Laurinda Figueiras                                                       

O vazio da cultura popular

Adriano Pacheco                                                         

VULTOS A ADMIRAR

No centenário do nascimento de Sebastião da Gama

Nuno Roque da Silveira                                               

Recordando Irisalva Moita

Nuno Roque da Silveira                                                

CRÍTICA DE LIVROS

Coletividades e resistência                                        

José Alberto Franco

ALDRABA EM MOVIMENTO

Maio a outubro de 2024         

José Alberto Franco


terça-feira, 5 de novembro de 2024

XLIV Encontro temático da ALDRABA: “O café e o património histórico”, Campo Maior, 16 e 17 de novembro de 2024




No próximo fim-de-semana de 16/17 de novembro de 2024, a Aldraba vai levar a efeito o seu 44.º encontro temático, desta vez na vila histórica de Campo Maior, do distrito de Portalegre e sub-região do Alto Alentejo.

Campo Maior tem um passado histórico riquíssimo, mas notabiliza-se atualmente pela produção e comércio de café e, de 4 em 4 anos, pelas Festas da Flor.

A nossa atividade terá o seguinte programa: 

Sábado, 16.11

11 h - Visita ao Centro de Ciência do Café (DELTA) (Concentração do grupo no parque de estacionamento do CCC/DELTA, a partir das 10h30)

13 h - Almoço no Restaurante Ministro (serviço à lista)

15 h - Visita ao Lagar-Museu Visconde d'Olivã

15h30 - Visita ao Museu Aberto - Casa das Flores

Seguir-se-á deslocação para os alojamentos* em Elvas

Jantar livre em Elvas 

Domingo, 17.11

10h15 - Visita ao Castelo e Fortificação Abaluartada de Campo Maior 

11h45 - Visita à Igreja Matriz e Capela dos Ossos

13 h - Almoço no Restaurante Ministro (serviço à lista)

Após o almoço

Visita à Aldeia Histórica de Ouguela - castelo, muralha, cisterna e casa do governador.

Visita à destilaria de gin na antiga escola primária.


* Os alojamentos devem ser contratados diretamente pelos participantes em Elvas, sugerindo-se o Hotel Brasa (T: 268 621 070/1) ou o Hostel Luso-Espanhola (T: 268 08 45 75 ou 96 342 40 23).

Os amigos e associados da Aldraba que queiram participar neste Encontro devem inscrever-se por mensagem para aldraba@gmail.com, ou por telefonema para o Nuno Silveira (T: 96 291 60 05), o mais tardar, até à 5.ª feira, 14 de novembro de 2024. 

JAF



sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Memórias da escola primária



Um texto delicioso da nossa amiga Natércia Duarte, de Castro Verde, que reproduzimos com a devida vénia de um post publicado há poucos dias na sua página do facebook. Memórias da infância algarvia desta amiga! 


Uma tarde fui com a mãe à loja do Anastácio comprar um corte de sarja, um carrinho de linhas e alguns botões. Tudo imaculadamente branco, como era obrigatório!
Depois fomos as duas a casa da costureira, a nossa vizinha da rua de trás, a Tainha. Ela e a minha mãe estiveram tempo sem fim a discutir o feitio mais na moda - se aberta à frente, se aberta atrás, com peitilho, sem peitilho, com pregas, com machos… mas para mim nada daquilo interessava.

A minha única reivindicação era que tivesse duas algibeiras, de preferência grandes, coisa que a mãe não queria, pois, dizia ela, só serviam para eu colocar lá as mais variadas porcarias e andarem sempre sujas. Mas, se não tivesse algibeiras, onde poria eu as lagartixas e os gafanhotos que haveria de apanhar no muro de pedras que havia a caminho da escola?

Ao fim de uns dias, depois de duas provas, ali estava ela, a minha primeira bata, com duas algibeiras onde caberiam os mais variados segredos, à espera da grande estreia na escola primária.
No dia 7 de Outubro, lá estava eu com o cabelo penteado a preceito, soquetes brancas rendadas, livros na pasta, a minha mão na mão da mãe, à espera de um mundo novo que se abriria ao entrar na escola.

A escola do Bairro ficava muito perto da minha casa. Duas ruas e menos de cinco minutos depois já se avistavam as casas do bairro municipal de Loulé, que emprestava o nome à escola. Lá dentro só meninas, todas de bata branca, muitas com um ar contente, como eu, e outras a chorar agarradas às saias das mães, que não queriam deixar como se elas fossem as boias de salvação num naufrágio iminente.

Entrei na sala e sentei-me muito direita na carteira que me foi indicada. A mãe tinha tido a esperança de que eu fosse diretamente para a 2ª classe pois já sabia ler e escrever e fazer contas mas, apesar do pedido, não conseguiu que a escola concordasse.
Eu não tinha considerado isso um problema até ao momento em que a professora deu as primeiras lições - as vogais - e mandou que todas nós preenchêssemos linhas e mais linhas de um caderno com aquelas letras. Despachei aquilo num instante para ver se havia mais coisas para aprender, mas a seguir veio o 1 e o 2 e mais linhas e linhas de uns e dois e três e de vogais e ditongos...
Para mim, que queria aprender coisas novas, que já lia livros da biblioteca, aquilo era uma verdadeira perda de tempo.

Um dia, à tarde, quando tocou a sineta, arrumei as minhas coisas e assim que cruzei o portão, informei a mãe da minha decisão:
- Mãe, já não quero vir para esta escola!

E à pergunta apreensiva da minha mãe “então filha?” respondi tudo o que me ia na alma: que eu já sabia ler e escrever, que tinha passado os últimos dias naquele trabalho horrível de alinhar “a,e,i,o,u” num caderno de duas linhas e que a professora não me tinha ensinado nada que eu não soubesse. E rematei com o mais importante, que só queria ir à escola quando fosse para aprender coisas novas.

Depois de me ouvir, a mãe explicou-me o inexplicável: que eu tinha de ir à escola, que não podia faltar mesmo que não fosse aprender nada de novo e que tinha de esperar que as outras meninas aprendessem o que eu já sabia para depois a professora ensinar novas matérias.

Ainda insisti, tentando mostrar como aquilo era disparatado. Mas a mãe respondia que não, que apesar de saber como eu estava aborrecida, não era assim que as coisas se tratavam…

“Se fossemos ricos e influentes, a escola teria agido de maneira diferente. Tinham-na matriculado no ano a seguir”, desabafava em surdina a minha mãe, contando o sucedido às vizinhas e dando exemplos de algumas histórias parecidas que tinham terminado com um final mais feliz.
Andei uns dias muito aborrecida, sem vontade nenhuma de ir à escola. Mas ao fim de algum tempo, os recreios começaram a compensar as tristezas. Assim que tocava a sineta, puxada por uma corda pela senhora Zezinha, a única contínua da escola, saíamos todas em fila e em silêncio para depois atirar ao vento aquela liberdade contada em minutos e aproveitá-la para ir brincar aos potes, às casinhas, à rolha, aos reis e às rainhas, à calha, às cinco pedrinhas, à “maneca”, como chamávamos ao jogo da macaca… ou para dançar danças de roda como a borboleta branca ou a triste viuvinha…
E para além do recreio, mesmo ao lado da escola, também havia um outro mundo novo por aprender:
O bairro com as suas casas todas iguais, encostadas umas às outras, com quintais de muros baixos e amoreiras onde me empoleirava para apanhar folhas para os bichos-da-seda;
O cerro da Cabecinha do Mestre, que tinha uma única casinha no alto da subida e onde o musgo para o presépio nascia nos valados, nas pedras e no chão e donde vínhamos com a alma mais verde e com as unhas pintadas de terra escura;
A olaria do vizinho João e o seu exército de chaminés rendilhadas, vasos, infusas e cântaros, que nasciam da melodia do chiar da roda, da dança rodopiante dos seus pés e do aconchego das suas mãos hábeis;
O largo da feira, o sítio onde acampavam famílias ciganas que influenciavam, com a sua chegada, os locais de brincadeira dentro do recreio. Nos dias em que tínhamos aqueles vizinhos, nenhuma menina se aproximava do muro daquele lado e partilhavam histórias e medos entre elas. Só eu ficava empoleirada, olhando para eles, sem achar que pudesse vir dali qualquer sinal de perigo, imaginando como seria bom viver assim, uns dias aqui, outros ali, brincando na terra, correndo ao sol com os cães, estendendo cordas de roupa como bandeiras ao vento, esquecendo o frio da noite com labaredas e música e cumprimentando o luar antes de adormecer. Em noites de sonhar ser livre como os ciganos, adormecia contando as estrelas para lá do teto do meu quarto.

Andar na escola, afinal, valia mesmo a pena!

Natércia Duarte