segunda-feira, 19 de junho de 2006

Quinta da Regaleira ou o regalo dos sentidos






A neblina que mal entremostra o mourisco castelo, as flores exuberantes à beira dos caminhos, o elemento água fundamental e constante, contribuem para o misticismo do lugar. Iniciação à serenidade.
(Fotos: guida alves)

De “VEMOS, OUVIMOS E LEMOS”
publicado por Guida Alves às 5:13 PM 8 opiniões

COMENTÁRIOS
zedtee disse...
Parabéns pelas fotos. :)
Ter Jun 20, 11:14:00 PM
Guida Alves disse...
'brigada.;)
Qua Jun 21, 01:50:00 AM
IO disse...
Tão bonito quanto tranquilo, obrigada! - um beijo, IO.
Qui Jun 22, 02:58:00 PM
totoia disse...
A Regaleira é um dos espaços mais bonitos e misticos que conheço. Durante o Verão é usada também como palco para peças de teatro, este ano ao que ouvi dizer, vão apresentar o Hamlet. Estou desejosa!
Sex Jun 23, 10:46:00 AM
MAM disse...
Foi também ,como sabemos, um lugar de outras iniciações, noutros tempos. E compreende-se bem porquê.armandina maia
Dom Jun 25, 01:11:00 AM
contradicoes disse...
Pois minha amiga por incrível que pareça não tive ainda o prazer de conhecer este local, sendo até relativamente perto comparado com muitos outros que conheço a umas centenas de quilómetros. Mas estas fotos despertou-me a vontade de o conhecer.
Qui Jun 29, 01:18:00 PM
AnaCristina disse...
A Regaleira é um local idílico!!
Sáb Jul 01, 12:50:00 AM
paula silva disse...
Conheço este REGALO, mas ainda assim tive muita pena de não poder ter ido com o grupo, nem que fosse para confraternizar, revisitar, voltar a fotografar, pois quando lá estive ainda não tinha máquina digital e as fotos que tenho ficaram muito beras, foi num dia de muito nevoeiro, que teimou em não desanuviar!Mas hei-de lá voltar um dia destes!BJS
Sáb Jul 01, 02:03:00 AM

domingo, 18 de junho de 2006

Visita à Quinta da Regaleira

A Aldraba levou a cabo, no dia 17 de Junho de 2006, mais uma iniciativa que agregou os princípios culturais e de lazer e que permitiu a um conjunto de cerca de 30 associados e amigos desfrutarem de um espaço único: a visita guiada à Quinta da Regaleira.
A Quinta da Regaleira é um espaço indescritível, com uma carga imensa de misticismo e esoterismo, que nos transporta em sonhos para a aventura e resolução de enigmas que povoam o nosso imaginário. Está presentemente, e após várias vicissitudes, sob propriedade da Câmara Municipal de Sintra.
Passemos a conhecer melhor este local, situado no coração de um espaço que é, ele mesmo, património mundial.


Memória
A história da Quinta da Regaleira, tal como ela se apresenta nos nossos dias, começa em 1892, altura em que é adquirida por António Augusto Carvalho Monteiro. O “Monteiro dos Milhões”, epíteto que o acompanhou durante toda a sua vida, nasceu no Rio de Janeiro em 1848, filho de pais portugueses, herdeiro de uma grande fortuna familiar, multiplicada no Brasil com o monopólio do comércio dos cafés e pedras preciosas, ficou conhecido pelo seu carácter altruísta e excêntrico. Licenciado em Leis pela Universidade de Coimbra, Carvalho Monteiro tinha como grandes interesses os livros (financiou uma brochura de bolso de “Os Lusíadas”), a ópera, os instrumentos musicais, os relógios, as conchas, as borboletas e as antiguidades. Mas o seu maior desejo era a construção de um espaço grandioso, em que vivesse rodeado dos símbolos que espelhassem os seus interesses e ideologias. Assim, decidiu comprar a Quinta da Regaleira, propriedade original da família Allen, à data, pela astronómica quantia de 25 contos de réis. Monteiro considerava Sintra um local de encantamento e de inspiração (tal como Byron), sentindo que representava a essência de Portugal, uma espécie de bastião da alma lusitana.

Arte e Cultura
António Monteiro, das suas idas à ópera, conheceu o arquitecto, pintor e cenógrafo italiano Luigi Manini, que veio para Portugal para trabalhar no Real Teatro de São Carlos, e igualmente conhecido por ter participado na construção do Palácio-Hotel do Buçaco. Não eram somente as questões estéticas que uniam Monteiro a Manini. Ambos partilhavam as mesmas filosofias, o que levou inquestionavelmente ao desenvolvimento do projecto da Quinta da Regaleira.

O grande mentor da Regaleira era um homem conservador, monárquico e cristão gnóstico. Da conjugação dos seus sonhos, com as artes de Manini e a dos artesãos da pedra, nasceu um edifício rico em estilos e repleto de originalidade. A predominância do estilo manuelino, ou neo-manuelino, demonstra uma nostalgia dos tempos gloriosos dos Descobrimentos, imortalizada na obra épica de Camões, recorrendo a a um percurso carreado nos elementos do sobrenatural e do sagrado. Surgem ainda, proficuamente, uma série de novos elementos, tais como animais e espécies antropomórficas, mas também muitos símbolos esotéricos, relacionados com a alquimia e com a maçonaria.


Os Jardins e o Poço Iniciático
Os Jardins da Regaleira, foram concebidos com o recurso a fantasias herdadas do ideal greco-latino, com os jardins a encherem-se de estátuas, de grutas, de torres, de fontes, de jogos de água e muitos outros elementos simbólicos, em percursos pré-definidos e místicos.O momento alto da visita, foi sem sombra de dúvida, a descida ao poço iniciático, espécie de torre invertida que mergulha nas profundezas da terra.


Como num útero, da terra-mãe, se iniciará a viagem da descoberta e da procura da verdade. E lá bem no fundo, gravada em embutidos de mármore, sobressai uma cruz com motivos que remetem para os templários, aliada a uma estrela de oito pontas, e que é também o emblema heráldico de Carvalho Monteiro.



Continuando pelos subterrâneos, num túnel escuro que sugere a procura da “luz”, evitando os “caminhos errados” e escolhendo o caminho da direita, descobre-se a passagem aberta para o mundo, através do caminho que se faz por um trilho unidireccional sobre as pedras, como que flutuando à superfície das águas.



Capela da Santíssima Trindade
O passeio continuou até se chegar a esta capela, inspirada no revivalismo da arte gótica e manuelina. E podem descobrir-se os antónimos complementares: homem-mulher, anjo-demónio, direita-esquerda, mau-bom. A capela revela muitas surpresas, dos vitrais ao altar, do chão trabalhado, ao púlpito com entrada apenas pelo exterior.


Outras surpresas, escondidas de olhares menos treinados, estão também lá: o caracol, símbolo maçónico, está presente em dois discretos locais, assim como o “olho sobre a pirâmide” acolhe os visitantes, desde logo, ao passarem sob o tecto baixo da entrada.


Palácio
O monograma de António Carvalho Monteiro destaca-se da fachada do edifício, todo ele ligado por cordas, nós, laçadas e frisos, numa manifesta anuição ao estilo manuelino. É ainda brilhante a representação do pelicano (símbolo dos mutualistas) a flagelar-se, em virtude de o número de crias ser superior ao que é possível criar. Presentemente, no interior do palácio, é possível visitar 4 salas (Sala da Música, Sala dos Reis, Sala da Caça e Sala da Renascença) realçando-se os riquíssimos e originais ornamentos, bem como os espectaculares pavimentos, tectos, frisos pictóricos e até batentes cabeça-de-leão em portas duplas. Realça-se que, a partir de Julho, estarão abertas outras divisões e salas do Palácio da Regaleira, disponibilizando ao público mais ainda, deste espólio inigualável da arte e da sociedade portuguesa. O grupo saiu desta visita satisfeito e maravilhado com esta emocionante e enriquecedora visita, para tal tendo contribuído a explanação brilhante, didáctica e sabedora, do guia da CulturSintra, o Sr. António Silvestre.


O momento mágico culminou, obviamente, com um almoço convívio, onde se deu continuidade à confraternização, com a “discussão” da descodificação dos enigmas sugeridos e encontrados. Porque nunca é demais repetir estas visitas, pois, nestes locais repletos de magia, com certeza poderemos descobrir e redescobrir um mundo de conhecimento e pormenores escondidos.


(Texto de Cristina Borges / Fotos de João Frade)

De “ALDRABA DIGITAL”

sábado, 10 de junho de 2006

Noites de Junho no Cova da Moura






O Clube Desportivo Cova da Moura foi fundado em Março de 1952. Mantém-se com voluntariado e sacrifício dos directores que abrem a sede todos os dias e decidem coisas tão pertinentes como realizar uma noite de fado ou um torneio de jogos de salão inter-sócios.
Neste momento está a ser dirigido pelo segundo mandato consecutivo por uma mulher, operadora de uma fábrica de rebuçados. Antes dela um jovem estudante dirigiu os destinos do clube, que se tem destacado em termos desportivos.
Continuam a animar a tradição das noites de Junho com uma das mais saborosas sardinhas de Lisboa, que a falta de curiosidade dos lisboetas e até da vizinhança permitiu encontrar o espaço com algumas mesas livres para a delícia do petisco.
A semana passada caí na asneira de seguir a sugestão de uma amiga, desfasada das tascas do Bairro Alto. Foi uma das piores experiências da minha vida: a salada vinha com cabelos, a sardinha era preta de tão congelada, a saber a abutre podre. Isto no Bairro Alto para onde costuma ir uma manada de gente que faz gala em se encontrar (ou exibir?) para beber umas zurrapas e não se ouvir no meio de berreiros e sons tonitruantes. A tasca em questão tinha deixado boa impressão no início dos anos 90, e Bual e Graça Morais eram seus frequentadores...Agora, turistas alemãs imberbes deliciam-se a comer merdola... regada com uma qualquer beberragem, desde que lhes cheire a xnapz (o som da palavra alemã que significa álcool, aguardente...)
O Cova da Moura, ao invés, apresenta sardinha do melhor, saladinha de chorar por mais e um vinhito singelo que sabe bem. Ali ao pé da Infante Santo e do Ministério dos Negócios Estrangeiros...

Ainda bem que há colectividades para fazer a diferença até em coisas tão importantes como é o convívio à volta de uma mesa na brisa, entre marchas e risadas de jovens...
Parabéns à presidente Eugénia Paulo e à sua jovem equipa e também ao assador e ex-presidente José Vilhena, de uma competência insuperável. Eles são os maravilhosos fazedores de uma festa que insiste em espalhar alegria nos ares da cidade, que já pertenceu ao povo, cada vez mais cercada por condomínios, onde vive no meio de cidadãos normais uma gentalha que odeia misturar-se com a populaça e o odor das sardinhas.
Vivó Cova da Moura pela sabedoria da resistência, num tempo de invasão de espaços, outrora habitado e frequentado por gente humilde, que ao perder essa referência se torna noutra coisa, como quem mergulha um tecido cor de céu em lexívia...
(Fotografias LFM)

De “ÁGUAS DO SUL”
Postado por oasis dossonhos às 16:23 1 comentários

COMENTÁRIOS
Mendes Ferreira disse...
menino bonito....a brincar por aí....a fotografar... a sorrir....que bom fico feliz!beijo grande!!!!!!!!
11 Junho, 2006 00:37

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Diálogo em Mértola





Perto do Guadiana, esta porta embala a nostalgia de um diálogo singular:
Batente e aldraba convivem, alheios a um quotidiano que os derruba e substitui a música ressoada na espera do seu elegante corpo metálico pelo exuberante triunfo do alumínio e dos puxadores platinados... Felizmente resistem, estes objectos mudos onde por vezes uma mão desafia o tempo.

(Fotografias:LFM)

De “ÁGUAS DO SUL”
Postado por oasis dossonhos às 00:03 1 comentário

COMENTÁRIOS
paula silva disse...
Estes deviam estar no "porteiro!" não?Belas fotos - ainda há por aí uns exemplares que podemos apanhar, antes que tudo se transforme em alumínio!Vamos apanhando o que podemos não é?Bjs
07 Junho, 2006 01:14