quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Até vais a nove…






Há poucas semanas, um óptimo programa da “Antena Um” dedicado às formas tradicionais de falar em Portugal, ocupou-se da expressão do “andar a nove” ou “ir a nove”.

Trata-se de um curioso dito, que entrou rapidamente no vocabulário popular, e que significa "andar muito depressa, atarefado, em grande azáfama". Essa expressão resulta do aparecimento dos carros eléctricos em Lisboa, há pouco mais de um século, e que depois foram lançados em algumas outras cidades do país.

Em 31 de Agosto de 1901, começou a funcionar a primeira linha de carros eléctricos em Lisboa, que se estendia do Cais do Sodré a Ribamar (Algés). Segundo um jornal da época, "a inauguração da tracção eléctrica satisfez completamente o público que, em grande número, concorreu a presenciar o importante melhoramento, a elegância luxuosa dos carros, a comodidade que oferecem aos passageiros e a rapidez da marcha".

A velocidade dos carros eléctricos era comandada pelo guarda-freio com um manípulo que marca nove pontos. O ponto nove correspondia à velocidade máxima, raramente usada nas ruas e ruelas íngremes de Lisboa.

"Andar a nove" era, portanto, uma velocidade estonteante, nunca superior a uma trintena de quilómetros por hora…

Aqui fica o registo da ALDRABA em relação a uma memória popular dos meios citadinos, que alguns colegas da blogosfera também recuperaram, e aonde, com a devida vénia, fomos buscar fotografias.

JAF

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Assembleia Municipal de Lisboa aprova um plano de salvaguarda dos azulejos da cidade






A Assembleia Municipal de Lisboa, por proposta do grupo de 6 deputados municipais independentes Cidadãos por Lisboa - CPL (http://www.cidadaosporlisboa.org/index.htm?no=604000), discutiu e veio a aprovar por unanimidade uma recomendação que visa a salvaguarda estruturada do património azulejar da capital.

No documento aprovado, considera-se que o azulejo é o elemento caracterizador por excelência da arquitectura portuguesa, assumindo-se ao longo de séculos como peça fundamental da matriz urbanística lisboeta, seja por força da sua presença enquanto elemento de decoração de fachada e de interior, pelas suas virtudes em termos de beleza, estética e luminosidade de padrões e texturas, seja enquanto excelente elemento de revestimento e conservação do próprio edificado.

Nessa linha, considera-se que o azulejo tem sido elemento central na dinamização de uma multiplicidade de artes e ofícios, actividades culturais e económicas que, conjuntamente, fazem de Portugal uma referência internacional.

Considerando que Lisboa, por força do desígnio do Marquês de Pombal em industrializar a sua manufactura em prol da reconstrução da Baixa, é onde existe o maior “catálogo” azulejar do país, contemplando painéis e revestimentos desde antes do séc. XVIII até à arquitectura moderna e à cerâmica de autor, e que esse vastíssimo património se encontra, na sua grande maioria, sem reconhecimento público da sua real valia cultural e económica, muitas vezes vandalizado e à beira de ser roubado e traficado, sem que nada nem ninguém o consiga impedir.

Entendendo, portanto, que cabe a Lisboa dar o exemplo, despoletando um verdadeiro e eficaz plano de salvaguarda, recuperação e produção de património azulejar, o qual possa servir de boas práticas para as outras autarquias e que permita ao legislador tomar finalmente atenção a este problema.

Considerando ainda que a Câmara de Lisboa não tem sabido lidar com esta problemática de uma forma eficaz, problemática essa transversal a vários departamentos e áreas, o que se comprova pelo desaparecimento do património azulejar da cidade, por roubo e vandalismo e pela destruição autorizada durante operações urbanísticas, mas também pelas débeis iniciativas desenvolvidas pela própria CML no sentido de inverter esta realidade.

E considerando, finalmente, que as diligências desenvolvidas devem ser vertidas no Plano Director Municipal em revisão, e nas práticas e nos procedimentos diários dos técnicos das Direcções Municipais cujos serviços avaliam, licenciam e acompanham os processos urbanísticos submetidos à CML.

A Assembleia Municipal de Lisboa deliberou recomendar à Câmara Municipal de Lisboa, directamente na pessoa do seu Presidente António Costa, que:

a) Assuma como tarefa prioritária o desenvolvimento urgente de um Plano de Salvaguarda do Património Azulejar de Lisboa, transversal aos vários pelouros e serviços que com ele lidam, directa ou indirectamente, consubstanciado num “Grupo de Missão” interdisciplinar e intra-camarário, que num horizonte temporal de 12 meses e apoiado numa adequada estratégia promocional multimédia, na organização de “workshops” e acções de sensibilização a vários níveis, proceda ao diagnóstico da situação, elenque uma carta de risco e desenvolva e implemente uma estratégia para corrigir o estado de coisas;

b) Garanta, a partir do envolvimento de todos os parceiros e cidadãos interessados e pelas mais variadas formas de participação, a materialização deste Plano de Salvaguarda em Regulamento a incluir no Plano Director Municipal, no qual se especifique um conjunto de regras e normas de salvaguarda para imóveis em propriedade pública e privada, respeitantes à preservação dos azulejos existentes, a intervenções sistematizadas de consolidação e restauro de azulejos ou, quando necessário, à sua remoção, recuperação e recolocação com técnicas e argamassas adequadas;

c) Garanta a efectiva implementação desse Regulamento na praxis dos diferentes serviços do Pelouro do Urbanismo que analisam, licenciam e acompanham os mais variados projectos urbanísticos, do Urbanismo Comercial à Gestão Urbanística e à Reabilitação Urbana;

d) Coordene pessoalmente um Conselho Consultivo, de que façam parte a Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, o Museu Nacional do Azulejo, o Museu da Polícia Judiciária, o Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, o Centro Nacional de Cultura, o LNEC, a Rede Temática de Azulejaria e Cerâmica João Miguel Santos Simões, a Associação Lisbonense de Proprietários, a Associação Portuguesa dos Antiquários, historiadores, investigadores e artistas plásticos, por forma a optimizar o processo participativo e a busca por soluções consensuais.

A Aldraba saúda esta iniciativa e faz votos de que haja vontade política para lhe dar seguimento.

JAF (fotos da internet)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Jantar-tertúlia no Sportivo Adicense com sessão de fados



Depois dos anteriores jantares na Casa das Beiras, na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, na Casa do Concelho de Alvaiázere, na Casa de Lafões, na Casa do Concelho de Castro Daire, no Clube de Futebol Benfica e na Juventude de Galiza, vamos agora até uma colectividade popular implantada há 94 anos no bairro de Alfama.

O Grupo Sportivo Adicense fica localizado não muito longe do Largo do Chafariz, e, entre outras, tem tradições no fado vadio de Lisboa.

Assim, no próximo sábado, dia 11 de Dezembro, pelas 19.30 horas, teremos um jantar-tertúlia nesta colectividade, seguido de espectáculo de fados.

A realização deste jantar visa também, pelo 3º ano consecutivo, proporcionar uma ocasião de confraternização aos associados e amigos da Aldraba, numa altura do ano em que as famílias e os grupos de amigos têm um particular gosto no convívio à volta de uma mesa.

O preço do jantar, por pessoa, será 12,50€, e a ementa constará de entradas, bacalhau à brás, sobremesa (doces ou fruta), vinhos, águas e sumos, e café.

As inscrições deverão ser feitas, até ao próximo dia 9/12, junto de:
- Margarida Alves, 966474189; margarida.alves@gmail.com, ou
- Maria Eugénia Gomes, 919647195; megomes2006@gmail.com

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amigos da Tapada das Necessidades de prevenção contra alterações à tutela daquele espaço de fruição popular



Durante a tarde de 1 de Dezembro, diversos moradores da freguesia dos Prazeres em Lisboa, designadamente o Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades – com quem a Aldraba tem estabelecido fraternos laços de cooperação – estiveram mobilizados na portaria da Tapada, em face da surpresa provocada com a chegada de uma empresa de segurança, que anunciou que passaria a ser ela que “vinha tomar posse disto…”

A Câmara Municipal de Lisboa celebrou, há vários anos, um protocolo com a Junta de Freguesia dos Prazeres, segundo o qual é esta última que assegura, com funcionários seus, o serviço de portaria daquele espaço. O GATN, em interacção com a autarquia de base, desenvolve um importante esforço de valorização e preservação da Tapada, de que temos dado notícia no nosso boletim, sendo pois motivo de perplexidade e preocupação que, sem qualquer conhecimento prévio da Câmara à Junta, apareça agora uma empresa privada com estas alegadas instruções.

Segurança contra a degradação dos espaços populares, sim! Prepotência e secretismo na gestão desses espaços, à revelia das populações que os estimam e lutam por eles, não!

JAF (foto LFM)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sessão de lançamento do boletim nº 9





Com uma vintena de participantes, decorreu a anunciada sessão de lançamento do nº 9 do boletim "Aldraba", no restaurante Al-Cântaro, no passado dia 23 de Novembro.
Conforme LFMaçarico refere na sua página do facebook:
"António Prata, da Ronda dos Quatro Caminhos falou, antes do convívio gastronómico, da música popular portuguesa, dos seus protagonistas, daqueles que fazem recolhas, evitando que algumas tradições se percam. O restaurante onde decorreu a tertúlia situa-se na Rampa das Necessidades, perto de Alcântara, junto a dois jardins: o da Praça da Armada e o das Necessidades. Vale a pena ir lá! É um bom sítio para partilhar uma noite onde a amizade floresça nos sorrisos, sorrisos que fazem falta para iluminar os dias..."
Fotografias de António Brito

domingo, 21 de novembro de 2010

António Prata (Ronda dos Quatro Caminhos) no lançamento do ALDRABA nº9



A ALDRABA – Associação do Espaço e Património Popular convida-o para a sessão de lançamento do nº9 do boletim “Aldraba”, no próximo dia 23 de Novembro de 2010 (3ª feira), às 19.30 h. A sessão é animada pelo músico António Prata, responsável da "Ronda dos Quatro Caminhos", e conta com a presença de outros elementos do grupo.
A sessão realiza-se no restaurante Al-Cântaro em Lisboa (entre a Praça da Armada e o Palácio das Necessidades, na Rampa das Necessidades, 6), onde poderemos em seguida jantar e conviver.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Boletim ALDRABA nº 9 está em distribuição


O número 9 do boletim da Associação Aldraba está já a ser distribuído aos associados.

Todos os amigos e interessados podem encontrá-lo aos balcões da livraria "Círculo das Letras", na Rua Augusto Gil, 15B, 1000-062 Lisboa, próxima do Campo Pequeno e com o telefone 210938753.
Podem também solicitar o envio através de mensagem para o endereço aldraba@gmail.com, ou de telefonema para os nºs 963708481 (JAF) ou 967187654 (LFM).

Sumário do nº 9 do boletim "ALDRABA":

OPINIÃO
Viagens pelo reino da mediocracia
Nuno Roque Silveira
LUGARES DO PATRIMÓNIO
A lota de Lagos
Glória Montes
No caminho dos petrónios
Adriano Pacheco
RITUAIS, TRADIÇÃO E REALIDADE
Andanças do diabo por terras portuguesas
Marco Valente
SONS COM HISTÓRIA
Para a história da Ronda dos quatro caminhos
Ana Isabel Carvalho
Ronda dos quatro caminhos – expoente do património musical popular
Luís Filipe Maçarico
CRÍTICA DE LIVROS
Boas práticas no património – acerca do “Guia do construtor” para a aldeia de Alte
Leonel Costa
ALDRABA EM MOVIMENTO
Janeiro a Julho de 2010
Maria Eugénia Gomes

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Novos olhares sobre o Encontro da Arruda







Ainda a propósito do Encontro de Arruda, divulgamos outros olhares sobre o que vimos e vivemos no passado dia 13 naquela simpática e acolhedora terra – um texto enviado pelo João Henriques Coelho, a que se vieram juntar as fotografias da Margarida Parreira Alves:

“Intitulado “O Imaginário em Terras de Al’Ruta”, ocorreu em 13 de Novembro, na vila de Arruda dos Vinhos, o XVII Encontro da Aldraba, contando com a participação de mais de 30 associados e amigos.

Junto do belo chafariz pombalino, fomos recebidos pelo técnico da autarquia local, Dr. Paulo Câmara, que nos fez uma síntese das realidades do concelho e do seu património, em especial daquele que seria alvo da nossa visita: a vetusta Igreja Matriz, uma simbiose perfeita de vários estilos, do românico ao manuelino, e com um belo conjunto de azulejaria do séc. XVIII; o núcleo histórico da vila, repleto e rico de vestígios de um passado secular, onde, singularmente, emergem as de um antigo castelo; o Complexo do Morgado, antigo palacete, bem requalificado, para albergar várias centralidades culturais, sendo de realçar a Galeria e a sua exemplar Biblioteca, onde os tectos, em berço, mantêm conservados belos frescos.

Ainda pela manhã, estivemos na Escola Gustave Eiffel, onde assistimos a uma intervenção do jovem aluno Samuel sobre a Bruxa da Arruda que, afinal, teria sido uma mera curandeira, em face dos episódios relatados e que, quase todos, emergem do imaginário popular e da transmissão de boca em boca. Um tema interessante a merecer uma reflexão no propósito de se fazer uma certa luz sobre estes fenómenos populares, tão mais frequentes e comuns quando e onde o empirismo e o medo do desconhecido se impõem ao conhecimento científico.

Depois de um belo almoço, num restaurante local, visitámos a Cooperativa Vinícola, visita que nos proporcionou alguns conhecimentos sobre a cadeia alimentar do vinho: fabrico, armazenamento, manutenção e comercialização.

O Encontro veio a terminar, já noitinha, na sede do Rancho Folclórico Podas e Vindimas, com uma visita às suas maravilhosas instalações, a que se seguiu uma sessão prenhe de estórias de vida e de poesia pelo poeta popular arrudense João Silva. Nos nossos ouvidos perdura ainda a beleza e a sonoridade dos poemas sobre o Varredor e o Ribatejo.

JHC”

domingo, 14 de novembro de 2010

Arruda dos Vinhos – património, tradições e poesia







Sábado, 13 de Novembro, por volta das dez horas, os cerca de 35 associados da Aldraba e amigos já se tinham reunido junto ao chafariz pombalino, próximo da Câmara.
Pouco depois, começaria a visita guiada pelo centro da vila de Arruda dos Vinhos e ao seu património mais significativo.
Assim, sob a orientação do Dr. Paulo Câmara, percorremos ruas, apreciámos palacetes e edifícios com história e visitámos a muito rica Igreja Matriz.
Detivemo-nos, em seguida, no Centro Cultural do Morgado que, objecto de obras que tiveram lugar entre 2001 e 2007, passou a integrar a Biblioteca Municipal Irene Lisboa, o Auditório Municipal, a Galeria Municipal, o Posto de Turismo, o Jardim do Morgado, onde muito se falou e cheirou a erva arruda, a Oficina do Artesão, e a Rota Histórica das Linhas de Torres.
Durante o percurso, parámos na Escola Profissional Gustave Eiffel, onde nos foi dado assistir a uma apresentação sobre as tradições da bruxa da Arruda, a cargo de um muito bem disposto aluno da escola – o Samuel, que, trajado a preceito e sob a orientação da professora Filipa, nos foi comunicando o resultado das suas investigações sobre este tema. No animado debate com a assistência, ressaltou a relação dos chamados bruxedos com a aplicação empírica de ervas e mezinhas populares, tantas vezes tratamento único para as doenças, e ainda a incomodidade causada por tais práticas em autoridades políticas e religiosas.
O Restaurante Nazareth não deixou os seus créditos por mãos alheias, tendo sido servido um abundante e muito apetitoso almoço.

De tarde, visitámos a Adega Cooperativa da Arruda, onde nos foram explicadas as diversas fases por que passa o vinho, desde a recepção das uvas até quase chegar à nossa mesa, enquanto percorríamos as vastas instalações de que aquela dispõe. Após uma pausa para provar um vinho licoroso, seguiram-se as habituais compras.

Por fim, já a hora ia adiantada, rumámos à sede do Rancho Folclórico Podas e Vindimas, onde gozámos da companhia do poeta popular João Francisco Silva que, com as suas histórias de vida e os seus versos, nos proporcionou um interessantíssimo fim de dia.
MEG, com fotografias de JAF

sábado, 6 de novembro de 2010

XVII Encontro “O imaginário em terras da Al’ruta”



No próximo dia 13 de Novembro de 2010, sábado, a ALDRABA realizará mais um encontro temático, desta vez na Arruda dos Vinhos, vila situada apenas a 30 km de Lisboa, e sede de um concelho com cerca de 11.000 habitantes, composto por quatro freguesias (Arruda dos Vinhos, Arranhó, Cardosas e S. Tiago dos Velhos), e com uma área de 77,7 km2. Confina com os concelhos de Alenquer, a Norte, de Loures e Mafra, a Sul, de Vila Franca de Xira, a Este, e de Sobral de Monte Agraço, a Oeste.
Neste XVII Encontro, falaremos da "bruxa da Arruda", do vinho e de outras temáticas de cariz popular local, contando com o apoio da Câmara Municipal da Arruda dos Vinhos, da Escola Profissional Gustave Eiffel e do Rancho Folclórico Podas e Vindimas.
O programa incluirá os seguintes momentos:
- 10 horas - encontro frente ao chafariz pombalino (centro da vila, junto à Câmara), para visita guiada a Arruda dos Vinhos e ao seu património, orientada pelo técnico da CMAV Dr. Paulo Câmara
- 13 horas - almoço no Restaurante Nazareth
- 15.30 horas - visita à Adega Cooperativa da Arruda, onde estão disponíveis provas de vinhos pagas
- 17 horas - visita à sede do Rancho Folclórico Podas e Vindimas, onde assistiremos a uma exibição informal das danças e cantares locais, e onde se desenrolará uma conversa alargada a arrudenses interessados nos temas do património popular
Durante o percurso pedestre da manhã, está incluída uma paragem na Escola, em que teremos uma breve apresentação preparada pelo professor José Leal e pelos alunos relativa às tradições da bruxa da Arruda.
As inscrições devem ser feitas telefonicamente ou por e-mail, até 5ª feira, dia 11, junto da Margarida Alves (TM 966474189 - margarida.alves@gmail.com) ou da Círia Brito (TM 969067494 - ciriabrito@sapo.pt). O valor da inscrição, incluindo o almoço, será de 16 euros por associado e de 17,5 euros para os não-associados.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Por terras de Trás-os-Montes - tradições e lendas

No dia 13 de Dezembro, as raparigas entregam aos rapazes os "Pitos de Santa Luzia" e no dia 3 de Fevereiro os rapazes retribuem, oferecendo-lhes as "Ganchas de S. Brás". Assim manda a tradição transmontana...


A gancha é um rebuçado muito popular em Vila Real em forma de bengala, que se pensa reproduzir o báculo episcopal de S. Brás, patrono das doenças de garganta. O seu tamanho pode atingir um metro e é feita à base de água e açúcar, por vezes aromatizada com mel e ervas de efeito balsâmico, como o alecrim ou o eucalipto.
Todavia, há quem garanta que seria uma espécie de espátula doce para pincelar as gargantas ou desalojar estranhos objectos nela entalados, dado o seu efeito apaziguador. Em Vila Real, só se encontram à venda na altura das festas de S. Brás e são poucos os que se dedicam à sua confecção.
Segundo Elísio Neves, investigador da história da cidade de Vila Real, as "ganchas de S. Brás são um símbolo fálico e já estão referenciadas no final do séc. XIX".


O pito é um bolo com recheio de doce de abóbora, sendo os mais qualificados os que a Casa Lapão continua a fabricar todos os dias.
Segundo a lenda, certa rapariga muito gulosa, defeito esse que levou a família a pedir a graça da clausura na esperança de o transformar em virtude, foi servir para o Convento de Santa Clara, onde depois tomaria o hábito.
Tendo-se tornado devota de Santa Luzia, orago dos cegos e padroeira das coisas da vista, usava nas suas mezinhas «pachos de linhaça» - quadrados de pano cru onde se colocava a papa, dobrados de pontas para o centro para não verter a poção, que punha sobre os olhos dos doentes acolhidos no Convento.
Um dia, na cozinha, terá feito uma massa de farinha que cortou em pequenos quadrados e onde colocou compota de abóbora. Dobrou a massa por cima da compota, à imagem dos «pachos», cozeu-os no forno e correu a escondê-los na sua cela. No caminho quando a Madre Superiora lhe perguntou o que levava no tabuleiro, respondeu: «São pachos de linhaça irmã Madre... Para os meus doentes que amanhã virão». Não eram muito agradáveis à vista mas satisfaziam-lhe a gula, não seria pecado comê-los porque, ao fazê-lo na escuridão da cela e da noite, sabia, porque o tinha ouvido dizer, «do que não se vê não se peca».

Com o correr dos tempos, criou-se a tradição, que ainda hoje se mantém, das raparigas e rapazes oferecerem estes doces nos dias de Santa Luzia e S. Brás, seja para celebrar um compromisso já existente ou para dar a conhecer paixão ou intenção até aí escondida.

Mais informação e receita dos pitos de Santa Luzia em:
http://www.espigueiro.pt/
http://folclore-online.com/usos/txt/ganchas_sbras2.html

MEG

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Congresso "Associativismo e Democracia Participativa"


A pedido do nosso associado Francisco Palma Colaço, damos conta da próxima realização, em Lisboa, de mais uma iniciativa em prol do papel do associativismo popular na busca de saídas para a encruzilhada com que a sociedade portuguesa se defronta actualmente.

Reproduzem-se os aspectos principais da mensagem que a Aldraba recebeu:

“O Grupo Aprender em Festa, de Gouveia, na qualidade de membro da Comissão Promotora do Congresso do Associativismo e da Democracia Participativa, anuncia que este Congresso vai realizar-se nos próximos dias 13 e 14 de Novembro de 2010, nas instalações do ISCTE, Av. das Forças Armadas, em Lisboa.
O Congresso insere-se num movimento iniciado com a VII Manifesta, realizada pela ANIMAR (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local), em Peniche, no mês de Junho de 2009, após o que o Instituto das Comunidades Educativas (ICE), uma das associações que integram a ANIMAR, desafiou um grupo de associações a pensarem em conjunto como dar corpo a um movimento social em torno do associativismo e da democracia participativa. (…)
Presentemente, não só se tem vindo a verificar o alargamento progressivo de associações aderentes a este movimento, mas também tem sido possível aprofundar os conteúdos equacionados inicialmente, ao longo das reuniões já decorridas neste período de um ano.
Estabeleceram-se assim seis eixos temáticos que virão a ser debatidos no Congresso, primeiro em tertúlias com número não superior a 30 pessoas, depois em plenários intercalares abrangendo três destes temas, e, por último no plenário final. (…)
O Congresso terá a sua abertura pelas 11 horas do dia 13 (intervenções de Carmo Bica e de Jean Louis Laville) e durante a tarde desse dia haverá tertúlias simultâneas sobre os seguintes temas:
“Espaços de Democracia Participativa e sujeitos de Cidadania”;
“Associativismo cidadão – para onde caminha o associativismo?”
“Democracia Participativa e Democracia Representativa – tensões e interacções”.
No fim da tarde, realizar-se-á um plenário intercalar, com debate a partir dos relatos de todas as tertúlias efectuadas nessa tarde.
Na manhã de dia 14, haverá tertúlias simultâneas sobre os seguintes temas:
“Contributos do associativismo para o desenvolvimento local “;
“Democracia Participativa e combate à exclusão social (contributos do associativismo) ”;
“Tensões e interacções entre as Associações e o Estado (local e nacional) “.
No fim da manhã, realizar-se-á outro plenário intercalar, com debate a partir dos relatos de todas as tertúlias efectuadas nessa manhã.
Na tarde de dia 14, decorrerá o plenário final que se ocupará das conclusões a aprovar pelo Congresso e do itinerário a desenvolver futuramente pelo movimento. (…)
Para quaisquer esclarecimentos de forma mais personalizada, pode ser contactado o representante do Grupo Aprender em Festa na comissão promotora do Congresso:
António Ferreira - Tm 963084999
e-mail – mjose7777@sapo.pt
http://movimentodoassociativismo.blogspot.com/”.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Puxadores de porta zoomórficos nas aldeias do xisto




















Numa digressão pedestre pelas aldeias do xisto do concelho da Lousã, mais exactamente na aldeia de Catarredor, eis que nos surgem três curiosos exemplares de puxadores de porta com motivos animais, construídos em madeira com bocados de troncos trabalhados.
Excelentes exemplos da criatividade popular para fins utilitários.
JAF (fotos MEG)

domingo, 3 de outubro de 2010

A Feira da Luz

Embora já um pouco fora de tempo, uma vez que decorreu entre 4 e 26 de Setembro, gostaríamos de aqui deixar algumas notas relativas à Feira da Luz.
A Feira da Luz realiza-se em Carnide, Lisboa, e é das poucas no País com mais de quinhentos anos de história. O ponto alto é a procissão em honra da Nossa Senhora da Luz, que se realiza no último domingo de Setembro.
"A lenda conta que um soldado português foi para a guerra em Ceuta. Durante o conflito, esse soldado terá sido salvo por uma luz, com a imagem de Nossa Senhora. Quando regressou a Portugal, construiu uma ermida onde é hoje o santuário de Nossa Senhora da Luz".
Certo é que os relatos históricos dão conta de uma enorme devoção à Nossa Senhora da Luz, atraindo devotos de várias localidades.
Do passado, sabemos que esteve ligada à tradicional romaria que se realizava anualmente, em Setembro, no Santuário da Nossa Senhora da Luz, sendo complemento das festividades religiosas que duravam vários dias e atraíam numerosos forasteiros da capital e arredores. Embora se possa considerar tão antiga como o próprio culto e remonte, certamente, à Idade Média, foi durante os séculos XVI e XVII que começou a adquirir maior projecção.
Os marítimos eram devotos da Nossa Senhora da Luz e, por isso, compareciam sempre várias confrarias com os seus estandartes. Mas, numa área essencialmente rural, os principais devotos eram os trabalhadores rurais de toda a zona norte do termo de Lisboa e até os saloios de Mafra e Sintra. Por isso, as festividades religiosas e a feira que se lhe seguia passaram a realizar-se em Setembro, no final das colheitas de verão.
Os aristocratas deslocavam-se em carruagens próprias e os populares iam de burro ou a pé. Quando se inaugurou o elevador de S. Sebastião da Pedreira em 1899, o percurso mais encurtado, através da estrada da Luz, por Sete Rios. Em 1929, com o estabelecimento da linha de eléctricos que ligava os Restauradores a Carnide, o acesso ficou mais fácil e foi estabelecido um novo calendário, prolongando-se a feira desde o primeiro sábado até ao último domingo de Setembro.
Do presente, durante um desconsolado passeio numa manhã de Setembro, constatámos que a feira que chegou aos nossos dias é uma pálida imagem do seu fulgor de outros tempos. No dizer da D. Lurdes, vendedora de roupa que “faz a feira” há meia dúzia de anos, o que aqui pagam nem dá para o que gastou com os livros e material escolar dos filhos, neste início de ano lectivo, e só cá vem porque é perto de casa… Já a D. Amélia, que para aqui traz os seus cestos vai para mais de 35 anos, garante que veio porque tinha o armazém cheio e no fim da vida não gostaria de desistir. Acrescenta que a feira já foi 5 vezes o que é hoje, que “nem à noite isto anima, só aos fins-de-semana, e pouco”.

Os queixumes de ambas? “Primeiro tiraram os divertimentos (carrosséis, carrinhos de choque, etc.), depois puseram as barracas todas cinzentas e iguais, e por um preço que dava para viver bem o mês inteiro…”

Sabendo do dinamismo da Junta de Freguesia de Carnide, aqui deixamos o apelo para que o futuro da Feira da Luz possa vir a ser repensado, honrando as suas glórias passadas.

Mais informação em http://www.jf-carnide.pt/cr_historia.php

MEG

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Alpedrinha revisitada










Decorreu, entre 17 e 19 de Setembro, mais uma edição do Festival dos Caminhos da Transumância, este ano alargado a mais espaços da vila – o Terreiro de Santo António, onde decorreu a mostra de produtos e animais da região, e um outro pólo de música e animação no belíssimo Largo da Casa do Pátio.
De novo lá estivemos, deixando-nos impregnar por aqueles sons, cheiros e afectos.
Os chocalhos, os bombos e os acordeões, as flautas e as gaitas de foles encheram mais uma vez as ruas de Alpedrinha, numa mistura que continua a encantar os muitos milhares de visitantes que por lá passam e tornam em cada ano. Salientamos a presença de Além Tejo que este ano marcou momentos muito ricos do Festival, com os já habituais Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho, o grupo feminino de Viana do Alentejo, com a sua festa da lã e oficina do feltro, que muito encantaram crianças e adultos, e o Pedro Mestre que, com a sua viola campaniça, o Grupo de Cantares os Cardadores da Sete e grande sensibilidade e sentido de humor nos proporcionou mais um serão de enorme beleza.
A tradição recuperada traz-nos de volta comes e bebes de outros tempos, que em cada tasca improvisada nos deliciam, à mistura com a habitual hospitalidade das gentes da terra.
Na manhã de domingo, a magia da Gardunha fez-nos de novo companhia na caminhada através da serra, com passagem por Alcongosta. Por estradas, caminhos e via romana, atrás do rebanho e dos pastores, desfrutámos das paisagens lindas numa manhã cheia de luz e sol, das amoras e dos figos do caminho, e do ar da serra. Como convidava uma camisola de um dos muitos caminheiros, e eu recomendo, “Engardunha-te”!
Rever os amigos e o trabalho que continuam a fazer em prol da terra e do Festival, é sempre um prazer de que já nos habituámos a não abrir mão.
É disso mais um exemplo a recente abertura ao público do, agora iniciado, Museu da Música. E com que orgulho o Francisco Roxo nos mostra todo o espólio acumulado e nos descreve todo o trabalho que há para fazer! Aqui fica uma palavra de admiração e estímulo à Liga dos Amigos de Alpedrinha.

MEG, fotografias de JAF e MEG

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tasquinha D. Maria – bons pitéus e melhor hospitalidade





Ao passar nestas últimas férias para os lados de Porto de Mós, num lugar chamado Livramento, foi-nos recomendado um restaurante à beira da estrada. Nada mais, nada menos do que a Tasquinha D. Maria (a cerca de 5 km da sede do concelho, a caminho de Alvados).

Depois de algum tempo de espera e na ausência de alternativa, lá nos sentamos para o merecido jantar. Apenas grelhados, onde a primazia era dada à carne, não estivéssemos no interior do país. Da qualidade, da maestria na grelha e do agradável e bem recuperado espaço da sala de jantar, nem vale a pena falar. Fica feito o desafio para que passem por lá …

Falemos antes da hospitalidade que vamos encontrando, um pouco por todo o país. É uma tradição nossa, um traço comportamental que nos diferencia de outros e que, por nos ser tão própria, fruímos com toda a naturalidade.

Esta capacidade de estar, de conversar com conhecidos de há pouco e com eles partilhar vida, experiências, sonhos e desafios é, também, património.

Por ser tão raro, entre nós, dar valor ao que somos e temos ou sentir necessidade de salientar o que de bom e elogioso encontramos, aqui fica esta lembrança da D. Maria que, desde 1958, ali está pronta a atender-nos. Que ali continue por muitos e bons anos!

MEG

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os nomes das localidades em azulejos (cont.1)








O azulejo é elemento decorativo e veículo do imaginário. As placas toponímicas indicando os nomes das localidades, que muitos de nós recordam com carinho, foram colocadas – pelo menos a maior parte delas – pelo Automóvel Clube de Portugal nos inícios do século XX. Visava-se orientar os viajantes do turismo que se começava a desenvolver, mas também assinalar uma marca de distinção e referência das localidades, contribuindo para o amor-próprio das suas populações.

Após a primeira abordagem do tema que em Abril último fizémos aqui em "A ALDRABA" (Os nomes das localidades em azulejos), vimos hoje publicitar mais seis belas placas de azulejos, correspondentes a outras tantas localidades ao longo do nosso país: Alfeizerão (distrito de Leiria), Malveira (distrito de Lisboa), Montalvão (distrito de Portalegre), Picanceira (distrito de Lisboa), Porto Brandão (distrito de Setúbal), e Póvoa e Meadas (distrito de Portalegre).

Juntamos assim estes seis exemplares aos catorze publicados em Abril: Alandroal, Arraiolos, Ciborro, Estremoz e Évora (distrito de Évora), Alvaiázere (distrito de Leiria), Cabeço de Vide e Fronteira (distrito de Portalegre), Caparide, Queluz e Seramena (distrito de Lisboa), Castro Verde (distrito de Beja), e Loulé e Quarteira (distrito de Faro).

JAF