domingo, 25 de maio de 2014

XXV Encontro da Aldraba, em Alter do Chão, nos próximos 7 e 8 de junho













Até ao presente, a ALDRABA realizou 24 encontros temáticos, nos distritos de Castelo Branco, de Santarém, de Leiria, de Lisboa, de Setúbal, de Évora, de Beja e de Faro.

No fim de semana de 7 a 8 de junho pf, propomo-nos realizar a nossa primeira atividade no distrito de Portalegre, levando a efeito no concelho de Alter do Chão o XXV Encontro da ALDRABA, subordinado ao lema “Património e criatividade, entre a memória e o futuro”, e que conta com a colaboração da respetiva Câmara Municipal e de diversas coletividades locais.

Vamos ter um programa diversificado, que incluirá:

a) no sábado de manhã, uma visita ao casco histórico de Alter, compreendendo o Castelo, o Palácio e Jardim do Álamo, a fonte renascentista, e as igrejas da Misericórdia, de Sto António e do Senhor Jesus do Outeiro; 
b) na tarde de sábado, uma visita à Coudelaria de Alter, a Alter Pedroso, à Anta e à Ponte de Vila Formosa;
c) na manhã de domingo, uma deslocação à Estação Arqueológica Ferragial d’El Rei, compreendendo o mosaico romano, ao Centro Interpretativo e ao Laboratório deArqueologia;
d) finalmente, na tarde de domingo, uma sessão em sala nas instalações da Banda Municipal Alterense, onde falaremos de Alter e da Aldraba, com a presença do Grupo Alterense de Cultura, do Grupo de Cantares Abelterium, do Rancho Folclórico As Ceifeiras, e de três artesãos locais (trabalhos em bunho, em corno e de correeiro).

Estão a ser providenciados locais de custo económico para as refeições e para o alojamento dos participantes que se desloquem de longe, sendo que o Município está a colaborar na divulgação para proporcionar participantes residentes em Alter. As visitas terão acompanhamento qualificado de técnicos locais.

Para manifestar o desejo de participação, propomos que sejam contactados  o Nuno Silveira (T: 962916005), a Círia Brito (T: 969067494//ciriabrito@sapo.pt), ou o Luís Maçarico (T: 967187654 // lmacarico@gmail.com).



segunda-feira, 19 de maio de 2014

Celeste, a mulher dos cravos de abril de 1974

A história simples da D. Celeste Caeiro foi tema de contracapa do nº 15 da revista ALDRABA, atualmente em distribuição e cuja sessão de lançamento teve lugar na Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense, no passado dia 10 de maio.

A fotografia da Celeste foi ainda, com muita satisfação nossa, a gravura da capa deste número da revista.

No verso da contracapa, publicámos também um poema da poetisa Rosa Dias, nossa associada e amiga da Celeste Caeiro, que aqui reproduzimos:


Celeste, mulher dos cravos de Abril


Tu, mulher de palmo e meio, de voz doce e olhar brilhante

Falas hoje, sem receio, dum Abril muito importante

Foste o vaso, foste a terra, onde o craveiro aflorou

E assim floriste, a guerra, a guerra que não sangrou.



Com um molho de cravos na mão, andaste na baixa à toa

Sem saberes da revolução, que se passava em Lisboa

À rua do Carmo chegaste, viste soldados armados

Mas tu, não te atrapalhaste

Deste cravos, brancos e encarnados.



Deste, um cravo de mão em mão, dum laço que se soltou

E o tropa, com emoção, na espingarda o colocou

Com este gesto, mulher, trouxeste ao país glória

Não és uma mulher qualquer

Nem qualquer entra p’rá história.



És somente portuguesa,

uma mulher entre tantas mil

Mas, só tu és, com certeza!

Mulher dos cravos de Abril.



Rosa Guerreiro Dias

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Nomes de localidades em azulejos (cont. 17)







Foi já há muitos meses que, pela última vez, a ALDRABA publicou fotografias de placas toponímicas de azulejos, colocadas pelo ACP à entrada de localidades portuguesas nas primeiras décadas do séc. XX.

Daí para cá, tivemos notícias de que ainda subsistiriam mais uma ou outra, mas não tivemos oportunidade de nos deslocarmos aos respetivos locais e de as fotografarmos.

Agora, acabámos de conhecer as duas novas placas que o blogue “Diário de Bordo”, de Teresa Oliveira, publicou, com fotografias recolhidas por Manuel Campos Vilhena.

Aqui as reproduzimos, com a devida vénia à animadora do blogue e a quem as recolheu.

Trata-se das placas da localidade de Algeraz, situada no concelho de Nelas, distrito de Viseu, e da localidade de Risca Silva, do concelho de Vila Nova de Poiares, distrito de Coimbra (a primeira vez que temos registo de uma placa ACP que resiste neste distrito!)

Com o post de hoje, a ALDRABA atinge um total divulgado de 119 placas, de 108 diferentes localidades, em 13 distritos do país.

JAF

domingo, 11 de maio de 2014

Lançamento do 15 da Revista Aldraba















Decorreu na Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense (SFUCO) o lançamento do n.º 15 da Revista Aldraba. Às palavras iniciais dos presidentes da SFUCO e da Aldraba seguiu-se a apresentação da revista feita pelo Professor Fernando Andrade Lemos que, com grande maestria e algum sentido de humor, percorreu os diversos temas que a constituem.

Foi com grande entusiasmo e viva participação que as dezenas de associados e amigos ali presentes contribuíram para o debate que se seguiu. Foram tema de animada troca de ideias  assuntos como o património, o associativismo e o teatro amador, tendo sido salientada, mais uma vez, a carolice de uns quantos que mantêm vivas e dinâmicas associações e colectidades como estas.

Bem haja a SFUCO, na pessoa do seu presidente e demais dirigentes, pela forma como nos receberam e como se entusiasmaram por este projecto que nos é tão caro – a Aldraba!

MEG (Fotos de Luís Maçarico)

quinta-feira, 8 de maio de 2014

A herança cultural segundo Vasco Graça Moura






  











Vasco Graça Moura faleceu no final do mês de abril de 2014. Apenas 6 meses antes, em novembro de 2013, publicou o interessante ensaio "A identidade cultural europeia", de que vamos respigar alguns extratos que dizem respeito às preocupações da ALDRABA:

A herança cultural é o conjunto de elementos que permitem a um determinado grupo reconhecer-se como portador de uma identidade própria e comunicar ao longo do tempo, quer no interior desse grupo quer, pela marcação de uma diferença, para fora dele.

Essa herança cultural passa por muitos e variados elementos, desde logo pela língua materna e pela família a que esta pertença, e depois pelo património material e imaterial, pelos costumes e tradições, pelos condicionamentos, adaptações e morfologias impostos pela História, pela geografia, pelo clima...

A herança cultural resulta de um longo processo de existência das sociedades implantadas no espaço e no tempo, em interacção com factores da mais variada ordem. Tem uma dimensão espiritual e antropológica, ligada a escalas de valores humanos identitários, éticos, estéticos, afectivos e outros.

Por isso mesmo, da herança cultural decorrem consequências importantes para todos os aspectos da vida política, social e económica.

Uma das obrigações mais prementes da cidadania, tal como entendemos que hoje deveria ser praticada, consiste em procurar colmatar o fosso muito acentuado que existe entre as gerações mais jovens e as componentes principais integradoras dessa herança.

Parece pois evidente que, além dos riscos que mencionarei de seguida, existe um outro, cada vez mais próximo: o da indiferença dos mais novos em relação a ela.

Com efeito, a herança cultural está constantemente em perigo, quer pela passagem do tempo, mesmo quando o seu efeito é mitigado, quer pelo efeito devastador das catástrofes, humanas ou naturais, sobre a realidade material e as instituições, quer pelas consequências mais dificilmente controláveis de fenómenos como a globalização e a generalização de certas tecnologias.

Umas e outras, podendo e devendo embora proporcionar uma dinâmica interactiva e um contacto de que as culturas normalmente beneficiam, tendem a instalar progressivamente uma dimensão redutora, banalizadora e empobrecedora das características e modalidades da vivência do património.

E, todavia, a herança cultural encontra-se sedimentada na memória colectiva e nas valências simbólicas que apresenta, testemunhando permanentemente a criatividade do espírito e a luta e afirmação do homem contra o meio adverso.

É portadora de um sentido enriquecedor da condição humana, devendo ser vista como parte de um sistema complexo e muito variado.

Esse sistema engloba, entre muitas outras realidades em permanente interacção, obras de arte, monumentos, dimensões religiosas e profanas, testemunhos literários, cénicos e musicais, valores arquitectónicos e artísticos, padrões estéticos, matrizes eruditas e populares, ideias, valores sociais, marcas e vestígios das gerações passadas e da sua luta pela emancipação e por uma vida melhor...

Vasco Graça Moura



quarta-feira, 7 de maio de 2014

A picota, um engenho do património popular

















Texto do artigo do presidente da Assembleia Geral, João Coelho, publicado no n° 15 da revista ALDRABA, que é lançada no sábado, 10 de maio próximo, na SFUCO.
Engenho tradicional muito elementar e simples, destinando-se à elevação de água dos poços e rios com reduzido desnível, sendo manejado por homens e mulheres numa agricultura familiar e de minifúndio.

A sua origem perde-se nas brumas do tempo, sabendo-se já da sua utilização na antiga Mesopotâmia, vindo depois para a Europa, com grande disseminação no nosso País, em especial no Norte e no Centro, onde adquiria, consoante a região, outras denominações, como: cegonha, picanço, bimbarra, burra-cega. A singularidade de um território pequeno mas tão imenso na sua diversidade linguística e consuetudinária.

De composição tão singela, o fabrico e montagem deste engenho era encargo do agricultor com o recurso a materiais locais e próprios, usualmente madeira de oliveira, pinheiro e eucalipto. A excepção era o balde. Apanágio de que “a necessidade aguça o engenho”, num tempo em que a dura realidade teria dado azo ao belo poema de Gedeão: “Os homens da minha aldeia/formigam raivosamente/com os pés colados ao chão./Nessa prisão permanente/cada qual é seu irmão…”. (do poema Minha Aldeia, de António Gedeão)

A picota não é mais que uma máquina simples para facilitar o trabalho do homem, sendo composta por um poste vertical (OT), enterrado no solo e encimado por uma forquilha, onde se situa o eixo (fulcro) da vara, funcionando esta como uma alavanca interfixa.

Numa das pontas desta vara é fixo o contrapeso (resistência); na outra, é pendurada a vara de mão, de formato fino e alongado, para poder ser manejada entre mãos.

Comparando a picota com a alavanca interfixa, é de referir:
O braço da resistência (OR) e da potência (OP) pouco diferem na sua dimensão, somando ambas um comprimento médio de cerca de 6 metros. As suas massas (pesos) são igualmente comparáveis, tendo o balde uma capacidade entre os 15 e 20 litros. Contudo, são notórias as vantagens funcionais deste engenho alavanca: maior comodidade de manuseamento, repartição do esforço nos sucessivos movimentos de vaivém, a possibilidade de obtenção da água.

Sendo a resistência R exercida pelo contrapeso, a potência P é a força necessária para a relação físico-matemática: R x OR = OP x P. O contrapeso tem ainda uma outra utilidade: a estabilização da vara, também conhecida por balança, quando a picota está inactiva.

O manuseamento da picota é um trabalho penoso e duro, situação comprovada pelo autor deste artigo em meados do século XX. Então, na minha aldeia, no concelho de Pedrógão Grande, homens e mulheres operavam com ela horas a fio, sem descanso, com o rosto e corpo humedecidos pelo suor. Um trabalho de força e experiência feita, não vá o balde cair ao poço, bem como o próprio manobrador, uma vez que o balde, ao tocar no plano da água, é objecto de um lanço para que se “deite” horizontalmente e se encha rapidamente, iniciando-se logo a sua elevação.

A água do balde é vertida numa pia ou cova no terreno, que, por sua vez, se liga à regueira condutora da água até às leiras da horticultura, cuja rega, denominada rega pelo pé, era assegurada por uma outra pessoa, normalmente descalça e operando com um sacho.

Hoje, com os motores movidos a energia, os tradicionais engenhos de elevar água, como a picota, a nora e outros, foram desaparecendo do imaginário bucólico dos campos. E nem se espera que retornem, apesar dos camponeses se confrontarem hoje com os elevados custos da energia e do efeito nefasto dos que minimizam, quando não ignoram, o esforço e valor dos que trabalham a terra.

Contudo, a verdade de vidas e tempos tão difíceis, as suas memórias, impõem que a picota, como os demais engenhos tradicionais de elevar a água, não sejam liminarmente esquecidos e integrem o nosso rico património popular, dado o papel insubstituível que tiveram durante séculos. Não apenas pela sua função, mas ainda por uma musicalidade tão singular: a incessante e doce chiadeira ecoando no silêncio dos campos, quando não interrompidos pelo cantarolar dos homens e mulheres que, ali, os tinham por solitários companheiros.

Serão hoje, porventura, corpos mortos, mas com vida justamente gravada na história, contrariando a mensagem da quadra popular: “Passei à história sem qualquer mágoa, / ninguém me poderá socorrer, / chegaram os motores de puxar agua / e acabei por morrer…” (do blogue: continuaravida.blogspot.com/2013/02/picotacegonha.html)

João Coelho

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Concluído o nº 15 da revista, o lançamento tem lugar no sáb.10 de maio, 17h, na SFUCO

No próximo dia 10 de maio, sábado, pelas 17h, lançaremos a revista nº 15 da nossa Associação, na Biblioteca da Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense, numa sessão dirigida pelos Presidentes das direcções da SFUCO, Joaquim Silva e da Aldraba, José Alberto Franco, e que terá como apresentador o nosso amigo Professor Fernando Andrade Lemos.

A SFUCO, coletividade popular com 124 anos de existência, tem a sua sede na Rua Alferes Santos Sasso, 1800-011 LISBOA, logo abaixo da piscina dos Olivais (à direita de quem desce, em direção a Moscavide). Para alguma dificuldade, pode-se contactar a SFUCO através do telefone 21 851 00 38.

Aqui deixamos o índice deste número da revista ALDRABA:

EDITORIAL

Continuar Abril

Maria do Céu Ramos



OPINIÃO

Vida e obra de João de Araújo Correia

Luís Filipe Maçarico



LUGARES DO PATRIMÓNIO

Museu da Ruralidade

Ana Isabel Carvalho

O fim da Casa Museu Mestre João da Silva?

Nuno Roque da Silveira

A rede de museus do distrito de Beja

Lígia Rafael



ARTES E OFÍCIOS

A picota: Um engenho do património popular

João Coelho



TEATRO POPULAR

Ildefonso Valério: O dramaturgo popular que semeava futuro

Ana Capucha e Luís Maçarico

Teatro popular nas Beiras

Jaime Gralheiro



MEMÓRIAS DO TRABALHO

Teremos todos que cavar?

Luís Ferreira



À CONVERSA COM…

“Colibri” e “Mar de Letras”: Dois editores em prol da cultura e do património

Maria Eugénia Gomes e José Alberto Franco



ALDRABA EM MOVIMENTO

Novembro de 2013 a Abril de 2014

Maria Eugénia Gomes



Na contracapa e no verso da mesma, publicamos ainda um texto e um poema da associada Rosa Dias sobre Celeste Caeiro, a senhora que em 25 de Abril de 1974 começou a distribuir cravos aos militares na baixa de Lisboa, e que é também tema de capa da revista.



No final da apresentação da revista, haverá a possibilidade de nos reunirmos à roda de alguns petiscos no bar da SFUCO, bem como numa refeição ligeira, como possível jantar de confraternização pelo 9º aniversário da fundação da ALDRABA, que se completou no dia 25 de abril último.



JAF