quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Até vais a nove…






Há poucas semanas, um óptimo programa da “Antena Um” dedicado às formas tradicionais de falar em Portugal, ocupou-se da expressão do “andar a nove” ou “ir a nove”.

Trata-se de um curioso dito, que entrou rapidamente no vocabulário popular, e que significa "andar muito depressa, atarefado, em grande azáfama". Essa expressão resulta do aparecimento dos carros eléctricos em Lisboa, há pouco mais de um século, e que depois foram lançados em algumas outras cidades do país.

Em 31 de Agosto de 1901, começou a funcionar a primeira linha de carros eléctricos em Lisboa, que se estendia do Cais do Sodré a Ribamar (Algés). Segundo um jornal da época, "a inauguração da tracção eléctrica satisfez completamente o público que, em grande número, concorreu a presenciar o importante melhoramento, a elegância luxuosa dos carros, a comodidade que oferecem aos passageiros e a rapidez da marcha".

A velocidade dos carros eléctricos era comandada pelo guarda-freio com um manípulo que marca nove pontos. O ponto nove correspondia à velocidade máxima, raramente usada nas ruas e ruelas íngremes de Lisboa.

"Andar a nove" era, portanto, uma velocidade estonteante, nunca superior a uma trintena de quilómetros por hora…

Aqui fica o registo da ALDRABA em relação a uma memória popular dos meios citadinos, que alguns colegas da blogosfera também recuperaram, e aonde, com a devida vénia, fomos buscar fotografias.

JAF

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Assembleia Municipal de Lisboa aprova um plano de salvaguarda dos azulejos da cidade






A Assembleia Municipal de Lisboa, por proposta do grupo de 6 deputados municipais independentes Cidadãos por Lisboa - CPL (http://www.cidadaosporlisboa.org/index.htm?no=604000), discutiu e veio a aprovar por unanimidade uma recomendação que visa a salvaguarda estruturada do património azulejar da capital.

No documento aprovado, considera-se que o azulejo é o elemento caracterizador por excelência da arquitectura portuguesa, assumindo-se ao longo de séculos como peça fundamental da matriz urbanística lisboeta, seja por força da sua presença enquanto elemento de decoração de fachada e de interior, pelas suas virtudes em termos de beleza, estética e luminosidade de padrões e texturas, seja enquanto excelente elemento de revestimento e conservação do próprio edificado.

Nessa linha, considera-se que o azulejo tem sido elemento central na dinamização de uma multiplicidade de artes e ofícios, actividades culturais e económicas que, conjuntamente, fazem de Portugal uma referência internacional.

Considerando que Lisboa, por força do desígnio do Marquês de Pombal em industrializar a sua manufactura em prol da reconstrução da Baixa, é onde existe o maior “catálogo” azulejar do país, contemplando painéis e revestimentos desde antes do séc. XVIII até à arquitectura moderna e à cerâmica de autor, e que esse vastíssimo património se encontra, na sua grande maioria, sem reconhecimento público da sua real valia cultural e económica, muitas vezes vandalizado e à beira de ser roubado e traficado, sem que nada nem ninguém o consiga impedir.

Entendendo, portanto, que cabe a Lisboa dar o exemplo, despoletando um verdadeiro e eficaz plano de salvaguarda, recuperação e produção de património azulejar, o qual possa servir de boas práticas para as outras autarquias e que permita ao legislador tomar finalmente atenção a este problema.

Considerando ainda que a Câmara de Lisboa não tem sabido lidar com esta problemática de uma forma eficaz, problemática essa transversal a vários departamentos e áreas, o que se comprova pelo desaparecimento do património azulejar da cidade, por roubo e vandalismo e pela destruição autorizada durante operações urbanísticas, mas também pelas débeis iniciativas desenvolvidas pela própria CML no sentido de inverter esta realidade.

E considerando, finalmente, que as diligências desenvolvidas devem ser vertidas no Plano Director Municipal em revisão, e nas práticas e nos procedimentos diários dos técnicos das Direcções Municipais cujos serviços avaliam, licenciam e acompanham os processos urbanísticos submetidos à CML.

A Assembleia Municipal de Lisboa deliberou recomendar à Câmara Municipal de Lisboa, directamente na pessoa do seu Presidente António Costa, que:

a) Assuma como tarefa prioritária o desenvolvimento urgente de um Plano de Salvaguarda do Património Azulejar de Lisboa, transversal aos vários pelouros e serviços que com ele lidam, directa ou indirectamente, consubstanciado num “Grupo de Missão” interdisciplinar e intra-camarário, que num horizonte temporal de 12 meses e apoiado numa adequada estratégia promocional multimédia, na organização de “workshops” e acções de sensibilização a vários níveis, proceda ao diagnóstico da situação, elenque uma carta de risco e desenvolva e implemente uma estratégia para corrigir o estado de coisas;

b) Garanta, a partir do envolvimento de todos os parceiros e cidadãos interessados e pelas mais variadas formas de participação, a materialização deste Plano de Salvaguarda em Regulamento a incluir no Plano Director Municipal, no qual se especifique um conjunto de regras e normas de salvaguarda para imóveis em propriedade pública e privada, respeitantes à preservação dos azulejos existentes, a intervenções sistematizadas de consolidação e restauro de azulejos ou, quando necessário, à sua remoção, recuperação e recolocação com técnicas e argamassas adequadas;

c) Garanta a efectiva implementação desse Regulamento na praxis dos diferentes serviços do Pelouro do Urbanismo que analisam, licenciam e acompanham os mais variados projectos urbanísticos, do Urbanismo Comercial à Gestão Urbanística e à Reabilitação Urbana;

d) Coordene pessoalmente um Conselho Consultivo, de que façam parte a Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, o Museu Nacional do Azulejo, o Museu da Polícia Judiciária, o Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, o Centro Nacional de Cultura, o LNEC, a Rede Temática de Azulejaria e Cerâmica João Miguel Santos Simões, a Associação Lisbonense de Proprietários, a Associação Portuguesa dos Antiquários, historiadores, investigadores e artistas plásticos, por forma a optimizar o processo participativo e a busca por soluções consensuais.

A Aldraba saúda esta iniciativa e faz votos de que haja vontade política para lhe dar seguimento.

JAF (fotos da internet)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Jantar-tertúlia no Sportivo Adicense com sessão de fados



Depois dos anteriores jantares na Casa das Beiras, na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, na Casa do Concelho de Alvaiázere, na Casa de Lafões, na Casa do Concelho de Castro Daire, no Clube de Futebol Benfica e na Juventude de Galiza, vamos agora até uma colectividade popular implantada há 94 anos no bairro de Alfama.

O Grupo Sportivo Adicense fica localizado não muito longe do Largo do Chafariz, e, entre outras, tem tradições no fado vadio de Lisboa.

Assim, no próximo sábado, dia 11 de Dezembro, pelas 19.30 horas, teremos um jantar-tertúlia nesta colectividade, seguido de espectáculo de fados.

A realização deste jantar visa também, pelo 3º ano consecutivo, proporcionar uma ocasião de confraternização aos associados e amigos da Aldraba, numa altura do ano em que as famílias e os grupos de amigos têm um particular gosto no convívio à volta de uma mesa.

O preço do jantar, por pessoa, será 12,50€, e a ementa constará de entradas, bacalhau à brás, sobremesa (doces ou fruta), vinhos, águas e sumos, e café.

As inscrições deverão ser feitas, até ao próximo dia 9/12, junto de:
- Margarida Alves, 966474189; margarida.alves@gmail.com, ou
- Maria Eugénia Gomes, 919647195; megomes2006@gmail.com

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amigos da Tapada das Necessidades de prevenção contra alterações à tutela daquele espaço de fruição popular



Durante a tarde de 1 de Dezembro, diversos moradores da freguesia dos Prazeres em Lisboa, designadamente o Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades – com quem a Aldraba tem estabelecido fraternos laços de cooperação – estiveram mobilizados na portaria da Tapada, em face da surpresa provocada com a chegada de uma empresa de segurança, que anunciou que passaria a ser ela que “vinha tomar posse disto…”

A Câmara Municipal de Lisboa celebrou, há vários anos, um protocolo com a Junta de Freguesia dos Prazeres, segundo o qual é esta última que assegura, com funcionários seus, o serviço de portaria daquele espaço. O GATN, em interacção com a autarquia de base, desenvolve um importante esforço de valorização e preservação da Tapada, de que temos dado notícia no nosso boletim, sendo pois motivo de perplexidade e preocupação que, sem qualquer conhecimento prévio da Câmara à Junta, apareça agora uma empresa privada com estas alegadas instruções.

Segurança contra a degradação dos espaços populares, sim! Prepotência e secretismo na gestão desses espaços, à revelia das populações que os estimam e lutam por eles, não!

JAF (foto LFM)