terça-feira, 30 de novembro de 2021

Sessão sobre o associativismo em tempo de pandemia, no Laranjeiro/Feijó


 

Divulgamos e subscrevemos o convite para esta iniciativa conjunta da nossa Aldraba - Associação do Espaço e Património Popular, da União de Freguesias do Laranjeiro e Feijó e do Grupo Dramático e Escolar Os Combatentes.

Todos ao Laranjeiro, no próximo sábado, dia 4 de dezembro, pelas 16 horas!

O local da sessão, na sede da ex-Junta de Freguesia do Laranjeiro, fica muito próximo da entrada do Arsenal do Alfeite ("portão verde").

JAF


segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Como foi o XL Encontro, na Cuba e na Vidigueira








Durante o fim-de-semana de 27 e 28 de novembro de 2021, a povoação alentejana da Cuba, foi a "capital" da associação Aldraba.

Aí afluíram e permaneceram 30 associados e amigos da Aldraba, vindos dos distritos de Lisboa (Alfragide, Lisboa, Loures, Moscavide, Queluz, Sintra e Venda do Pinheiro), Setúbal (Almada), Évora (Montemor-o-Novo) e Beja (Santana de Cambas e da própria Cuba).

Acolhidos de forma exemplar pelos nossos companheiros Manuela Bolinhas e Jorge Graça, que tinham tudo previsto e organizado ao pormenor, numa preparação que já vinha desde o início de 2020, e que a pandemia obrigou a adiar.

Dois dias inesquecíveis, de fruição das riquezas patrimoniais daquela região, o "país da uva" (plagiando a expressão inspirada do notável cubense Fialho de Almeida), e de caloroso convívio entre os participantes. 

Aí se incluiu uma sessão inicial no Museu F. de Almeida, orientada pela nossa amiga Francisca Bicho, seguida de um contacto com a casa do escritor que lhe está associada. À tarde do dia de sábado, veio uma visita à riquíssima Igreja Matriz, orientada pelo amigo Nuno Sota, perito em história da arte.

Ainda no sábado, fomos até uma adega onde se abriram várias talhas, com a respetiva prova do excelente vinho novo, e assistimos à sessão pública que assinalou, com a presença de cerca de 10 grupos corais do concelho, o lançamento do CD "Cuba Catedral do Cante".

O domingo de manhã foi ocupado com uma digressão às ruínas de São Cucufate, no concelho da Vidigueira (preciosos vestígios da ocupação romana e, mais tarde, da povoação cristã medieval), e com uma visita muito interessante ao centro de interpretação do vinho da talha em Vila de Frades.

À tarde, e antes das despedidas, deu ainda para conhecermos a impressionante ponte romana perto de Vila Ruiva.

Nos dois dias, a gastronomia alentejana (carne de porco com amêijoas, migas com carne de alguidar e cozido de grão) deixou também marcas indeléveis em todos nós.

JAF (fotos Mário Sousa, MEG e Fátima Castro)


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Ecos do lançamento da revista ALDRABA n.º 30



















No belo salão da biblioteca da Casa do Alentejo em Lisboa, com vinte participantes, teve lugar em 24.11.2021 a sessão de lançamento do n.º 30 da revista Aldraba.

Na mesa, os presidente e vice-presidente da direção, José Alberto Franco e Albano Ginja, respetivamente, e o apresentador convidado, o arqueólogo Xurxo Ayán, que prossegue atualmente um trabalho de investigação de 5 anos no âmbito da Universidade Nova de Lisboa (FCSH).

Depois de enquadrado o lançamento desta revista na retoma das atividades da associação Aldraba (recente Rota do Parque Mayer, próximo XL Encontro temático em Cuba, e futura sessão no Feijó sobre associativismo em tempo de pandemia), Xurxo Ayán fez uma brilhante exposição do que, para ele, a nossa revista representa de uma intervenção cívica empenhada, na senda da valorização do património popular português.

Baseando-se e sublinhando a oportunidade dos artigos agora publicados, Xurxo preocupou-se em demonstrar a validade da nossa abordagem, à qual manifestou o desejo de aderir como associado. As ricas reflexões desenvolvidas sobre os textos do n.º 30 da revista serão em breve traduzidas em colaboração escrita que este novo amigo prometeu proporcionar-vos.

JAF (fotos LFM)

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Editado o n.º 30 da revista ALDRABA - Lançamento no dia 24.11.2021, 4.ªf, às 18h, na Casa do Alentejo


 


















Está já impresso, e disponível para todos os associados e amigos da associação Aldraba, o n.º 30 da nossa revista semestral.


Plano desta edição:

EDITORIAL

A educação e o património

Maria Eugénia Gomes

OPINIÃO

O caos como desordem em tempos invernais - Subversões, entrudos e festas pagãs

Aurélio Lopes

PATRIMÓNIO IMATERIAL

Serra do Montemuro – a última rota da transumância

Albino José Poças

LUGARES DO PATRIMÓNIO

Museu Dr. Mário Bento, na Meimoa

Albano Ginja

Rostos e vozes da serra: guardiães do solo e da água

Sónia Tomé

ASSOCIATIVISMO E PATRIMÓNIO

Desporto adaptado

Albano Ginja

MEMÓRIAS DO TRABALHO

Hortas familiares

José Rodrigues

PATRIMÓNIO EDIFICADO

As obras de Santa Engrácia

Ana Isabel Veiga

DESABAFOS

A apanha da azeitona no cerro da Margarida

Lídia Silvestre

Pequena canção para o nome de Marta

José do Carmo Francisco

VULTOS A ADMIRAR

Futebol de antanho e futebol hodierno

Nuno Roque da Silveira

CRÍTICA DE LIVROS


Alcanena – da serra ao rio


José Alberto Franco

ALDRABA EM MOVIMENTO

Maio a Outubro de 2021

Maria Eugénia Gomes

ESPAÇO DOS ASSOCIADOS

Augusto Cortes


Eduardo Olímpio: O poeta que semeou mais luz dentro da luz

Luís Filipe Maçarico

A pintura de Mena Brito

Luís Filipe Maçarico

Cantadeiras de Essência Alentejana: Vozes que desafiam o futuro

Luís Filipe Maçarico

Sobre a Luz e o Escuro: Valdanta – Chaves [2]

Rodrigo Dias

Aguarela

Eduardo Olímpio



Como fazíamos antes da pandemia (e fomos forçados a suspendê-lo), iremos ter uma sessão presencial de lançamento da revista no próximo dia 24 de novembro de 2021, 4ª feira, pelas 18 horas, na biblioteca da Casa do Alentejo, na Rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa.

Vai dar-nos a honra de apresentar este n.º 30 da revista o arqueólogo Xurxo Ayán, distinto investigador galego que está temporariamente em Portugal, no âmbito de um projeto que decorre na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.

Esta sessão promete ter grande interesse, e recomendamos pois a todos a vossa presença e que a divulguem aos vossos amigos e familiares.

JAF  

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A Ti Mari'Estrudes


 








A rua da minha avó era diferente de todas as ruas da aldeia.

Todas as ruas tinham pedras e terra batida e não sonhavam sequer com o luto do alcatrão que o futuro haveria de trazer. Todas tinham casas baixinhas, com paredes de taipa rugosa, caiadas de cal em todas as primaveras, como se quisessem fazer inveja às flores brancas das estevas. Todas tinham chaminés a deitar fumo todo o ano porque a comida, saída das mãos que amanhavam a terra, cozinhava-se na lareira, dentro das panelas feitas do barro, também ele arrancado à terra. Todas cheiravam ao pão acabado de cozer e ao calor das azinheiras em brasa. Todas tinham casas com as portas e os postigos abertos para quem quisesse entrar e dizer bom dia. Todas tinham o céu estrelado ou a luz coada do luar para acender a escuridão da noite. Todas tinham o mesmo canto dos pardais, o mesmo ladrar dos cães, o mesmo cantar dos galos. Todas tinham as vozes dos homens que vinham da lavoura quando o sol se punha nos montes. Todas tinham os risos felizes das crianças a brincar com a terra…

A rua da minha avó só era diferente porque era a rua da minha avó.

A rua começava estreita, mas em frente de casa havia um pequeno largo com uma cerca plantada de oliveiras, rodeada de um muro de pedra onde viviam lagartixas amantes do sol e de correrias velozes.

Mais abaixo, a rua estreitava novamente numa casa que parecia querer dobrar-se sobre si para se abraçar. Nessa curva branca da casa, nesse abraço, nasceu um poial onde se encostavam as mulheres e para onde eu saltava quando queria parecer mais crescida do que elas. Era a casa de uma mulher baixinha e velha, que era casada com o coveiro da aldeia. Tinha o nome de Maria Gertrudes mas toda a gente lhe chamava “Ti Mari Estrudes”.

A “Ti Mari Estrudes” nunca tinha saído da aldeia. Por isso ficava sempre admirada com as novidades que eu levava quando ia de férias para a casa da avó. Um dia, estava ela a falar com a minha avó e mais algumas vizinhas da rua, quando eu apareci, numa correria, vinda de dentro de casa.

-Avó, avó, vou lanchar para casa da madrinha Natércia e levo o lanche num saco de plástico.

A “Ti Mari Estrudes” olhou para mim, depois para aquele objecto estranho que eu tinha na mão e que envolvia duas fatias de pão coladas com um belo pedaço de marmelada, e comentou:

-Tenho ouvido tanto falar em “plasco”, em “plasco”… Isso é alguma coisa que “mercam” para comer?

Eu achava graça a estes comentários e às histórias que a minha mãe contava sobre ela. A “Ti Mari Estrudes” não sabia ler nem escrever, como muitas das mulheres da aldeia, e era a minha mãe quem lhe escrevia as cartas para uma filha que vivia longe, a trabalhar em casa de um juiz, homem muito importante, como se orgulhava de contar. Sentava-se junto da minha mãe, olhos cravados no papel e ditava o princípio da carta: “Prante aí que espero que estejam todos bem de saúde, que nós cá vamos bem, graças a Deus… Prante aí que o meu Zé tem andado “bem bom”, que a Maria também está “bem boa” e que eu sou a que está pior das “cadeiras”. Depois de mais umas informações sobre o estado do tempo, das colheitas da horta ou da saúde dos animais, a minha mãe compunha a carta que depois lia a uma “Ti Mari Estrudes” maravilhada com o segredo posto a descoberto daqueles desenhos pequenos e certinhos, que a mão da minha mãe fizera, com a sua letra bonita, na folha branca de papel.

Mas o que realmente eu admirava na “Ti Mari Estrudes” era o facto de ela partilhar a casa com o marido e com um burro. Como eu gostava de ficar na rua, em frente à sua porta, à espera que chegasse o sol-posto! Findo o dia de trabalho, entravam todos em casa. Primeiro o burro, depois os donos. Aquilo era uma coisa que me deixava boquiaberta. A casa tinha uma sala à entrada com dois degraus ao fundo, degraus que o burro subia sem qualquer hesitação, para depois entrar no seu quarto, uma divisão que ficava ao lado da cozinha. Aí dormia até ao raiar do dia seguinte, partilhando o mesmo tecto, respirando o mesmo ar, numa cama feita de palha, quentinho e aconchegado, como se de um filho se tratasse.

E eu tinha a certeza absoluta que era por isso que o burro da “Ti Mari Estrudes” tinha o olhar mais meigo e doce de todos os burros da aldeia.

Natércia Duarte, in Facebook, 12/11/2021


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

III Encontro de Cultura Popular do Ribatejo, V.N.Barquinha, 20nov2021


 







Vai realizar-se no próximo dia 20 de novembro de 2021, no Auditório da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, este interessante evento, para o qual desafiamos os amigos da “Aldraba” a colaborarem na sua divulgação, bem como a comparecerem e participarem nos seus trabalhos.

Tal como aconteceu no II Encontro, em 2019, a associação Aldraba estará presente e contará com associados seus entre os oradores. Do conteúdo deste Encontro reproduzimos de seguida o texto de apresentação divulgado pela organização:


O Ribatejo – território, gentes e cultura – é uma região (não administrativa) marcada pela sua diversidade. De identidade fluida e plural, é, apesar de tudo, uma região que reconhece o seu nome e tem de si uma imagem, que foi trabalhada pelo tempo e pela política, pelo comércio e pelas andanças. Conhecer e recriar essa identidade é uma tarefa de todos os tempos.

O Fórum Ribatejo pensa que o Ribatejo continua a fazer sentido, embora a Administração não lhe reconheça a unidade e a forma. Por isso tem vindo a desenvolver um conjunto de ações com vista a aprofundar o conhecimento e mesmo a investigação sobre quem somos e como somos.

Entre essas ações, merece hoje particular atenção o III Encontro da Cultura Popular do Ribatejo. Também a cultura é como o chão em que se enraíza: constituída de camadas. E não é novidade que o sistema económico instalado não reconhece grande interesse à cultura popular e às suas personagens, salvo como produtos às vezes comercializáveis no âmbito do turismo.

E, no entanto, não há Cultura sem cultura popular, não há povo que viva sem uma cultura que dê forma a essa vida. Assim foi sempre, assim é hoje.

Olhar com interesse e rigor para essa cultura popular é o principal objetivo deste projeto – do Fórum Ribatejo em parceria com a Câmara Municipal da Barquinha. À semelhança das edições anteriores, prevê-se que o Encontro que agora se prepara, apesar da pandemia ainda em curso, venha a reunir um conjunto diverso de pessoas dedicadas justamente à cultura popular do Ribatejo.

Este III Encontro da Cultura Popular do Ribatejo tem como tema a Literatura Oral, nas suas mais diversas formas:

– Lengalengas, provérbios, ditos, adivinhas e pregões

– Contos, estórias, romances, lendas e teatros populares

– Poesia, cantigas e cânticos tradicionais sagrados e profanos

– Orações, ensalmos, enguiços e encomendações

Pelo tema, e à semelhança das edições anteriores, o III Encontro dirige-se a uma pluralidade de interessados pelo Ribatejo e pela nossa cultura. É por isso, fazendo jus ao nome, um bom lugar de Encontro.

Contactos

Mail de registo de candidatura e de presença:     gabriela.rodrigues@cm-vnbarquinha.pt

Telefones de contacto e prestações de esclarecimento: 249720358 // 927410436 // 966765309