domingo, 20 de fevereiro de 2011

Lisboa capital do insólito


Publicado em Dezembro de 2010, o livro Lisboa capital do insólito, da autoria de Pedro Preto e Nuno Pereira, foi objecto de recente sessão de lançamento na livraria Círculo das Letras com uma brilhante apresentação a cargo de Carlos Consiglieri, grande amante e conhecedor de Lisboa e associado da Aldraba.
Trata-se de uma publicação de grande qualidade e saudável irreverência, em que os autores associaram a cada uma das 265 fotografias legendas explicativas que reproduzem provérbios e expressões populares.
De acordo com a opinião dos autores "... corremos Ceca e Meca, deixando que a cidade se revelasse diante dos nossos olhos, como quem segreda revelações envergonhadas..."
MEG

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nuno Teotónio Pereira, Aurora Rodrigues: dois testemunhos, duas memórias









Na passada semana (4ª feira, 2 de Fevereiro, e sábado, 5 de Fevereiro), realizaram-se sessões públicas em que estes cidadãos, de percursos e gerações bem diferentes, foram homenageados e em que foram lembradas as suas ricas experiências de vida. Em ambos os casos, centenas de participantes vibraram com esses testemunhos e partilharam memórias que são estímulos para o futuro e não um saudosismo vazio.
* * *
Aurora Rodrigues, hoje de 58 anos de idade e magistrada do Ministério Público, lançou no dia 2 o seu livro “Gente comum – uma história na PIDE”, que descreve o tempo dos finais do Estado Novo em que, sendo estudante de Direito e militante de extrema-esquerda, foi presa e torturada barbaramente pela PIDE (espancamentos e dois períodos de tortura do sono, de 16 e 4 dias).
A Aurora era uma jovem frágil, nascida numa aldeia do Baixo Alentejo e filha de pais humildes, que aderiu e lutou pelos ideais do fim da ditadura e da guerra colonial, tendo conseguido resistir aos tratamentos brutais da polícia, mantendo-se sem colaborar com ela e fiel aos segredos da sua organização.
A sessão em causa realizou-se num local simbólico, o auditório da Prisão de Caxias, onde a Aurora tinha sido presa e torturada em 1973. Na mesa que presidiu aos trabalhos, estavam a actual directora da cadeia, Hermínia Pacheco, e os professores universitários Paula Godinho, Miguel Cardina e Fernando Rosas, que apresentaram interessantíssimas exposições sobre o contexto social e político da luta da juventude estudantil contra o regime fascista e contra o colonialismo.
* * *
Nuno Teotónio Pereira, arquitecto já de idade avançada (89 anos) e saúde muito debilitada, esteve no salão da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, em sessão subordinada à memória das cooperativas culturais Pragma e Confronto nos últimos anos da ditadura fascista.
O Nuno foi fundador e promotor dessas iniciativas, nascidas no quadro do chamado catolicismo progressista dos anos 1960’s, e que desempenharam (respectivamente em Lisboa e no Porto) um importante papel de consciencialização dos meios urbanos para a reivindicação pela liberdade e pela democracia.
O Nuno Teotónio era oriundo de uma família abastada, muito ligada ao Estado Novo, e constitui um exemplo brilhante de ruptura individual com o contexto onde fora nascido e criado, por via da compreensão do sofrimento e da opressão a que o nosso povo estava submetido.
Profissional respeitado e com assinalável obra construída, nunca hesitou em emprestar as suas energias às movimentações pela democracia e contra a guerra, tendo acabado por ser preso pela PIDE durante meses, estando detido em Caxias aquando do 25 de Abril de 1974.
A sessão de homenagem, no dia 5 de Fevereiro, contou com intervenções calorosas de uma mesa com a professora Joana Lopes, o dr. Jorge Sampaio, e os activistas da Confronto Mário Brochado Coelho e Júlio Pereira, tendo terminado com um emocionante testemunho do próprio Nuno Teotónio, apelando ao empenho das novas gerações na transformação da sociedade.
* * *
O nosso respeito e a nossa gratidão pelos testemunhos de vida da Aurora e do Nuno.

JAF (texto e fotos)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Os nomes das localidades em azulejos (cont.3)















Logo a seguir ao post que aqui publicámos em Janeiro, em que demos a conhecer a fotografia que um amigo captou e nos mandou, com a placa em azulejos de Figueira de Castelo Rodrigo, uma outra amiga da Aldraba sentiu-se estimulada com o desafio, tendo registado e tendo-nos disponibilizado a foto de uma placa que sobrevive no Monte da Caparica, implantada, aliás, em parede que é hoje de cor bastante berrante…

Muito obrigado, pois, à Maria do Céu Ramos, por este curioso registo do distrito de Setúbal.

Pouco a pouco, vamos assim contribuindo para esta saga da recuperação de um interessante património dos princípios do século XX.

Apeteceu-nos então voltar a procurar na blogosfera mais fotos de placas toponímicas em azulejos, que outros entusiastas têm publicado nos últimos meses, e que nos propomos aqui reproduzir, com a devida vénia a esses nossos companheiros de aventura.
No “Diário de Bordo”, de Maria Teresa Oliveira, e em sucessivos posts, encontrámos agora belas fotografias de placas de Alapraia, Alcabideche, Areia, Cabo Raso, Colares, Galiza, S.Pedro de Sintra e Vilar (distr.Lisboa), e Barbacena (distr.Évora).
Em “www.panoramio.com”, fomos encontrar uma foto da placa que assinala Santa Bárbara de Nexe, no distrito de Faro.
Por seu turno, o blogue “Vila do Ferro” regista a placa dessa localidade do distrito de Castelo Branco, e publica na oportunidade um interessante texto sobre esta temática.
Por último, a já referida M.T.Oliveira reproduz - e nós fazemos o mesmo…- quatro registos fotográficos da sua amiga Susana Rodrigues: Barcarena, Sintra e Tercena (distr.Lisboa), e Vendinha (distr.Évora).

Curiosidade: as placas que reproduzimos de Sintra e S.Pedro de Sintra testemunham a antiga grafia “Cintra”, e a de Tercena dá conta do nome “Torcena”, que foi usado até 1930.

JAF