Em 17 Setembro, dia de sol e noite vestida de estrelas, aconteceu uma Descamisada no Mosteiro, uma iniciativa da associação local, para reviver uma importante actividade económica da agricultura de subsistência, hoje quase desaparecida.
A meio da tarde, o burrico e a sua carroça saíram do largo da associação, rumo à terra do milho. Seguiam-no um grupo de camponesas, “ricamente” trajadas a rigor – pudera, até tinham fotógrafo! –, de cesta à cabeça e cantarolando, cantarolando.
Os homens, esses, teriam ficado a varrer a eira…?!
Chegados à terra de milho, as maçarocas foram apanhadas num ápice e num ambiente de esfusiante alegria, apanágio dos que sabem que estão colhendo o que semearam.
O burrico, depois de carregado regressou ao terreiro onde as maçarocas foram descarregadas.
Ao nascer da noite, os candeeiros a petróleo foram dependurados em oliveiras e a descamisada foi iniciada, com os vizinhos, num espírito comunitário, a surgirem do beco da capela com os seus candeeiros. Um deles até trazia um mangual para, logo ali, “malhar” o milho; sem que as maçarocas bebessem, na eira, o sol necessário, já sem capas. Mas, afinal, tratava-se de um “citadino” com aquela pressa de ultrapassar a sazonalidade das colheitas!
Acabada a descamisada, veio a folia com a presença de mais de meia centena de pessoas, entre elas o Presidente da Câmara de Pedrógão Grande. Comeu-se figos recheados com amêndoa, bolos, pastéis; bebericou-se jeropiga, vinho doce, … E o tradicional baile aconteceu, no mesmo terreiro, com o acordeão do amigo Marcelo, vindo da freguesia de Alvares, a ditar boa música.
Como uma simples descamisada acabou transformada numa bela iniciativa cultural, porque as pessoas, participando e intervindo, assim o quiseram.
Uma louvável iniciativa da Associação de Melhoramentos de Mosteiro.
João Coelho