sábado, 25 de abril de 2015

Em ABRIL, com o POVO PORTUGUÊS e a sua CULTURA

Neste dia em que se assinala o 41º aniversário do 25 de abril de 1974, quando em Portugal abrimos as portas de um país novo, a ALDRABA comemora também o seu 10º aniversário.

Antes de 1974, como já o afirmámos na revista nº 15, "o associativismo ligado ao património era incipiente e apenas coisa de eruditos". Mesmo depois de abril de 1974, algumas iniciativas nesta área ainda visavam apenas a mera defesa ou preservação de tradições, sem um real esforço de mobilização da populações para valorizarem a sua identidade.

Em 25 de abril de 2005, a ALDRABA iniciou uma nova experiência, propondo-se proceder à abordagem integrada de objetos, práticas, factos e vivências, privilegiando a valorização dos testemunhos humanos e recorrendo às disciplinas científicas adequadas.

Têm sido dez anos de trabalho persistente, apesar de sereno e discreto, de que nos orgulhamos, e que alguns amigos, consultados a propósito dos nossos 10 anos, valorizam de forma muito gratificante.

António Monteiro Cardoso, historiador, afirma que "o principal aspecto a realçar na vida longa da Aldraba é a sua fidelidade ao modelo, que decorre do seu próprio nome. A revista, tal como a peça de ferro que lhe dá o nome, serve para bater às portas, para alertar umas vezes de mansinho, outras com força, sobre o que se vai passando e nós olhamos e não vemos... Um outro aspecto que quero realçar é o modo como a revista dá a conhecer atividades, pessoas, lugares pouco ou nada conhecidos, sem cair no erro de as folclorizar, no mau sentido".

Fernando Duarte, geógrafo, sustenta que "a Aldraba sempre teve uma matriz original, em valores que se colocam mais à esquerda, mas que são universais, plenamente humanos. Também isso definiu, de alguma forma, o que se foi fazendo. Foi possível definir, por vezes com discussões acaloradas, alguns conceitos, filtros, percursos, questões que a priori não seriam da esfera do pequeno património, ou do imaterial, mas que foram “repuxados” e que hoje é possível pensar, contextualizar e estudar".

Apio Sotomayor, olisipógrafo, é de opinião que "num tempo em que tudo parece convidar a que se meta cada um no seu cantinho, vivendo melancolicamente o seu dia-a-dia, cansado muitas vezes das mediocridades e das pantominas que constantemente lhe surgem pela frente, torna-se quase valentia empunhar um facho – modesto que seja – e desafiar alguém para levar a cabo um projecto comum. O associativismo, viçoso nalgumas eras passadas, vive uma agonia longa. Desde as simples agremiações de bairro até aos grupos que pretendem promover o conhecimento mais profundo de uma certa realidade, quase todas as colectividades se encontram em plena letargia, lamentando sócios que se afastam, novas caras que não aparecem, quotas que ficam por liquidar, possíveis antevisões de um fechar de portas... Mas, em todo o pântano podem nascer nenúfares. E é por isso que vão subsistindo (e persistindo) associações que, sem se alardearem como corifeus da cultura e da arte, vão levando a cabo as missões que a si próprias se propuseram. A Aldraba estará neste caso. Tendo tomado consciência da importância do património cultural do País que somos, vai mostrando caminhos – com encontros, com visitas, com debates. Devagarinho, vai agitando, vai perguntando, vai despertando o amor que cada um deve ter por aquilo que é seu".

Por último, a antropóloga Paula Godinho considera que "durante estes dez anos, além de um reconhecimento do país - partilhado, festivo, com o prazer da comensalidade sempre associado -, a Aldraba trouxe textos de grande interesse. A nível histórico, arqueológico, etnográfico, literário, a revista publicou novidades e divulgou trabalhos, que nos permitiram reconhecer melhor o campo que pisamos". E termina desejando, como todos nós:

LONGA VIDA À ALDRABA!

JAF (fotografia de “O BOM POVO PORTUGUÊS”, de Rui Simões)




 


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Um sonho que já leva 10 anos...

Editorial do nº 17 da revista ALDRABA, que se encontra no prelo:

Em finais de 2004, princípios de 2005, uma vintena de homens e mulheres reuniram-se, primeiro em Montemor-o-Novo e depois em Viana do Alentejo, desejosos de conhecer e valorizar o património popular.

Património tão maltratado, num território e com uma população com um passado e uma experiência muito ricas, mas com atitudes de desconhecimento, facilitismo e, até, vergonha das raízes, que apagam a memória e prejudicam a identidade.

Decidiu essa vintena de cidadãos aprender com os outros, apreciar e contactar regiões e costumes diversos, realizar encontros com habitantes, coletividades e autarquias, sem esquecer o passado mas participando na construção do futuro.

Em 25 de abril de 2005, no Ateneu Comercial de Lisboa, reuniu a Assembleia Constituinte que, com oitenta aderentes, deliberou a criação da ALDRABA – Associação do Espaço e Património Popular, com as preocupações que vinham sendo identificadas.

As perspetivas eram as que decorriam do Manifesto aí adotado, e as formas de organização foram as constantes dos Estatutos aprovados, consagrando que a ALDRABA tinha como objetivo ser um ponto de encontro e de comunicação para a preservação e divulgação do património popular nos espaços onde ele se encontra, através da pesquisa, recolha e tratamento das memórias dos sítios, das pessoas, dos grupos e das coletividades.

Para o efeito, a ALDRABA propôs-se proceder à abordagem integrada de objetos, práticas, factos e vivências, privilegiando a valorização dos testemunhos humanos e recorrendo às adequadas disciplinas científicas.

Tivemos, na altura, que nos demarcar de experiências menos positivas que tinham sido vividas por alguns dos impulsionadores da associação, designadamente quando se apelava a todos os que não têm compromissos duvidosos com ninguém, que não precisam de retratos, artigos ou aplausos comprados.

Apelámos em 2005 à criação de algo novo, com todos aqueles que têm coragem de dar a cara, de discordar, de dizer não, de lutar.

E avançámos, faz agora precisamente dez anos…

Valeu a pena? Seguramente que sim!

Ao longo de uma década, a Aldraba já promoveu encontros temáticos em 26 localidades dos 9 distritos que vão de Castelo Branco a Faro, realizou 18 jantares-tertúlia em casas regionais e coletividades desses distritos e também da Beira Alta, de Trás-os-Montes, da Galiza e de Angola, levou a efeito 5 rotas pedestres em percursos patrimoniais em Lisboa, e publicou dezasseis números da revista que têm abordado uma grande diversidade temática sobre o património identitário.

Interagimos com 70 associações e coletividades populares e com mais de meia centena de municípios e freguesias.

Encontrámos sempre nos nossos parceiros grande disponibilidade, interesse e até empenho na partilha de experiências e atividades. Percebemos quão importante é desenvolver-se a autoestima das populações, e valorizarem-se as particularidades de cada cultura local.

E tudo isto com um número reduzido de associados, em que os novos aderentes vão de alguma forma compensando os que já não estão presentes.

Atualmente, dos 15 elementos eleitos em fevereiro último para os corpos sociais da Aldraba, apenas seis são fundadores, sendo que os outros nove se foram inscrevendo ao longo das atividades desenvolvidas.

É determinação firme de todos nós levarmos por diante esta pequena associação que não pede licença para existir!

José Alberto Franco

domingo, 19 de abril de 2015

10º aniversário da ALDRABA - Jantar comemorativo no Restaurante Bonjardim, 25.abr.2015, 19.30h

No próximo sábado, dia 25 de abril de 2015, a Associação ALDRABA assinala 10 ANOS sobre a assembleia constituinte que, no Ateneu Comercial de Lisboa, formalizou a sua criação, aprovou o Manifesto e os Estatutos, elegeu os órgãos sociais para o mandato 2005/2006, e aprovou o primeiro programa de atividades.

25 de abril de 2005, além de constituir mais um aniversário da data em que Portugal comemora o "dia inicial inteiro e limpo / onde emergimos da noite e do silêncio / e livres habitamos a substância do tempo" (Sophia MBA), foi também o dia luminoso em que 80 cidadãos decidiram iniciar uma experiência associativa inovadora, em prol do património popular.

10 anos depois, animados com os resultados atingidos, ainda que apreensivos com as dificuldades encontradas, a ALDRABA manifesta-se disposta a continuar o seu combate! 

E vamos comemorar este aniversário, com um jantar de confraternização no mesmo local aonde nos dirigimos em 25.4.2005 após a Assembleia Constituinte: o Restaurante Bonjardim, na Trav. Santo Antão, 11 (1º andar) (próximo do Coliseu dos Recreios), com uma sala reservada para o nosso encontro.

Apelamos a todos os nossos associados, familiares e amigos a que compareçam. Para organizarmos o evento, pede-se que nos transmitam a intenção de estarem presentes ao presidente da direção José Alberto Franco (jaffranco@gmail.com ou TM 963708481) ou à vice-presidente Maria do Céu Ramos (ceuazevedo@hotmail.com  ou TM 965307898).

A Direção da ALDRABA 



domingo, 12 de abril de 2015

Nomes de localidades em azulejos (cont. 23)

 
Retomamos a publicação de registos fotográficos das placas de azulejos que o ACP colocou à entrada das localidades a partir dos anos 1920's.

O amigo e novo associado da ALDRABA Fernando Silva, a quem dirigimos uma grande saudação, fotografou e enviou-nos duas belas placas, que aqui reproduzimos com o maior gosto.

Macedo de Cavaleiros é sede de concelho, no distrito de Bragança. Vilar de Mouros é uma localidade do concelho de Caminha, no distrito de Viana do Castelo. São as primeiras placas localizadas nestes dois distritos.

Com o post de hoje, perfazemos um total de 139 placas diferentes já publicadas, de 123 localidades em 15 distritos do país.

JAF