quarta-feira, 20 de abril de 2011

Até sempre, Manel Sobral Bastos




O Manuel Themudo Sobral Bastos fica connosco como o nosso grande amigo, o homem de moral irrepreensível, o associativista dedicado, o marido, pai e avô carinhoso, o ex-militar íntegro e corajoso, o antifascista discreto e seguro, numa palavra, um nosso CAMARADA por inteiro!

Esteve antes com muitos de nós em outras experiências cívicas e culturais deste Portugal de Abril.

Participou desde a primeira hora no projecto de que em 2005 viria a nascer a associação Aldraba, foi na sua casa e da Maria Amélia que reuniu a maior parte das vezes a Comissão Organizadora. Em todos os momentos, o Manel conferiu ao grupo a serenidade, a vontade, o afecto, o desejo de criar que nos deram ânimo e permitiram que a obra começasse a resultar.

O Manel deu-nos sempre o exemplo de como os actos simples valem mais do que as palavras sonantes ou grandiloquentes, ao pé dele todos nos sentimos sempre mais inteiros e partilhando com ele uma grande paz interior.

Há umas décadas atrás, o oficial prestigiado e competente da Força Aérea que ele era juntou-se aos seus companheiros de armas colocados na Guiné-Bissau para integrar a comissão local do MFA, que promoveu e facilitou a transferência do poder para os representantes do povo daquela colónia.

Mais tarde, regressado a Portugal, a instituição militar foi-lhe madrasta. A mesquinhez e a baixeza dos despeitados viriam a impedi-lo de progredir na carreira que ele tanto amava.

Sem azedume, e com a certeza de não ter nada de que se arrepender, o Manel abraçou profissões da sociedade civil, e dedicou-se com a sua companheira de sempre a estudar sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde chegaram a animar unidades de reflexão académica.

Na associação Aldraba, e desde o início, o Manel Sobral Bastos desempenhou os lugares dos órgãos sociais que as suas forças lhe permitiam, e era vice-presidente da Assembleia Geral no mandato 2009/2011. O seu interesse, as suas palavras de ânimo, foram até agora um lenitivo para todos nós.

Mas a doença, traiçoeira, foi ganhando terreno nestes últimos meses, e a resistência física (não a outra!) acabou por ceder. As mãos dele que apertámos nestes dias, e o retorno de confiança que tivemos dos seus olhos, ficam como testemunho de um grande homem no meio de nós!

Um grande abraço de todos os amigos da Aldraba para a Maria Amélia, para o Miguel e para o Frederico.

Até sempre, Manel.

JAF

domingo, 17 de abril de 2011

Balanço de 3 fins-de-semana em actividade intensa (III)














2ª Rota da Aldraba “Do Castelo à Mouraria” (10Abr2011)

Grande comunicador e amante de Lisboa, Carlos Consiglieri conduziu-nos pelas ruas e becos de Lisboa numa descida rica de saber e de detalhes, desde o Castelo até à Mouraria.

Nomes de ruas e a sua história, jardins suspensos e latadas, quintais e árvores mediterrânicas aqui deixadas por árabes, azulejos e calçadas, palácios em ruínas ou magistralmente recuperados, muralhas, torres e torreões, janelas, portas, casas com histórias e as histórias das casas, tudo nos sendo mostrado ao longo de uma manhã magnífica, com o sol a dar à cidade aquela luz única que tanto nos encanta!

Possuidor de uma vasta cultura, foi com enorme prazer que o acompanhámos nas referências que nos foi deixando ao longo das cerca de três horas de percurso.

Obrigado Carlos Consiglieri!

MEG, com fotografias de JAF e MEG

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Balanço de 3 fins-de-semana em actividade intensa (II)








XVIII Encontro "Os falares alentejanos, a vida e a luta" (Castro Verde, 2/3Abril2011)

Se as expectativas eram grandes à partida, elas foram largamente excedidas durante todo o encontro, segundo a opinião de participantes e anfitriões. Desde o seu início, este encontro foi marcado pela excelência!

Acompanhados pelo Ricardo, que com o seu saber e entusiasmo tanto enriqueceu a visita, conhecemos a Basílica Real, templo imponente que sobressai do casario baixo da vila, com o altar-mor revestido a talha dourada e as paredes cobertas de ricos painéis de azulejos do século XVIII, que retratam cenas da lendária Batalha de Ourique.

O Museu da Lucerna, cuja visita iniciou as actividades da tarde, abriu as suas portas em Abril de 2004 e reúne um extraordinário espólio de lucernas (luzes alimentadas a azeite) da época romana, descobertas em Santa Bárbara dos Padrões. Trata-se de um conjunto de peças dedicadas ao culto e à divindade, reunidas num dos maiores acervos conhecidos na Península Ibérica.

Ave em risco de extinção, cortiçol é em Castro Verde nome de Cooperativa de Informação e Cultura. Responsável por importante área de dinamização cultural do concelho, para além de ter a seu cargo o Museu da Lucerna, é proprietária da Rádio Castrense, desenvolve actividades na área da defesa e preservação do património ambiental, etnográfico e arqueológico, e ainda acolhe os Grupos Corais "As Camponesas" e "Os Carapinhas". De tudo isto nos foi dando conta o seu Presidente, António José Brito, em animada conversa enquanto percorríamos as instalações da Cooperativa.

A maestria, o entusiasmo e a capacidade de comunicar foram os temperos com que três grandes senhoras nos brindaram com o seu saber sobre o falar e os falares do Alentejo. Manuela Florêncio, Manuela Barros e Alice Fernandes, à mistura com a irreverência bem-disposta e sagaz do Miguel Rego, que moderou o debate, explicaram-nos os quês e os porquês de falar “assim ou assado”. Um fim de tarde que ameaçava eternizar-se, não fossem os apelos do saboroso borrego guisado que nos esperava ao jantar.

No domingo, logo pela manhã, vimos um filme em que nos foram apresentados todos os vectores de cultura e desenvolvimento que tornam Castro Verde uma terra de progresso e das poucas, senão a única do interior do país, em que tem ocorrido aumento de população nos últimos anos. Em seguida, rumámos a São Marcos da Atabueira, não sem antes pararmos na Ermida de Nossa Senhora de Aracelis, local de antigas peregrinações e de onde se desfruta uma deslumbrante paisagem natural.

No Centro Cultural de S. Marcos da Atabueira decorreu a sessão evocativa da figura do grande anarquista António Gonçalves Correia, natural da localidade, com uma intervenção do seu biógrafo Alberto Cardoso Franco, seguida de animação musical com o Grupo Coral Feminino “As Atabuas”. Caixeiro-viajante, profissão que lhe permitia percorrer todo o sul do país, Gonçalves Correia fundou a Comuna da Luz no Concelho de Odemira em 1917(e a Comuna Clarão, em 1926 em Albarraque – Sintra), e, inspirando-se nas palavras do poeta Guerra Junqueiro “há mais luz nas 24 letras do alfabeto do que em todas as constelações do firmamento”, sonhava provar, através de uma experiência inovadora, que era possível substituir pacificamente o Estado burguês por uma organização social mais justa.

Uma palavra especial em relação à presença constante do Vereador Paulo Nascimento que muito contribuiu para que este fim-de-semana ficasse na nossa memória e ficasse também muita vontade de voltar a Castro Verde!


MEG, fotografias de JAF e MEG

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Balanço de 3 fins-de-semana em actividade intensa (I)




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Na senda do que se propôs fazer e dando cumprimento aos seus objectivos programáticos, a Aldraba tem continuado a desenvolver a sua actividade repartindo-se por diversas e distintas frentes no conhecimento, na divulgação e na defesa do património popular.

Das três últimas iniciativas levadas a efeito nos últimos fins-de-semana, salientamos:

9º Jantar tertúlia na Sociedade Musical Ordem e Progresso (26Março2011)

Para além de privilegiar as relações com colectividades e/ou associações de base popular, como sempre aconteceu, e de reconhecer a importância do associativismo no desenvolvimento e coesão das comunidades, neste caso particular salientamos a grande satisfação por estarmos perante um conjunto de jovens cheios de força e que “arregaçando as mangas” tudo estão a fazer para que a SMOP não feche as portas.

Obrigada pelo serão que nos proporcionaram. Poderão contar sempre com o nosso apoio!

MEG, com fotografias de Francisco Martins

segunda-feira, 4 de abril de 2011

2ª Rota da Aldraba - do Castelo à Mouraria


Vamos realizar a 2ª Rota da Aldraba “Do Castelo à Mouraria”, dando continuidade aos percursos pela cidade de Lisboa, em busca de referências que sobressaem seja pela sua relevância, seja pelo exemplo que são da preservação (ou não) do património da cidade.

O convite fica feito para o próximo dia 10 de Abril de 2011 (domingo), com concentração às 10.30 horas na Rua do Chão da Feira, junto ao Arco de entrada do Castelo de S. Jorge, de onde desceremos até à Mouraria.

Em apoio ao percurso, contamos com o acompanhamento e a intervenção do olisipógrafo e nosso associado Dr. Carlos Consiglieri.