Em apoio à visita que a associação ALDRABA vai fazer no próximo sábado, 20.1.2018, à exposição "Um homem chamado Romeu Correia", no Museu da Cidade de Almada (Cova da Piedade), recuperámos um texto escolar elaborado em 2009 por uma aluna do ensino secundário de Lamego, que resume uma das peças emblemáticas de Romeu Correia, antecedido desta explicação: "Eu escolhi este livro
por causa do título, sobretudo por causa da palavra "vagabundo". Antes de o ler, fiz uma pequena pesquisa e constatei que a peça apresenta a
história de um homem que anda, de feira em feira, a mostrar as suas peças de
teatro. As mãos de ouro são as suas, pois é ele que faz os seus próprios
fantoches. Por esta razão, achei a peça interessante para a apresentar à turma. Contudo, não foi só por causa do título, mas também porque não conhecia este
autor, Romeu Correia, e fiquei interessada em conhecer a sua forma de escrever
e poder compará-la com outros autores que já li".
Albino andava de aldeia em
aldeia, nas feiras e romarias, a fazer as suas peças de teatro, uma vez que é
ele que as faz com a ajuda do Zé. Albino tinha um grande problema: a bebida, às
vezes, até chegava a ficar maluco.
Ele fazia as peças de teatro com o Zé e deixavam-se levar pelos sentimentos,
pois tudo o que eles representavam estava ligado à sua vida real. Embora Albino
tentasse esquecer, não conseguia, então, transmitia os seus sentimentos para o
público através das marionetas.
A história começa com Cláudia que queria mudar de vida, pois já estava farta da
vida que levava, de sofrer e de esperar por Albino já que este a tinha
abandonado quando estava grávida de Hortense.
Ela decide casar-se
novamente, ter outra vida, viver outra aventura, pois tinha esse direito.
Contudo ela ainda amava Albino. Cláudia ia casar-se com Aleixo, mas ainda
ninguém sabia; andava o rumor pela aldeia, mas ninguém tinha a certeza de nada.
Mónica vai a casa de Cláudia para ver se já estava tudo preparado e Cláudia
manda sair Hortense. Hortense vai à fonte e, ao vir para casa, começa a ser
gozada pelas pessoas da aldeia. Começam a olhá-la de outra maneira e a fazer
perguntas: Quando chega o teu padrasto? Essa água é para ele? etc..
Hortense, sem perceber o
que se estava a passar, começa a correr e, quando chega a casa, começa a contar
a sua mãe. Cláudia, então, conta-lhe a verdade e esta não aceita, pois vai ser
mal vista na aldeia, uma vez que as pessoas tinham uma mentalidade antiquada.
Tudo o que fosse novo não era aceite e se uma mulher arranjasse outro homem era
mal vista e considerada uma mulher da vida.
A mãe de Cláudia também lhe dizia que aquilo que ela ia fazer também não estava
certo e se o homem que ela teve não lhe chegava… Cláudia revolta-se e diz que
ninguém tem o direito de a julgar e que ela tem o direito de fazer a sua vida,
pois Albino abandonou-a.
De repente, aparece Aleixo mais Ernesto em casa de Cláudia para marcarem as
coisas. Hortense não se sentou à mesa porque não aceitava e a avó, que tanto
criticou, sentou-se à mesa…
Depoi de almoçarem, Cláudia, Mónica, Ernesto e Aleixo saíram e a avó ficou em
casa. Hortense critica a avó e começa a chorar. A avó conta-lhe que o seu pai
está vivo e que tem mãos de ouro. Hortense fica muito contente e decide ir à
procura do seu pai.
Neste momento, Albino emociona-se e Hortense ganha vida. Ela começa a falar com
ela e diz-lhe que o seu pai está vivo e que ia à procura dele, pois ele tinha
umas mãos de ouro. Ela diz que sim, que sabe disso tudo e começa a gritar com o
Zé para que ele começasse a vestir as marionetas… Queria mudar, queria fazer
outra peça, visto que estava a sentir-se mal, porque estava a lembrar-se da sua
vida passada…
Hortense foge e ele começa a fazer outra peça.
No segundo acto entram as mesmas personagens, mas com outros nomes e em outras
vidas. Hortense volta e começa a participar na peça. Ela aparece em casa de uma
família burguesa, numa discussão e ela aparece muito engraçada, calma, meiga e
a brincar. D. Elisa estava confusa: como foi ela parar ali?, e perguntava-lhe
quem era ela e ela dizia que era a Hortense.
Ela não estava a gostar da
brincadeira e chama a criada, pensando que era uma amiga dela, mas esta
enganou-se. Leonardo dizia à mãe para ficarem com ela, que era muito engraçada
e que queria fazer um retrato dela. A mãe começa a discutir com ele e Honorato,
Clara e Leonardo começam-se a rir dela. Honorato estava farto de Elisa, pois
esta não lhe dava amor, só o criticava. Ela só pensava em ter dinheiro, luxo e
o trabalho do marido era uma trabalho sujo e Honorato não gostava, pois era
graças ao seu trabalho que ela comprava as suas coisas e sustentava a casa.
Eles vão-se embora e Honorato começa a abraçar Hortense, a dizer que ela era
muito bonita, e que iam fugir os dois para longe, sem ninguém saber.
Hortense começa a gritar e a pedir ajuda à sua mãe e à sua tia Mónica. Ela
consegue soltar-se e foge para os braços de Leonardo.
No terceiro acto, Hortense entra em estado de loucura, pois começa a confundir
as pessoas, visto que começa a chamar a Leonardo Leandro, chama a Honorato
Aleixo etc... D. Elisa pensa que ela é doente e acalma-a adormecendo-a.
Quando
ela adormeceu, começou a sonhar e chamava pela sua família, até que vomitou
sangue para almofada e eles pensaram que era serradura, fugindo dela, porque
pensavam que era uma doença contagiosa. Leonardo foi o único que não fugiu,
porque gostava dela e não ia abandoná-la. De repente, entra pelo palco Albino,
dizendo que lhe querem roubar Hortense. Zé continua a representar…
Dagoberto dá uma novidade à família, dizendo que Albino foi internado no
manicómio porque ficou doido.
Assim acaba a peça de teatro e o mestre Albino chora e embala os farrapos da
boneca, que era Hortense, e começa a relembrar a sua infância.
Telma Coelho, n.º 23 da turma 11.ºE da Escola
Secundária de Latino Coelho – Lamego
(in blogue auladeliteraturafim.blogspot.com)