Reproduzido do n.º 28 da revista "Aldraba", recentemente publicado:
Desde
muito cedo que o destino do Tejo se uniu ao meu. Em criança já acordava com o
seu espreguiçar brando a abraçar Lisboa, primeira visão matinal que me
acompanhou ao longo de mais de trinta anos.
Mais tarde, por determinação profissional,
abracei-o em Abrantes. E hoje, há já alguns anos, que o sol nasce ao colo do
rio, mesmo em frente à minha janela, na localidade de Póvoa de Santa Iria. E
foi aqui que assisti à renovação dos espaços que a Câmara Municipal de Vila
Franca de Xira promoveu junto ao Tejo, desde a cidade sede do Concelho até
precisamente ao sítio onde vivo.
O
Parque Linear Ribeirinho do Estuário do Tejo surgiu no âmbito do Projeto QREN
como resultado de uma candidatura para a “Requalificação da Frente Ribeirinha
da Zona Sul do Concelho de Vila Franca de Xira” e encontra-se atualmente ligado
ao Parque Urbano da Póvoa de Santa Iria.
O
primeiro percurso liga Vila Franca de Xira a Alhandra, através do Caminho
Pedonal Ribeirinho de Alhandra. Ao longo da pista construída a beijar o rio, é
prioritário visitar a Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, centro de
intensa atividade cultural, com uma vista fantástica sobre a paisagem
ribeirinha e dotada de uma arquitetura moderna e agradavelmente enquadrada no
espaço. Enquanto caminhamos, corremos ou andamos de bicicleta, podemos ainda
observar os murais do artista autócne Vile, embora alguns dos seus trabalhos
tenham sido recentemente vandalizados. Na zona de Alhandra podemos encontrar
restaurantes com esplanadas e amplos espaços com bancos para descansar, assim
como uma pequena marina.
De
Alhandra até Alverca, o percurso pedonal é interrompido devido à vasta
atividade industrial que se desenvolveu nesta zona.
O
Parque linear Ribeirinho do Estuário do Tejo liga atualmente Alverca ao Parque
Urbano da Póvoa de Santa Iria, que se estende até ao limite do Concelho. O
projeto de requalificação dos espaços junto ao rio, prevê ainda a possibilidade
de se estender até ao Parque Tejo, em Lisboa. No entanto, esta possibilidade só
poderá ser efetivada, agora, pela Câmara Municipal de Loures.
Qualquer
destes espaços, que se estendem desde Alverca até à Póvoa de Santa Iria, são de
cariz natural e assumem um valor ambiental e paisagístico inigualável, o que já
lhes valeu vários prémios, nomeadamente, uma Menção Honrosa na categoria
Cidades Sustentáveis Green Projects Awards 2014, o primeiro prémio na
categoria Landscape and Public Spaces Archmarathon Awards 2015 e o
primeiro prémio Wan Landscape Awards 2016.
Dotados
de passadiços e ciclovias a rasgar o rio, assim como de percursos internos, a
beleza destes espaços é inquestionável e permite longos e agradáveis passeios.
Para além da riqueza natural (podemos observar espécies tão variadas como pernilongos,
guarda-rios, garças, flamingos, águia pesqueira, pato trombeteiro, etc.),
existem espaços de lazer e culturais convidativos. Na praia dos pescadores, por
exemplo, existe um Centro de Interpretação Ambiental da Paisagem (CIEP), assim
como um Observatório de Aves. Foram criados também espaços desportivos. A
antiga zona pesqueira palafítica foi, contudo, substituída por uma correnteza
de casinhas de madeira que servem de armazém aos pescadores, tendo sido apenas
preservada uma casa exemplificativa.
Os
gatos dos pescadores, que adoram adormecer e ronronar junto ao rio, nas tardes
calmas, são uma imagem de marca, assim como o Mouchão da Póvoa, que se avista
da outra margem.
Cristina Pombinho
Belo texto. E belíssimas imagens tem a Cristina realizado durante as suas deambulações nesta paisagem.
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