Trabalho realizado pelos professores e alunos da Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico e Jardim de Infância de Outeiro Seco (Pinela, Bragança). Para o efeito, foi desenvolvido um estudo sobre as origens da cultura do linho, cujos objetivos fundamentais foram motivar a nova geração para a riqueza cultural do linho, em vias de extinção, e recordar a importância e interesse que o linho ocupou na vida e economia da gente rural.
Publicado no n.º 28 da revista ALDRABA.
Breve resenha da história do linho
O
artesanato do linho constituiu uma das ocupações principais das gentes rurais.
Esta
cultura tão fortemente divulgada foi profundamente assimilada pelos povos.
A sua
importância é-nos evidenciada em vários campos e sectores da economia e da
sociedade: desde a Igreja, que adoptou obrigatoriamente o linho na sua
liturgia, passando pela economia doméstica na qual o linho constituiu matéria
prima importante para o seu enriquecimento, até à utilização eficaz pela
medicina da época.
De
facto, o linho, é uma planta riquíssima que está bastante desamparada nos
nossos dias.
Em
quase todos os países do mundo se produziu ou ainda se produz embora em pequena
escala.
O linho
é uma planta herbácea, fibrosa que pertence à família das lináceas, atingindo
entre 30cm a 1m e 10 cm de altura, unicaule de folhas inteiras, alternas,
sésseis e sem estípulas. Apresenta flores lindíssimas hermafroditas, brancas e
azuis, com cinco pétalas.
O
cálica tem igualmente cinco pétalas. O ivário é plurilocular, com dois óvulos e
cada lóculo separado por um septo.
A
semente é a linhaça. A raiz é aprumada, podendo atingir 30 cm de profundidade.
O linho
é composto por duas substâncias: uma lenhosa e interior, outra fibrosa e
exterior. Esta serve para extrair a fibra têxtil para a fabricação dos tecidos.
É
difícil saber em que data ou época histórica surgiu e quando o homem cultivou e
utilizou pela primeira vez esta fibra para confecionar um tecido.
Sabe-se
que 500 anos (A.C.), no Egipto, o linho foi o material mais usado na tecelagem,
tendo-se encontrado, em jazigos do Neolítico, fragmentos de tecidos e fusos.
Contudo,
o cultivo do linho e a sua utilização veio verificar-se desde os tempos
pré-históricos.
Têm
sido encontrados resquícios em vários lugares do mundo e particularmente na
Península Ibérica que remontam a 2000 – 2500 anos (A.C.).
Na
Península e mesmo concretamente no território que veio a ser Portugal, a
cultura do linho foi incentivada e expandida com a Romanização. Nesta época, os
lugares mais elevados eram essencialmente destinados à pastorícia e as partes
mais baixas e fundas ocupadas com linhares.
Durante
a Idade Média, fala-se muito em linho: é raro encontrar um foral, uma lei, uma
escritura, uma venda ou uma doação em que se não faça referência ao linho.
O
linho, nesta época, era um dos cultivos utilizados no pagamento à Coroa, à
Igreja e à Nobreza, de rendas, foros, dízimos, multas, etc…
Em
Portugal, no séc XV, a indústria do linho era, de acordo com os historiadores,
a única que representava grande valor na economia nacional.
A
indústria do linho, tanto na sua plantação como em todas as fases desde a
preparação do terreno, até à comercialização dos tecidos existiu sempre como
uma atividade caseira e artesanal, usando sempre técnicas muito primitivas,
contrariamente a outras indústrias como a lã e o algodão.
O linho
é uma planta muito exigente no que diz respeito à preparação dos terrenos e
condições naturais é também uma fibra muito difícil de trabalhar por ser muito
rija.
Foi
utilizado mais para uso doméstico, em colchas, lençóis, sacos para o trigo,
velas de moinhos, redes de pesca, etc… Hoje é possível encontrar nas nossas
aldeias muitas pessoas que possuem peças de vestuário de linho no fundo das
suas arcas.
A
decadência do linho verifica-se sobretudo a partir do séc XV.
A que
causas se deverá o declínio da cultura do linho?
Algumas
razões que poderão explicar esse declínio são as seguintes: a transformação de
uma agricultura de subsistência numa agricultura industrial, incompatível com a
carácter artesanal a que a cultura do linho estava associada; o maior trabalho
e grau de dificuldade que implica a cultura do linho, relativamente a outras
culturas como a do algodão ou da lã; o aparecimento da lã e, principalmente, do
algodão, fibras mais fáceis de tratar, tendo como consequência, a produção de
produtos em mais larga escala e a mais baixos preços concorrência à qual o
linho não poderia resistir.
Concluindo,
achamos que urge reavivar esta valiosa cultura; não devemos deixar morrer uma
cultura multisecular na nossa região.
Hoje,
levantam-se alguns movimentos, organismos, associações, tendentes a relançar a
cultura do linho em bases mais atualizadas, racionalizando o seu processo de
cultivo e transformação, através da alteração do seu carácter plenamente
artesanal.
Apelamos
às autoridades, aos autarcas, aos jovens agricultores que se interessem por
esta cultura de forma a torná-la novamente uma realidade concreta e não apenas
uma realidade lendária, revelada e descrita pelos documentos ou pelos nossos
antepassados…
Ondina Albino
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