A Aldraba leva a efeito no próximo domingo uma visita guiada à importante exposição que está patente no Celeiro da Patriarcal de Vila Franca de Xira, organizada pela Câmara Municipal, através do seu Museu Municipal.
A exposição é dedicada às Cheias de 1967, e tem curadoria de Joaquim Letria, um dos jornalistas que à época esteve presente nos locais da catástrofe. Pretende contribuir para um melhor conhecimento da realidade política e social da região de Lisboa naquela época, bem como dos acontecimentos que marcaram para sempre a História do nosso País.
É o resultado de um trabalho cuidado de investigação documental e de recolha de testemunhos de muitos residentes locais que partilham as suas histórias e dos seus familiares, no contexto daquele que foi o pior desastre natural em Portugal, depois do terramoto de 1755.
Estão associados ao projeto diversas entidades (RTP, Fundação Calouste Gulbenkian, OGMA Cruz Vermelha Portuguesa, Agência Portuguesa do Ambiente, Arquivo da Defesa Nacional), através da cedência de vídeos e outros elementos documentais que se constituem como importantes contributos para a preservação da memória relativamente a estas ocorrências históricas.
Na noite de 25 para 26 de novembro de 1967, de Cascais a Alenquer, passando por Oeiras, Lisboa, Odivelas, Loures, Alhandra, Alverca, Vila Franca de Xira e Castanheira do Ribatejo, a chuva chegou a atingir os 170 litros por metro quadrado. Em toda a região da Grande Lisboa, a média ultrapassou os 100 litros. Foram cheias rápidas: o Tejo e os afluentes subiram três a quatro metros em poucas horas.
Morreram muitas centenas de pessoas — o Governo falou em 462 mortos, os jornalistas Pedro Alvim, Joaquim Letria e Fernando Assis Pacheco contaram perto de 700. O Estado foi incapaz de dar o apoio adequado às vítimas. Ocorreu então uma mobilização da sociedade civil, nomeadamente de estudantes e de associações católicas.
"Só as Associações de Estudantes e a Juventude Universitária Católica é que estavam no terreno a ajudar as pessoas a tirar a lama, a salvar-lhes os pertences, juntamente com alguns raros corpos de bombeiros e militares. Talvez isso, tenha sido um dos primeiros momentos de mobilização política da minha geração", recordou Mariano Gago.
A visita marcada para a associação Aldraba decorrerá entre as 14h30 e as 16h00, e será guiada pelos colaboradores da CMVFX (setor educativo) Nuno Dionísio e Susana Neto. A entrada é gratuita.
O ponto de encontro é a entrada do Celeiro da Patriarcal, que fica próximo do edifício da Câmara Municipal, frente à estação dos CTT. Recomendamos a utilização do caminho de ferro até Vila Franca, estando a estação ferroviária a poucos minutos do local da exposição.
JAF
Sem comentários:
Enviar um comentário