Em 16 e 17 de Novembro de 2019 realizámos o XXXIX Encontro da ALDRABA - "Deambulando pelo Alentejo Central" Alandroal/Redondo/Estremoz.
Na manhã de domingo fomos visitar a olaria de João Mértola, conhecido como Mestre "Pintassilgo", e deliciámo-nos com as suas obras e com o seu falar.
Em boa hora o fizemos, pois soubemos, através do Prof. Hernâni Matos, que faleceu hoje com 92 anos, deixando mais pobre a cultura popular e a arte da olaria do Redondo.
“Já sem o fulgor de outrora, esta tradição representa um saber ímpar ao qual poucas mãos têm conseguido manter a sua produção viva. Das que ainda resistem, salientamos as de João Mértola, o mestre Pintassilgo, como assim é conhecido por aquelas bandas.
Figura ímpar e carismática, de sorriso fácil e magano (brincalhão), tal como combinado umas semanas antes, lá estava sentado, aguardando a minha presença. E foi em pleno centro histórico, na Rua do Castelo, com o seu sotaque tipicamente redondeiro que me recebeu para uma tardada de conversa na sua tradicional olaria.
Com 92 anos, é o mais antigo oleiro no ativo em Redondo. Mal me sentara, fez logo questão de iniciar a cavaqueira dizendo: “Pxiu, sabes porque me chamam Pintassilgo? Porque era muito ensigueirado com pássaros”! Que é como quem diz, gostava muito de pássaros. Como tantos outros oleiros no seu tempo, João Mértola iniciou o ofício aos 7 anos, aprendendo com “velhotes” que, segundo ele, eram grandes mestres. “Escuta, andei perto de 20 anos sem receber nada pelo trabalho, com as algibêras vazias (bolsos vazios) ”.
Mestre Pintasssilgo teve ainda a referência do seu pai, também ele mestre oleiro e aos 50 anos começou finalmente a trabalhar por conta própria.”
(Olaria de Redondo - o testemunho do
mais antigo oleiro da terra | Tribuna Alentejo)
MEG
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