segunda-feira, 23 de maio de 2022

Comemoração dos 150 anos da Associação Fraternidade Operária


 

No próximo dia 31 de maio de 2022 (3ª feira), pelas 18 horas, realiza-se uma sessão comemorativa do 150.º aniversário da fundação da Associação Fraternidade Operária.

A sessão terá lugar na sede da Junta de Freguesia de Marvila em Lisboa, sita na Avenida Paulo VI, 60 (local servido pelos autocarros 749, 755, 759 e 793 da Carris, e pela linha vermelha do Metro - estação de Chelas).

A organização é da responsabilidade conjunta da Junta de Freguesia de Marvila e do Centro de História da Universidade de Lisboa, conta com intervenções dos académicos Mª Alexandre Lousada, Margarida Reis e Silva e João Santana da Silva, e ainda do presidente da JFM José António Videira, e terá Manuel Saraiva como moderador.

A associação Aldraba foi convidada a estar presente e a divulgar o evento - o que fazemos com o maior gosto! -, pelo amigo Manuel Saraiva, presidente da Associação de Moradores do Bairro da Amendoeiras, que foi já nosso anfitrião no 26.º Jantar-Tertúlia em 15.12.2018, foi nosso guia na 8.ª Rota da Aldraba ("Por Marvila") em 24.3.2019, e tornou-se ultimamente, desde 7.12.2021, o nosso associado n.º 119.

Pede a organização que cada interessado manifeste a sua intenção de estar presente para o telefone 964000198.

Como aperitivo para a sessão, que se prevê de grande interesse, coligem-se alguns apontamentos históricos, condensados a partir de almanaquerepublicano@gmail.com :

A Associação Fraternidade Operária foi fundada em 14 de janeiro de 1872, tendo por base os modelos da Aliança da Democracia Socialista, de Bakunine. 

Foi inicialmente instalada na Rua das Gaivotas, onde funcionava o Grémio Popular, passando mais tarde para a Calçada da Estrela, 16, em Lisboa, onde se constituíram-se três secções (Chelas, Marvila e Poço do Bispo) e uma filial no Porto (Rua Gonçalo Cristóvão).

A associação esteve na organização de greves e das primeiras comemorações do Dia do Trabalhador em Portugal, e publicou o jornal Pensamento Social. Foi também por sua iniciativa que se desenvolveu o processo de fundação de um partido socialista em Portugal que se concretizou em 10 de janeiro de 1875, no Partido Socialista Português (PSP), por proposta de Azedo Gneco e José Fontana.

A evolução da Fraternidade Operária foi rápida. Um ano depois, Lisboa tem já dez mil sócios e o Porto cerca de oito mil. Nos arredores destas duas cidades haveria mais uns milhares de sócios. Em Lisboa notaram-se os efeitos da acção da Fraternidade Operária: em 1872 rebentava um surto grevista inédito pelas suas dimensões e alcance, já que «fundidores, fragateiros, tipógrafos e tanoeiros entram em greve, pedindo melhores condições de trabalho», refere Filomena Mónica. Este aspecto da modernidade do movimento operário português perturbou um pouco as autoridades e o meio empresarial, mas é necessário não esquecer que nesta época, e de acordo com o Código Penal então em vigor, a greve era crime. 

Em 1873, a cidade do Porto juntou-se aos movimentos grevistas liderado pela Fraternidade Operária. Realizaram-se greves de tabaqueiros, charuteiros, cigarreiras e ferroviários, reivindicando aumento de salário e mais regalias sociais. Os resultados destas movimentações operárias saldaram-se, em todos os casos, pela derrota. Silva Lisboa e Miguel Mendes, militantes da Fraternidade Operária do Porto, eram presos por terem participado e estimulado a greve dos manipuladores de tabaco. 

N’O Pensamento Social colaboraram Antero de Quental, José Fontana, Oliveira Martins, Jaime Batalha Reis, Nobre França, Eduardo Maia, Augusto Tedeschi, Azedo Gneco e outros. O jornal desempenhou papel de extraordinária importância na divulgação da luta e da organização dos trabalhadores em Portugal e no estrangeiro, na denúncia e explicação dos mecanismos da exploração. Com a publicação de artigos teóricos, O Pensamento Social, ainda que reflectindo a natureza ideológica heterogénea da secção portuguesa e nas suas páginas se pudessem encontrar posições anarquistas, deu uma enorme contribuição para o debate ideológico e para a afirmação da corrente marxista.

A 4 de outubro de 1873, com a publicação do n.º 55, O Pensamento Social, depois de várias tentativas para impedir o seu fecho, deixava de se publicar, acompanhando o destino de outros jornais operários na Europa. Vivia-se já a crise generalizada no movimento operário internacional, que atinge igualmente o português.

A Fraternidade Operária, entretanto, fundiu-se com outras organizações operárias na Associação dos Trabalhadores na Região Portuguesa (ATRP) e passou a funcionar como dependência da Internacional Operária. A delegação desta organização no Porto foi criada em 29 de outubro de 1873, contando com duzentos sócios e encontrando-se instalada na Rua de Santa Catarina. Em 1876, na Associação dos Trabalhadores do Porto estavam filiados 2200 operários; em Lisboa, eram 3600 trabalhadores.

JAF







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