Faz parte integrante do nosso património a memória dos momentos mais importantes da história portuguesa, em particular daqueles em que o povo se movimentou em direção ao progresso e à liberdade.
É o caso da revolução liberal do séc. XVIII, cujo segundo centenário tem vindo a ser assinalado de há um ano a esta parte, e cuja evocação pelo amigo Hilário Duarte aqui partilhamos.
Na manhã do dia 24 de agosto de 1820, no
Campo de Santo Ovídio, no Porto, as tropas comandadas pelo coronel Cabreira
reúnem-se e assistem a uma missa, seguida de uma salva de vinte e um tiros de
artilharia. Juntam-se-lhes, depois, as forças do coronel Sepúlveda e do
tenente-coronel Domingos António Gil, tendo-se constituído um conselho militar
e feito duas proclamações. Na primeira, dizia-se:
«Soldados! - Uma só vontade nos una.
Caminhemos à salvação da Pátria. Não há males que Portugal não sofra. Não há
sofrimento que nos portugueses não esteja apurado. É necessária uma reforma,
mas esta reforma deve guiar-se pela razão e pela justiça, não pela licença.
Coadjuvai a ordem; coibi os tumultos; abafai a anarquia. Criemos um governo
provisório, em quem confiemos. Ele chame as Cortes, que sejam o órgão da Nação,
e elas preparem uma Constituição, que assegure os nossos direitos. O nosso rei,
o senhor D. João VI, como bom, como benigno e como amante de um povo que o
idolatra, há de abençoar nossas fadigas. Viva o nosso bom rei! Vivam as Cortes
e por elas a Constituição!».
Este momento inaugural do movimento que
ficaria conhecido como Revolução Liberal abriria caminho para a eleição do
primeiro Parlamento português – as Cortes Constituintes –, cujos trabalhos
decorreram entre 24 de janeiro de 1821 e 4 de novembro de 1822, e para a
aprovação da primeira Constituição, no dia 23 de setembro de 1822.
JAF
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