O Jornal do Fundão foi, desde a sua fundação em 1946 por
António Paulouro e em paralelo com o Comércio do Funchal, um jornal de grande
rigor e de grande combatividade nos tempos da ditadura. Quer em termos
informativos, quer do ponto de vista cultural – no seu Suplemento Literário eram
incluídos amiúde trabalhos de muitos artistas e intelectuais perseguidos pelo
regime de Salazar, sempre foi uma referência de enorme prestígio.
Alvo de uma vigilância apertada pela polícia política,
PIDE, chegou a estar suspenso durante seis meses em 1965 por ter incluído na
sua edição referências elogiosas a Luandino Vieira, então preso no Tarrafal e a
quem a Sociedade Portuguesa de Escritores atribuíra o Grande Prémio de Novela. A
partir daí seria obrigado a apresentar as provas à delegação de Lisboa dos
Serviços de Censura e não de Castelo Branco, como era habitual.
Em 2011 foi inaugurada uma estátua do seu fundador, em
frente às instalações do jornal no Fundão, na Praça Velha (espaço que ele
definiu como a sua universidade), da autoria do escultor Francisco Simões que
na altura diria ter usado o granito porque “Granítico é também o passado de
Paulouro, o seu carácter e até a sensiblidade de um homem de aparência dura
como o granito, mas que tinha a alma mais doce que conheci”.
Aquando dos seus setenta anos de existência foi feita uma
edição de selos comemorativos na qual colaborou o artista Manuel Cargaleiro.
MEG (texto e fotografias)
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