terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Senhora dos Marinheiros em Alcoutim










No post Alpedrinha, Terra de Amigos , em Fevereiro de 2009, escreveu-se neste blogue que “A Aldraba gosta de Alpedrinha”, localidade da Beira Baixa onde participámos já em diversas actividades populares…

Da mesma forma, e por razões idênticas, a Aldraba gosta de Montemor, de Viana do Alentejo, da Aldeia da Estrela, de Coruche, de Aljustrel, de Sintra, de Alvaiázere, de Loulé, de Torres Vedras, de Mértola, de Almada, de Estremoz, do Fundão, da Azambuja, de Vila Franca de Xira, de Carnaxide, de Aljezur, de Pedrógão Grande, e de tantos outros locais de Portugal onde as nossas actividades se têm desenvolvido desde finais de 2004.

Assim, a Aldraba gosta também de Alcoutim, hospitaleira vila algarvia do Guadiana, onde realizámos um dos nossos Encontros, em Maio de 2008, e onde criámos raízes e amigos.

Neste cálido verão de 2010, assistimos ali a mais uma edição da festa da Senhora dos Marinheiros, tradicional festividade religiosa que aproxima as populações da vila espanhola de Sanlúcar (do outro lado do rio) e da vila portuguesa de Alcoutim.

Integrada num variado programa cultural e recreativo, realiza-se todos os anos, a 15 de Agosto, uma tocante procissão fluvial, em que a imagem da Senhora (padroeira dos que trabalham no rio e no mar) é transportada num grande desfile de embarcações entre Sanlúcar e Alcoutim, desembarca e vai “visitar” o exterior da capela de Santo António, e regressa depois a Espanha num vistoso cortejo de barcos de pesca, canoas a remos, iates e outros barcos engalanados e com vibrantes buzinas…

Muitos elementos da população de Alcoutim aguardavam a imagem, e associaram-se aos espanhóis que a acompanhavam, tendo viajado juntos para Sanlúcar. À noite, do outro lado do rio, comemorou-se o Dia de Portugal, tendo actuado um grupo etnográfico do concelho de Loulé (Quelfes).

Lamentavelmente, as autoridades locais do lado português não estavam presentes. Ao que parece, desinteligências patetas entre o alcaide socialista do ayuntamiento de Sanlúcar e o presidente social-democrata do município de Alcoutim, sobrepõem-se ao desejo e à força da confraternização entre as duas populações irmãs.

Também aqui, o associativismo popular dá o exemplo, e mostra o caminho a seguir: a ATAS – Associação Transfronteiriça Alcoutim-Sanlúcar, com associados dos dois lados do rio, e cuja direcção é alternadamente assegurada por um português ou por um espanhol. Conforme analisámos com o actual presidente português da ATAS, Carlos Brito, esta esforça-se por “segurar as pontas”, e colabora activamente nas festividades de Agosto.

Um abraço de felicitações a estes amigos.

JAF (texto e fotos)

2 comentários:

  1. Muito interessante esta reportagem e a partilha de momentos, que têm certamente ligações ancestrais. Obrigado por este post, mesmo em férias. As férias são sempre um bom manancial para falar de tradições e rituais, como é o caso.

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  2. Agosto é tradicionalmente um mês de festas populares de tradição religiosa, mas também com fortes bases em antigos rituais pagãos, assinalando o final de um ciclo e começo de outro. Em Portugal e também em Espanha é assinalado pelas populações com festejos como este, que tem a particularidade de juntar as duas margens do Guadiana num abraço sem fronteiras. Este aspecto de associativismo popular e sem fronteiras merece ampla divulgação, a despeito de eventuais "birras" das entidades oficiais...
    Já agora, e por falar em festas religiosas: Em Janas, no concelho de Sintra, e em Meca, no concelho de Alenquer, respectivamente na Capela de S. Mamede e na Igreja de Sta. Quitéria, "realiza-se uma curiosa romaria de pendor rural, que consiste na condução de gado em volta do templo. A tradição impõe que se façam três voltas rituais no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e, muitas vezes, os seus donos depositam ex-votos no interior, acompanhados de ofertas como trigo, cevada ou azeite (recebendo os animais, em troca, fitas de cores que conservam durante o ano). Esta ´troca´ devocional continua ainda a verificar-se nos dias de hoje, embora já sem a amplitude de outros tempos".
    MPA

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