terça-feira, 19 de dezembro de 2023

As Manas Perliquitetes da Rua da Escola Politécnica














Durante a 14.ª Rota da Aldraba “Da Escola Politécnica a S. Pedro de Alcântara”, no passado sábado 16.12.2023, não chegou a haver tempo para contar e comentar muitos dados interessantes e histórias pitorescas relativas àquela zona da cidade. Recuperamos aqui uma dessas histórias, a das chamadas “Manas Perliquitetes”.

Foram duas figuras emblemáticas da vida alfacinha no último quartel do séc. XIX.

Eram elas Carolina Amália e Josefina Adelaide Brandi Guido. Oriundas de família italiana, eram filhas de um abastado comerciante da Baixa Lisboeta. Nasceram em Lisboa, respectivamente a 15 de outubro de 1833 e 26 de junho de 1841.

Foram batizadas na igreja italiana do Loreto, situada junto ao Largo do Chiado.

Viveram na infância numa casa apalaçada na Rua de S. Bento, mas quando o pai morreu a família estava já em bancarrota, devido aos gastos exorbitantes de um irmão. Tiveram de mudar-se para um andar na rua da Escola Politécnica, onde tinham como vizinho o boémio Luiz de Almeida Castro e Mello, fadista e amador tauromáquico, muito assíduo nas tabernas desde o Rato até às Portas da Cidade. É ele que, por volta de 1870, dá o cognome às duas irmãs, pois costumava apresentá-las como "as minhas pupilas, as Manas Perliquitetes".

As manas eram conhecidas no Chiado pelas suas toilletes peculiares, ridículas e extravagantes, e por passarem os dias a calcorrear as lojas de moda. Com os seus saltitantes passinhos, e a frase da ordem “Então, Mana!”, à qual o Chiado respondia em peso: “Ó Mana, então!”...

O mundo ria-se delas, assinala Matos Sequeira (“Depois do Terramoto”). O povo trazia-as às vaias, e eram ridicularizadas nos palcos e nos jornais.

Josefina Adelaide ficou sozinha após a morte da irmã em 1897, e acabou pobre e pedinte. Morreu tuberculosa em 1907 e foi enterrada com ajuda de um peditório feito pelo jornal O Século.

(Condensado do “Roteiro Freguesia da Misericórdia”, do facebook “Lisboa Antiga” e do blogue “Lisboa de Antigamente”)

Sem comentários:

Enviar um comentário