Vai realizar-se na 6ª feira, 22 de abril de 2022, a partir das 15 horas, na Sociedade de Geografia de Lisboa (R. Portas de Sto Antão, 100) uma cerimónia de homenagem a este genial fotógrafo, promovida pela Comissão de Migrações da SGL, a que preside a nossa associada Profª Maria Beatriz Rocha-Trindade. A associação Aldraba associa-se aos demais patrocinadores deste evento - Association Nationale des Membres de l'Ordre National du Mérit, Associação Memória das Migrações, Associação Internacional de Paramiologia, Comité Sousa Mendes e Observatório dos Luso-Descendentes - na divulgação da cerimónia e no apelo aos associados e amigos para que a difundam e participem empenhadamente.
Reproduz-se de seguida uma nota biográfica da autoria de Daniel Bastos:
No passado mês de outubro de 2021, assinalaram-se três anos do falecimento do
saudoso fotógrafo franco-haitiano Gérald Bloncourt (1926-2018), um dos grandes
nomes da fotografia humanista, cujas amplamente conhecidas imagens que
imortalizam a história da emigração portuguesa para França, e representam um
contributo fundamental para uma melhor compreensão e representação do nosso
passado coletivo.
Colaborador de jornais de referência no campo social e sindical, o antigo
fotojornalista que esteve radicado em Paris mais de meio século, teve o condão
de retratar a chegada das primeiras levas massivas de emigrantes portugueses a
França nos anos 60. A lente humanista do fotógrafo com dotes poéticos captou
com particular singularidade as duras condições de vida dos nossos compatriotas
nos bairros de lata nos arredores de Paris, conhecidos como bidonvilles, como
os de Saint-Denis ou Champigny, com condições de habitabilidade deploráveis,
sem eletricidade, sem saneamento nem água potável, construídos junto das obras
de construção civil.
Igualmente relevantes são as imagens que Bloncourt captou durante a sua
primeira viagem a Portugal nos anos 60, onde retratou o quotidiano das cidades
de Lisboa, Porto e Chaves. Assim como as da viagem a “salto” que fez com
emigrantes além Pirenéus, e as dos primeiros dias de liberdade em Portugal,
como as das comemorações do 1.º de Maio de 1974 em Lisboa, acontecimento que permanece
ainda hoje como a maior manifestação popular da história portuguesa.
O trabalho fotográfico de Bloncourt sobre a emigração e a génese da
democracia portuguesa constitui um valioso repositório do último meio século
nacional, que resgata das penumbras do esquecimento os protagonistas anónimos
da história nacional que lutaram aquém e além-fronteiras pelo direito a uma
vida melhor e à liberdade.
O trabalho e percurso do fotógrafo francês de origem haitiana, que durante mais de vinte anos escreveu com luz a vida dos portugueses em França e Portugal, e cujo espólio faz parte do arquivo do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, foram em 2016 distinguidos pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.
No âmbito das Comemorações do 10
de Junho em Paris, Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas,
cujas comemorações oficiais nesse ano aconteceram pela primeira vez numa cidade
fora do país, o reputado fotógrafo foi condecorado na cidade simbólica de
Champigny, com a ordem de Comendador da Ordem do Infante
D. Henrique.
O evento incluirá uma intervenção de Jorge Macaísta Malheiros, "França como Destino", uma apresentação subordinada ao tema "Evocando Gérald Gloncourt", um Porto d'Honra e o lançamento do livro "Comunidade, Emigração e Lusofonia: Crónicas", de Daniel Bastos.
Divulguem e compareçam!
JAF
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