O já tradicional jantar-tertúlia, que há muitos anos a associação Aldraba realiza no mês de dezembro com os seus associados e amigos, como forma de confraternização na quadra natalícia, foi em 2021 diferido para o mês de janeiro seguinte, em face das incertezas que persistem em termos de saúde pública, e por termos tido três atividades presenciais em outubro e novembro últimos, aliás muito concorridas.
Para o concretizar,
defrontámo-nos no corrente mês com o não abrandamento da vaga pandémica e com a
realização da atual campanha eleitoral para as legislativas (que ocupa
parcialmente os locais e as disponibilidades das pessoas…).
Mesmo assim, fizemos questão de
procurar um espaço onde nos pudéssemos reunir com condições de segurança, e que
oferecesse suficiente interesse para os nossos associados e amigos, na ótica do
contacto com experiências relevantes da vida associativa e cultural portuguesa.
É, pois, com muito gosto que
anunciamos a realização do nosso 32.º jantar-tertúlia para o próximo dia
29 de janeiro de 2022, sábado (dia em que a campanha eleitoral está já
interrompida), a partir das 19 horas, na Sociedade de Instrução e
Beneficência “A Voz do Operário”, sita na rua com o mesmo nome, nº 13,
entre o largo da Graça e a igreja de S. Vicente de Fora, em Lisboa.
O jantar propriamente dito será composto por um moscatel
e entradas, um prato de cachaço com batatinhas no forno com salada de alface, doce, bebidas e
café, tudo ao preço único
de 12 euros.
Durante o jantar, seremos recebidos e
acompanhados por um membro da direção da Voz do Operário que, designadamente,
nos apresentará a valiosa experiência daquela coletividade, formada a partir de
1879 por operários tabaqueiros, que lançaram o jornal “a Voz do Operário”, um
periódico “que nos defenda a todos, e mesmo aos
companheiros de outras classes".
Constituída em 1883 por 316 associados,
a Sociedade Cooperativa A Voz do Operário propunha-se "estudar o modo de resolver o grandioso
problema do trabalho, procurando por todos os meios legais melhorar as
condições deste, debaixo dos pontos de vista económico, moral e higiénico, (…) estabelecer
escolas,
gabinete de leitura, caixa económica e tudo quanto, em harmonia com a índole
das sociedades desta natureza, e com as circunstâncias do cofre, possa
concorrer para a instrução e bem estar da classe trabalhadora em geral e dos
sócios em particular". Os associados pagavam uma quota mensal de vinte
réis.
Em 1889, quando a Voz do Operário tinha 1114
sócios, muitos dos quais já não eram operários tabaqueiros, deu-se uma
alteração de estatutos, que conduziu à atual S.I.B.”VO”, tendo a sociedade
assumido, a partir da implantação da República em 1910, um papel de grande
projeção na instrução pública. Em 1932, o número de
associados ascendia a cerca de 70 mil sócios e a escola constituía-se no mais
importante núcleo de instrução primária da capital e periferia. Em 1938, essas escolas eram
frequentadas por 4.200 alunos, na sua grande maioria filhos de operários. A
ação da Voz do Operário estendia-se também ao apoio aos mais desfavorecidos,
nomeadamente no fornecimento de refeições, um balneário público, cursos de
formação profissional (com os cursos de costura a registarem elevada frequência),
assistência funerária e uma biblioteca.
Toda esta intensa atividade social permitiu à VO
resistir às múltiplas iniciativas do regime de Salazar para limitar ou
condicionar o seu funcionamento, e permitiu-lhe chegar ao 25 de abril de 1974
com uma pujança de que iremos ouvir falar, com mais detalhe, durante o nosso
próximo jantar de 29.1.2022.
Quem deseje participar neste próximo jantar-tertúlia
deve inscrever-se, por telefone ou email, até à próxima 5ª feira, 27.1, para o
José Alberto Franco (TM 96 370 84 81; jaffranco@gmail.com)
ou para o Albano Ginja (TM 91 477 39
56; albanoginja@gmail.com), ou ainda
para o mail da Aldraba (aldraba@gmail.com).
JAF
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