Está concluído, e entregue na gráfica para composição e impressão, o conteúdo do n.º 29 da revista ALDRABA, que contamos ter impresso e disponível para todos os associados e amigos no início do próximo mês de abril.
Foi muito estimulante a adesão que se manifestou ao nosso apelo para colaborações na revista, tendo nós recebido para publicação um total de 20 textos de 19 autores.
Em pré-publicação, divulgamos hoje o editorial, redigido pelo vice-presidente da Direção Nuno Roque da Silveira:
Nestes
meses tão difíceis que atravessamos, em que temos sido obrigados a
distanciar-nos, nós que nos juntámos por um amor a um ideal associativo,
ansiamos por aquela luz ao fundo do túnel que nos permita de novo voltar a
estar juntos. No entanto, algumas coisas muito boas têm sucedido e lembremo-nos
delas para festejarmos o existirmos e nelas participar mais ao menos
activamente.
O interesse
pela defesa do património material e imaterial que vamos herdando, vai sendo
cada vez mais demonstrado pela atitude activa que vemos crescendo por todo o
lado.
Talvez
um pouco a reboque do que outros “lá fora” nos deram exemplo, mas também por um
sentido de esclarecimento que se vai cimentando numa larga fatia da população e
do amor que nasceu pelas suas coisas. Não fomos bafejados pela riqueza que
Gregos, Romanos ou Árabes deixaram por esse mundo fora.
Países
como a Grécia, Turquia, Itália, Espanha podem mostrar maravilhas inimagináveis
no nosso Portugal. Mas sentimos por todo o lado interesse em preservar e
restaurar o nosso pequeno património, e se é esse mesmo que temos, devemos
respeitá-lo e passá-lo em testemunho aos nossos vindouros: um moinho de madeira
girando o seu todo numa base redonda de pedra, um menhir levantado marcando
algo sobrenatural, uma olaria ingénua que tem prendido durante séculos o homem
à roda e à feitura de objectos de culto, de uso, ou lúdicos.
Ainda
os bombos de Lavacolhos, que na serra da Gardunha amedrontaram os indesejados
franceses de Napoleão, ou qualquer pequena capela dedicada a qualquer lendária
aparição, como Santo Amaro em Gontijas. Também as tradições celtas, mouras ou
judaicas que ajudaram a construir a nossa identidade.
Continuar
a procurar e a descobrir o nosso passado para o projectar no futuro.
Agora
parece haver uma vila romana por desventrar debaixo da Avenida da República ao
chegar ao Campo Grande nesta Lisboa, que não sabemos se será de Ulisses ou de
Lísia, bisneta de Noé!
Mas
nesta Primavera que desponta, saudemos pertencer a uma geração que tem a
benesse de acolher a grande figura do Papa Francisco, que nos tem trazido com a
sua doutrina, com a sua palavra, modéstia, abnegação, entrega, um sentido de
missão que nos faz acreditar que ainda há um lado de humanidade, de bondade que
será possível não só acolher mas procurar transmitir a todos.
Também
uma reverência muito especial aos que têm tudo feito para ultrapassarmos esta
pandemia: médicos, enfermeiros, restante pessoal da saúde, cientistas e
investigadores.
Sem o
seu esforço abnegado certamente não estaríamos tão esperançados em que tudo vai
melhorar e não se teriam salvado tantas vidas.
Sentimos
alívio em que uma figura que (des)governou os USA durante os últimos anos tenha
sido substituída por alguém de quem esperamos o seu oposto.
Mas
também congratularmo-nos pelo aporte cada vez mais evidente que as mulheres têm
trazido com sua lucidez, perseverança, seu sexto sentido por todos reconhecido,
algo muito positivo para todos nós.
Mau grado
muita violência doméstica que continua na ordem do dia, a verdade é que a
Mulher tem conseguido alcançar com o seu esforço e valor o lugar devido, e
longe vão os tempos em que a filha e herdeira da fortuna do dono do jornal Diário
de Noticias, por gostar de outra pessoa fora do casamento, foi acusada de
adultério, de loucura e banida dos seus legítimos direitos.
Ou que
Camille Claudel, mulher de August Rodin, tão boa escultora ou melhor que ele,
tenha sido metida por ele e com a conivência do Paul Claudel, irmão dela, num
hospício por loucura.
Também
que uma duquesa de Palmela, uma das mais brilhantes escultoras do seu tempo, se
tenha reduzido com modéstia quase que ao anonimato para que um homem, Teixeira
Lopes, triunfasse em seu lugar.
E o rol
não teria fim. Parece que esses tempos acabaram, e juntemo-nos em igualdade
para que se crie um mundo novo melhor governado a “fifty-fifty”.
Entre o
muito que ultimamente se tem dito e escrito sobre este tema, respiga-se a frase
de uma médica da nossa praça, Maria Manuel Mota: “dar poder às mulheres não se
deve fazer por ser politicamente correcto, mas por que é a grande oportunidade
para a Humanidade”.
Nuno Roque da Silveira
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