Falar do mês de Junho é também falar de festas, arraiais e outras manifestações culturais que fizeram e fazem parte do nosso património popular - esse património que tanto valorizamos e que esta Associação fez ponto de honra em inscrever na sua denominação.
Junho trouxe-nos o espaço e o
contexto para o lançamento do nº 23 da nossa revista. A Junta de Freguesia das
Avenidas Novas e a sua presidente Ana Gaspar acolheram-nos no passado dia 4
numa das magníficas salas do palacete onde aquela autarquia está instalada,
para assistirmos à primorosa apresentação proporcionada pelo Professor Pedro
Prista. Da sua análise resultou a garantia que continuamos a cumprir com a
função e os objectivos da nossa publicação.
Identificando a revista como um
trabalho interventivo de grande importância cívica e profundidade científica,
encontrou três adjectivos para o classificar – é um trabalho sério, útil e rico.
Muito nos honram estas palavras!
O trabalho sobre o património é,
no seu entender, um trabalho em terreno resvaladiço, porque não se consegue
estabilizar a figuração do que se designa património contribuindo, para isso, a
eterna dialéctica entre o material e o imaterial.
Entendendo o carácter do conteúdo
da revista Aldraba como comprometido com a etnografia, referiu que o ponto
nuclear na defesa do património é a transmissão e que, inevitavelmente, ela depende
da humanidade - da capacidade das pessoas viverem, transmitirem e partilharem
umas com as outras. O nosso legado são essas experiências sentidas, essas
vivências e memórias experimentadas que temos a obrigação, também nós, de
partilhar.
Folhear
este número da revista Aldraba é, no seu entender, percorrer a etnografia do
nosso país, tantos são os conteúdos e os locais abordados. Demorando-se um
pouco sobre os artigos que a constituem, valorizou cada um, ressalvando a
importância dos temas e a relevância de cada contributo, sem deixar de
salientar o artigo de Paula Lucas da Silva muito pela riqueza da escrita, mas
mais ainda pela perspectiva revelada sobre a memória – a sua perda – um
percurso inverso do que tanto valorizamos e queremos partilhar.
Sobre a simbologia da aldraba que
dá nome à nossa Associação, encontrou interessantes interpretações e analogias
- a dialéctica do dentro e do fora, do entrar e do sair, de ser um objecto que
traduz a ideia de hospitalidade, o pedido de alguém para ser atendido e, acima
de tudo, um símbolo que encerra em si uma solicitação de transposição, de
passagem e, em última análise, um sinónimo de transmissão.
Agradecemos a todos os que
quiseram connosco assistir a este momento de excelência que, à sua maneira, foi
também um momento de festa. Obrigado ao Professor Pedro Prista pela
generosidade da sua presença e pelas suas calorosas palavras.
Ana Isabel Veiga (fotos LFM)
Obrigada pela "nota" sobre o meu texto/testemunho, sobre a memória.
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