terça-feira, 6 de novembro de 2012

Que memória para o futuro?














Preservar e valorizar o património popular em todas as suas vertentes é objectivo da Aldraba. A transmissão dos diversos aspectos desse património torna-se, cada dia, mais premente perante a situação actual.

Quem percorrer as serras do interior de Portugal encontra inúmeras aldeias perdidas pelas encostas e vales, rodeadas de forte vegetação. Quando nos aventuramos a visitá-las, constatamos que, em algumas, apenas vivem uma ou duas famílias; noutras vemo-nos, de repente, no meio de pequenas ruas desertas, ladeadas de casas, umas desabitadas outras já degradadas, num silêncio e isolamento absolutos, que a todos confrange. A desertificação é uma realidade.

Observamos o pequeno património que esses lugares ainda guardam: as portas de mancal, as cravelhas em madeira, as aldrabas, os batentes, os portais biselados, os telhados em lousa e telha meia-cana, os muros em xisto ou granito que teimam em resistir...

Preservar esta memória, impedir a sua degradação ou até a sua perda, é urgente!

Às autarquias compete a implementação de políticas de apoio às famílias, promovendo a sua fixação em zonas mais deficitárias. Cabe-lhes ainda um papel importante na defesa daquele património, com todos os recursos humanos e técnicos de que dispõem.

Também o cidadão comum deve intervir responsavelmente no seu quotidiano, actuando em consonância com o espaço onde se encontra e a identidade do mesmo. O contributo activo da família e da escola na transmissão de formas de expressão, saberes-fazer, costumes, tradições, canto, danças, incentivando os jovens a participarem em celebrações e festas, torna-se fundamental. Importante também é dar-lhes a conhecer as suas raízes, levando-os aos lugares de origem, para que os possam amar, valorizar e preservar, e, porque não, escreverem mesmo essas memórias.

A Aldraba continuará a centrar a sua actividade na defesa e valorização deste património, quer através da realização de actividades diversas, em que promova a divulgação e defesa nas suas várias vertentes, quer através de uma atitude de apoio ou crítica relativamente ao que é feito para a sua preservação ou para o degradar.

Círia Brito

(Texto: Editorial do nº 12 da revista "ALDRABA")
(Foto reproduzida do blogue "Capeia arraiana")

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