Ao longo dos anos em que este blogue existe, evocámos aqui diversas preciosidades da doçaria tradicional portuguesa, para avivar memórias, despertar paladares e incentivar a degustação.
Foi o que se fez, a título de exemplo, com as trouxas da Malveira, com as fatias paridas e com o bolo-rei. E fazemos hoje com os fofos de Belas...
Os fofos de Belas, inicialmente conhecidos como “Fartos de
Creme”, são bolos de configuração cilíndrica, com uma textura semelhante ao pão-de-ló, sendo recheados com creme e polvilhados com açúcar.
São confecionados e vendidos na Fábrica dos Fofos de Belas
(Rua Dr. Malheiros, 18, Belas), gerida durante muitos anos por Liberdade
Fonseca, e atualmente pelos seus sucessores.
A autora da receita, que permanece há quatro gerações, foi a
mãe de Liberdade Fonseca. A casa dos fofos de Belas produz estes bolos desde
1850.
Há alguns anos atrás, no n.º 6 da nossa revista ALDRABA
(dezembro de 2008), a associada Vanda Oliveira (que sabe do que fala, pois
reside em Belas), publicou uma crónica dedicada a estes bolos, onde informa que o estabelecimento dos fofos é um local
agradável, pequeno, simples e acolhedor, com traços ainda do tempo em que era
uma padaria que cozia e vendia pão saloio e marmelada.
Diz a Vanda sobre
os fofos que “na primeira dentada, sente-se de imediato a sua textura fofa,
quase que lembrando o pão-de-ló, mas bastante mais doce, com um creme macio,
como recheio. E é esta junção do pão-de-ló com o creme, que surgiu da
iniciativa da pasteleira/cozinheira, por volta de 1850 que faz deste um ícone
gastronómico da zona de Sintra”.
Conta ainda a Vanda que “apesar de não terem atingido a projeção nacional de outros doces
tradicionais, os fofos de Belas são um cartão de visita desta localidade. A
melhor publicidade (e única) que têm é o “passa-palavra” dos clientes, que
chegam de todo o lado propositadamente para comer e levar os fofos, que se
vendem unitariamente e às caixas de 6”.
“E vendem-se
muitos, segundo a empregada de balcão que falou um pouco sobre a história
destes bolos. Antigamente, as muitas excursões que passavam por esta vila,
constituíam a melhor clientela, proporcionando o conhecimento deste bolo nos
seus locais de origem. Hoje em dia, as excursões já não passam por aqui,
seguindo por vias mais recentes. Mas os clientes continuam a chegar de fora e a
encher este pequeno espaço, principalmente ao fim de semana, desde pessoas
anónimas a personalidades públicas. A população de Belas também é cliente, não
só para consumo próprio, mas muitas vezes para oferta a familiares, amigos”.
JAF
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