quarta-feira, 30 de junho de 2010

Gente nova nos arraiais populares







Os santos populares, em Lisboa e em muitos outros pontos do país, são uma saudável ocasião de encontro, de lazer e de convívio.
As noites do Santo António, do São João e do São Pedro de 2010 não fugiram à regra, pese embora as noites frias e ventosas que atingiram muitos dos arraiais por aí fora.
Nos "Combatentes", colectividade popular de Lisboa com a qual a Aldraba tem uma cooperação tão estreita, também fomos partilhar a animação, a alegria, a música, a sardinha assada.
Os dirigentes e activistas da colectividade são um exemplo de boa disposição e de dedicação às tarefas associativas, para os quais fica um abraço fraterno.
E testemunhámos, este ano, uma excelente ideia dos professores e pais de alunos de uma escola básica das redondezas: levar os miúdos a um jantar de confraternização no arraial dos "Combatentes", proporcionando-lhes (a muitos deles) um primeiro contacto com esta forma de cultura popular do seu país. Bem hajam pela ideia!
JAF (texto e fotos)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Batendo / Aldrabando - Exposição na Casa da Cultura de Loulé


Está a decorrer, entre 14 e 25 de Junho, uma exposição de trabalhos fotográficos de Ana Floro, aluna do 3.º ano do curso de Design de Comunicação da ESECUAlg.

Transcrevemos um texto enviado pela autora, a propósito da exposição patente na Casa da Cultura de Loulé:

"O conjunto fotográfico exposto retrata elementos pouco salientes, mas existentes nas nossas portas. Algo que hoje já não se usa, e até esquecido por muitos, é aqui valorizado. O Batente e a Aldraba, pequenos - grandes! - objectos acabaram por entrar em desuso, dando lugar à vulgar (e sem graça) campainha. Ao passo que o batente anunciava a visita aos que em redor da habitação se encontrassem, num som estridente, num movimento repetido, quase frenético... já para não falar do prazer de manipular estas verdadeiras obras de arte!
A porta, envolvente do próprio batente, é também algo fascinante. A textura, o saltar da tinta, as cores pálidas... o cheiro a abandono. Uma beleza invisível aos olhos dos mais apressados, despreocupados... aos olhos “dos outros”! Ruas calmas, quietas... abandonadas, é aí que se escondem, e é aí que sei que posso encontrá-los ainda."

MEG

domingo, 13 de junho de 2010

Objectos populares da Cova da Beira





A "Oficina de Objectos" é uma iniciativa de grande interesse, centrada no artesanato do concelho do Fundão e restante região da Cova da Beira.

Os promotores da "oficina" estão sedeados na aldeia de Alcaide (telefones 96614258 e 964008323), e aparecem há sete anos em diversos eventos e certames populares que vão acontecendo pelo interior do nosso país.

A Aldraba conhece-os já há algum tempo, do Festival dos Chocalhos, e teve muito gosto em reencontrá-los na Festa da Cereja (que decorre de 10 a 13 de Junho em Alcongosta).
Segundo a apresentação que fazem de si mesmos, "a Oficina dos Objectos produz objectos artesanais com base nas referências regionais, tendo como linha orientadora a Serra da Gardunha, que funciona como fornecedora de matéria-prima e como base inspiradora de novos produtos".

Diz a "oficina" que é fácil construir pequenos animais, tendo como matéria-prima de base pequenas pontas de madeira. Brincando com as tonalidades, com as texturas da casca, com as maleabilidades, vamos juntar e criar um animal com alguma piada. Pode-se criar um pequeno rebanho de ovelhas, fazer o patinho feio, um mocho ou o pica-pau, que é um objecto lúdico onde um pica-pau faz um percurso descendente sobre um varão de madeira simulando o picar da madeira.

Conta também como é fácil chegar à vassoura de esparto, com palha recolhida nas zonas mais sombrias da serra, 100% biodegradável. Objecto funcional, resistente e agradável. A tradicional vassoura de esparto que adquiria em tempos não muito distantes funções bastante diversificadas, pincel para a barba, piaçaba, varrer a lareira, vassoura de utilização normal. Depois veio um senhor da China, carregado de outras vassouras, ...

E demonstra ainda como se podem construir belas miniaturas de casas de xisto, com fragmentos de pedra.
Tudo isto, e outros deliciosos objectos populares, fomos encontrar na mostra que a "Oficina de Objectos" tem em Alcongosta, num espectacular espaço que preparou a partir de um antigo curral anexo a uma casa de habitação.

Os nossos parabéns a estes amigos pelo seu trabalho, e as nossas despedidas até Setembro, em Alpedrinha!

JAF (texto e fotografias)

domingo, 30 de maio de 2010

A Aldraba por terras de Pedrógão Grande




















No jardim fronteiro à Câmara Municipal, começou a juntar-se no passado sábado o grupo de participantes no XVI Encontro da Aldraba, que mais tarde viria a reunir 20 associados e amigos, chegados uns do distrito de Lisboa, outros dos distritos de Santarém e de Coimbra, outros do próprio distrito de Leiria que nos acolhia.

No Centro de Interpretação Turístico da C.M.Pedrógão, fomos recebidos pela vereadora da Cultura Drª Sofia Neves e pela técnica responsável pelo Centro, tendo-nos sido proporcionada uma rica visão global das riquezas naturais e culturais do concelho.

A associação dos bombeiros voluntários locais serviu um apetitoso almoço de cabrito assado, a que se seguiu um passeio a pé pelo centro histórico, muito elucidativo dos traços estéticos principais do edificado, e do cuidado com que as suas características têm sido preservadas.

Maravilhámo-nos durante a tarde com as vistas do vale do Zêzere, na zona da albufeira do Cabril, Srª dos Milagres, Penedo do Granada, Convento da Srª da Luz, ponte filipina...

Ao fim da tarde de sábado, na Villa Isaura (Troviscais), conhecemos interessantíssimos materiais museológicos, ligados à saga dos antigos migrantes ratinhos, designadamente instrumentos pastoris e têxteis, e outros materiais coligidos pelo nosso associado Aires Henriques, merecedores de cuidada catalogação e divulgação em exposições em que a Aldraba poderá vir a colaborar.

Após animado jantar volante, a Villa Isaura albergou ainda uma noite de poesia e reflexão sobre os temas patrimoniais. Entre os intervenientes, para além do sempre presente João Coelho, contámos com o escritor local Adriano Pacheco e o nosso querido associado Kalidás Barreto.

O dia de domingo foi passado com o acompanhamento da peneiração, amassada e cozedura de pão, nas instalações da Associação Cultural e Recreativa de Melhoramentos do Mosteiro, com a visita a um moinho de rodízio recuperado, na margem da Ribeira de Pera, com um inesquecível almoço de convívio na Associação, e finalmente um passeio pedestre nas frondosas e refrescantes veredas junto à ribeira.

Dois dias de intensa confraternização, contacto com as práticas culturais e de vida de uma população beirã, e partilha de experiências com os pedroguenses que persistem em dar a conhecer e valorizar o seu património.

JAF (texto e fotografias)

domingo, 16 de maio de 2010

XVI Encontro – “O povo ratinho e os saberes ancestrais”




No XVI Encontro da Aldraba, Pedrógão Grande é o nosso destino nos dias 29 e 30 de Maio.

Antigo concelho beirão, a 190 km de Lisboa, com foral de 1206, situa-se num amplo planalto banhado pela albufeira do Cabril, no Zêzere, onde o azul das águas “pinta” natura tela verde azul tonalizada apela imponente presença das penedias. “A bela natura abre-se pelas encostas vestidas de verde, de cores e sombras…”.

Por aqui passara Camões para escrever o belo poema Oh! Pomar Venturoso e, porventura, de visita a Miguel Leitão de Andrada, que combatera na fatídica batalha de Alcácer-Quibir e dela escrevera, quiçá, o mais vero relato, na sua Miscellânia.

O programa é o seguinte:

Dia 29: Pedrógão Grande e Troviscais
08,00 h: Saída (para os que partem de Lisboa)
10,30 h: Chegada a Pedrógão Grande e concentração frente ao quartel dos bombeiros
11,00 h: Visita ao Centro de Interpretação Turística
12,30 h: Almoço na Associação dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão
14,00 h: Centro Histórico da Vila; miradouros dos Milagres e da Sra. da Confiança; as panorâmicas da barragem, do Penedo do Granada (local de mística e poesia), do antigo convento da Sra. da Luz; circuito pela margem do rio e a ínsua “Vau Azul”
17,00 h: Villa Isaura/Turismo Rural, povoação de Troviscais, para ver/contemplar pratos “ratinhos” e antigos instrumentos têxteis e pastoris
19,30 h: Lanche-convívio em Villa Isaura. Noite “ratinha” e poética

Dia 30: Mosteiro. As várzeas do milho e o ciclo do pão
09,30 h: Encontro na casa de um associado “aldraba”
10,00 h: Visita a um moinho de rodízio, recuperado e a funcionar
11,00 h: A velha Ponte. O ver fazer a amassada e cozedura do pão
13,00 h: Almoço - Encontro na Associação de Melhoramentos e Cultural do Mosteiro
15,30 h: Passeio pela aldeia. Circuito de manutenção “Contra a Corrente” do Pêra

Vamos pelo Sonho. Pela Cultura e pelo Património Popular!

As inscrições devem ser feitas telefonicamente, até 4ª feira, dia 26/5, junto de um dos dois membros dos órgãos sociais que organizaram o Encontro, a Margarida Alves (966474189) ou o João Coelho (967007423). Os participantes que não têm carro próprio, e, inversamente, os que têm e possam disponibilizar algum(ns) lugar(es), devem indicá-lo no acto da inscrição, para se poder assegurar transporte para todos.

JHC, com fotografias da Internet

domingo, 9 de maio de 2010

"Futebol, Fado, Fátima"











Num estimulante depoimento ao "Expresso" de ontem, 8.5.2010, o sociólogo Marinus Pires de Lima comenta aquilo que, em seu entender, torna irrepetíveis em Portugal os fenómenos de agitação social violenta que observámos nos últimos dias na Grécia. "Não é que faltem motivos para a luta, o aumento do desemprego e da precariedade, o agravamento das condições de vida, o corte das prestações sociais... O que escasseiam são rostos e palavras de ordem capazes de trazer a multidão à rua". E continua com tal avaliação negativa, apontando aos sindicatos, partidos e organizações estudantis de Portugal o seu envelhecimento e o facto de se terem acantonado há muito em reivindicações muito específicas e corporativas, incapazes de trazer atrás de si outros segmentos da população.

Marinus Pires de Lima é um intelectual da escola do prof. Adérito Sedas Nunes, de grande nível, que eu conheci e aprendi a respeitar como docente no final dos já longínquos anos 1960's. Por razões que ignoro, pouco se tem falado nele, e desenvolve o seu trabalho sério e rigoroso num centro de investigação da Universidade de Lisboa.

Voltando aos seus pontos de vista ontem publicitados, destaco o sentimento de que "Portugal é mesmo um país de brandos costumes... , em parte continuamos a ser o país do futebol, fado e Fátima". "É através do futebol que se vai mudar a sociedade? Não, mas é exactamente para as claques e para essas rivalidades que está a ser canalizada muita da tensão dos jovens" (MPL).

Hoje mesmo, à tarde, ao passear de automóvel por localidades de cinco dos concelhos limítrofes da cidade de Lisboa, estas reflexões vieram-me muitas vezes ao espírito. Elementos da população, de muitas idades e condições sociais, preparavam-se com toda a espécie de objectos de propaganda e agitação para a previsível festa de logo ao fim do dia, de comemoração da vitória do seu clube no campeonato da Liga. Em janelas, placares e outros locais de destaque, anunciavam-se já as manifestações de massas com que, nos próximos dias, vai ser assinalada a passagem por Portugal do chefe máximo da igreja católica.

Não hoje, mas em datas recentes, multidões ululantes têm enchido pavilhões para vibrar com o Tony Carreira (e, ultimamente, com o seu "rebento" Mickael), ou então são centenas de jovens que passam noites a fio em filas de espera para comprarem bilhetes para um próximo concerto de uma qualquer banda irlandesa, americana ou inglesa. Claro que não se trata do fado (esse, em verdade, até é uma arte nacional que merece consideração), mas sim da música mais oca e gratuita que se pode imaginar...

Então, o desporto, as religiões e a música não são formas de expressão legítimas e importantes para a autoestima das colectividades? Claro que sim, mas o que não podem - não devem! - é aparecer como substitutos e panaceias para o alheamento e a ignorância da população em relação aos problemas históricos que a afligem.

JAF (fotografias reproduzidas da internet)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Aldraba no lançamento de "Associativismo, património e cidadania"





A associação ALDRABA esteve representada no lançamento deste livro do Luís Maçarico, que foi um grande momento de vibração associativa e de partilha de sonhos. O presidente da Direcção, José Alberto Franco, apresentou na altura uma intervenção relativa ao percurso do autor:

Foi-me pedido um contributo, nesta sessão de apresentação do trabalho do Luís Filipe Maçarico “Associativismo, património e cidadania”, que constituísse o meu testemunho quanto ao envolvimento do autor no movimento associativo.

A minha perspectiva de observação, apesar de não ser tão extensa no tempo quanto a de outros amigos e companheiros, aqui presentes, que convivem com o Luís há mais anos, será ainda assim privilegiada, na medida em que compreende uma experiência conjunta muito intensa e rica, na área em causa.

Conheci o Luís Maçarico em 2001, no contexto da Casa do Alentejo e de uma das colectividades regionais aí sedeadas.

Cooperámos em actividades práticas dessa colectividade, e pude vivenciar a riqueza dos contributos que ele concebe e propõe continuamente, a vastidão e a diversidade dos conhecimentos humanos e institucionais que ele detém.

Mas, o mais importante, não é ele deter esses conhecimentos, é, sim, o ele partilhá-los espontaneamente nas organizações onde está, tornando os seus amigos como nossos amigos, que se prontificam desde logo a cooperar connosco com a mesma intensidade e disponibilidade como o faziam com ele!

Outra característica da postura do Luís, nas colectividades onde está, e que eu presenciei tantas vezes, é o seu inconformismo com o oportunismo e as deslealdades, que ele repudia e deita fora, às vezes quando outros amigos ainda não se aperceberam desses desvios.

Contudo, não é o inconformismo para o abandono e para o desalento, é geralmente uma atitude pela positiva, de que é necessário rejeitar o que não presta, reunir as forças que são saudáveis, e recomeçar de novo, com energias redobradas.

Assim foi na experiência associativa em que o conheci, assim tem sido nas outras colectividades em que à distância o tenho acompanhado (falo da Liga dos Amigos de Alpedrinha, de “Os Combatentes”, do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades, entre outras).

E é sobretudo esse o testemunho que posso transmitir destes 5 anos que levamos em conjunto na Associação ALDRABA, em que temos trabalhado de forma entusiástica e militante, e de cujos resultados ou perspectivas vários dos presentes poderão falar.

Muito obrigado, Luís Maçarico, pelo que tens dado de ti à causa do associativismo popular na nossa terra!

José Alberto Franco
29.4.2010