sexta-feira, 22 de março de 2013

João Honrado






















Chilreada de pardais
Junto à serra da prisão
Indiferentes e irreais
Eles ali cantando estão
Mais à frente está o mar
À frente de tudo isto
Como papel inútil
A quem pusessem visto.

JOÃO HONRADO, 1964

Neste dia de 22 de março de 2013, em que o João nos deixa, e na véspera do dia em que os amigos o vão acompanhar de volta à sua Ferreira do Alentejo, a ALDRABA evoca o homem, o lutador, o cidadão, exemplo de simplicidade e dedicação às causas do nosso povo.

Para o nº 1 da revista "ALDRABA", saído em abril de 2006, o João Honrado deu-nos para publicar o poema inédito, acima reproduzido, que ele havia escrito no forte de Peniche em 1964, onde esteve preso, às ordens da PIDE, tal como também esteve no Aljube, em Caxias e no Limoeiro.

Em junho de 2007, no nº 3 da nossa revista, saíu uma longa entrevista que o João deu à Sónia Frade e ao Luís Maçarico. Aí se escreveu, sobre ele, que "a vontade de viver e de ver as suas ideias triunfar animou a sua longa espera. Encarcerado umas vezes, clandestino outras, apenas por ser comunista. Incansável depois de abril, João Honrado escreveu vários livros, dirigiu periódicos, fundou associações, participou intensamente na atividade política autárquica, não se coibindo de dar a sua opinião em artigos, mostrando o seu sentir, apontando os caminhos mais certos, segundo o seu ponto de vista. Um homem assim não cabe dentro das palavras, porque elas apenas conseguem imitar a vida!"

Em 2004, o João Honrado ensinou-nos a rejeitar o oportunismo dos que procuram cavalgar as iniciativas do coletivo para a sua promoção pessoal. De certo modo, ajudou a fundar a nossa Associação.

Até sempre, João Honrado.

José Alberto Franco

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