O teatro de revista continua a dar que falar…
Um folheto colorido como os de antigamente anuncia a popular revista, com a figura do Zé-povinho a ser malhado na cabeça, e à sua volta 23 retratos-caricaturas dos artistas participantes.
Fruto da situação política, económica e social, este tipo de teatro de carácter popular continua bem presente na consciência dos portugueses. Mobiliza as pessoas a reunirem-se, com o objetivo de conviverem e divertirem-se numa tarde ou noite bem passadas. É o que tem acontecido desde o início de Março na coletividade Grupo Dramático Escolar “Os Combatentes”, com a peça “É tudo a malhar!!!”, da autoria de Paulo Vasco. É de realçar o espírito da coletividade que contagia o público e proporciona momentos de humor e de tertúlia que não deixam ninguém indiferente. Os risos, a interação pessoal, a confraternização, é este o espírito que se vive intensamente ao revisitar a revista.
O profissionalismo demonstrado pelos atores amadores que “correm por gosto” é impressionante e, na noite de antestreia, proporcionaram um belíssimo espetáculo que se prolonga até de madrugada. Destaques para a artista que representou de canadianas e ia em breve ser operada, e o artista cujo familiar na véspera teve um acidente cardiovascular, mas que não faltou à chamada, nessa noite, para estar em palco a representar com os seus colegas de coletividade. Não é fácil atualmente ver tanta dedicação, entusiasmo e participação dos artistas e técnicos e o empenhamento do próprio público. Existe aqui uma ligação muito forte entre quem representa e quem assiste, somos envolvidos e tornamo-nos parte integrante da tertúlia que decorre naquele espaço, naquele momento, ali…ao vivo!
Este tipo de eventos não tem grande visibilidade nos meios de comunicação de massa, pois não se destinam a faturar dinheiro. A sua caraterística popular ultrapassa a própria representação do espetáculo. Tem, por detrás dela, toda uma preparação participada, continuada e empenhada das pessoas, numa vivência continuada de proximidade. Os valores imateriais da cultura popular continuam bem vivos, mas para os descobrir e saber apreciar temos que estar culturalmente despertos. A característica popular, não comercial e a colaboração amadora às artes, alcançou uma qualidade notável.
A peça encontra-se em cena aos sábados, todas as semanas, até ao próximo mês de Junho de 2013.
Grupo Dramático Escolar “Os Combatentes”,
Rua do Possolo, nº 5-9, Lisboa
Telefone: 21 396 75 23
Bruno Rebelo e Luís Ferreira (associados da ALDRABA)
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