terça-feira, 23 de abril de 2024

MULHERES BEM-COMPORTADAS RARAMENTE FAZEM HISTÓRIA












Pré-publicação do editorial do n.º 35 da revista ALDRABA, que se encontra no prelo:

A Aldraba nasceu há 19 anos, no dia 25 de Abril, no regaço da Revolução de 1974 que agora comemora os seus 50 anos!

Quero hoje lembrar as sábias palavras da nossa querida e saudosa dirigente Maria do Céu Ramos que, em abril de 2014, neste mesmo espaço, escreveu sobre o papel da Aldraba: “Só preservamos o que conhecemos e amamos. O nosso contributo para o desenvolvimento é este”. Sendo a nossa matriz a preservação da memória, registe-se então um breve apontamento sobre Mulheres.

Como alguém disse: “Mulheres bem-comportadas raramente fazem história”.

Em 1975, decorria o Ano Internacional da Mulher, um pequeno grupo de mulheres organizou uma intervenção pública feminista. Pretendiam as autoras, simbolicamente, demonstrar o que sentiam ser o lugar atribuído às mulheres na sociedade portuguesa ainda nessa data. Uma sociedade vista como profundamente redutora, de um conservadorismo há muito ultrapassado em quase todo o ocidente e até mesmo nas capitais das ex-colónias.

Viviam-se tempos de grande fervor revolucionário. Tudo era questionado: a paz, a educação, a saúde, a habitação, a economia. Tudo. Tudo, menos a condição da mulher portuguesa e qual o seu lugar na nova sociedade saída da Revolução.

Como se veio a provar, a sociedade portuguesa não parecia estar ainda preparada para este embate e, por muito tempo, permaneceu machista, ultraconservadora e profundamente opressora no que às mulheres diz respeito.

Esta intervenção pública, que decorreu a 13 de janeiro (quase um ano após o 25 de Abril e do extraordinário julgamento das 3 Marias), marcará tristemente o percurso da Revolução dos Cravos. Um desfecho humilhante e traumático para tão corajosa ação.

Resumidamente, um restrito grupo de mulheres, algumas com os filhos pequenos pela mão, dirigiu-se ao Parque Eduardo VII no intuito de realizar uma simbólica ação performativa.

Algumas, munidas de cartazes, outras caracterizadas com visuais estereotipados: vamp, enfermeira, professora, doméstica, noiva... queriam, no espaço público, denunciar o papel que lhes cabia na sociedade: ser filhas obedientes, castas noivas, esposas dedicadas, trabalhadoras abnegadas ou mulheres fatais, em suma, cuidadoras atentas, pacientes, dóceis e, sempre, submissas ao homem. 

O final da performance, que não chegou a acontecer, culminaria na destruição da coisificação que as agrilhoava, símbolos simples, mas comuns e entendíveis por todos, como por exemplo, aventais, revistas pornográficas e até o próprio Código Civil. Mas acabou por ser “um desastre”. No local encontravam-se mais de dois mil homens à espera.
 Todas foram aviltadas, ofendidas verbal e fisicamente. Todas não... a noiva ficou incólume!

Lembro bem este acontecimento, apesar dos meus cinco anos. Um pai de três meninas pequenas chegou a casa no final desse dia, cheio de soberba (teria participado também?), a relatar o sucedido. Não precisamos exatamente quais as palavras, mas ficou a pairar a ameaça: “tiveram o que pediram”. Era este homem de esquerda e profundamente empenhado na ação revolucionária. “Tinha acontecido o 25 de Abril, mas a mentalidade não tinha mudado”.

Muito foi conquistado desde então. As mulheres têm sabido exigir o seu lugar na sociedade e na vida, a distância na paridade de géneros é vertiginosamente menor e, contudo, ainda significativamente acentuada.

Os atuais números sobre a violência exercida sobre as meninas e mulheres são reveladores de que ainda há muito caminho a percorrer. Prova disso é o mito que teima em prevalecer sobre este triste episódio e que ainda hoje é lembrado como o dia em que as mulheres foram para o Parque Eduardo VII “queimar sutiãs”!

Escrevo este texto e não me sai da cabeça que uma “Mulher na Democracia não é biombo de sala”, o refrão do cantautor que, entre tantos que me acompanham, soube tão bem expressar o amor à liberdade.

Saímos há poucos dias de umas eleições legislativas em que o escrutínio do povo foi expressivo de mudança para um retrocesso que já parece evidente. Após a revisão em 2019 da Lei da Paridade, que fixou em 40% a percentagem mínima na Assembleia da República para cada um dos sexos nas listas eleitorais, em 2024 apenas 76 mulheres, 33,0%, ocupam os 230 mandatos atribuídos (em 2022 tinham sido eleitas 85 deputadas, representando 36,9% do Parlamento).

Hoje, tal como antes, existem avanços e recuos aos direitos conquistados. Nunca como agora a nossa Constituição de 1976 deve ser protegida, defendida e cumprida.

Viva o 25 de Abril... Sempre!

Marta Barata



terça-feira, 26 de março de 2024

Comemorámos o Dia Mundial da Poesia na Casa de Tondela

No passado dia 22 de março de 2024, a associação ALDRABA comemorou o Dia da Poesia na Casa do Concelho de Tondela.

Um fim de tarde e noite muito animados e calorosos, em que se reuniram cerca de 20 participantes, primeiro numa sessão de declamação de poesia e depois num ótimo jantar-tertúlia (o 37.º).

Leram poemas de sua autoria os nossos associados Miguel Coelho, Luís Fernandes, Jorge Almeida, João Coelho e Luís Maçarico, e o amigo Fernando Duarte, a que se juntaram, lendo poemas de autores da sua escolha, os associados Nuno Silveira, Margarida Vicente e José Alberto Franco. Uma partilha muito afetiva e muito bela!

O jantar delicioso, composto por entradas típicas, sopa de peixe, lombo de porco assado com arroz e salada, e pudim, foi servido à mesa pelo incansável presidente da Casa de Tondela (e nosso associado também) Elísio Chaves, e por outros voluntários.

Um convívio inesquecível e um elevado exercício cultural, que deixou a todos grande vontade de reedições idênticas.

JAF (fotos de Marta Barata)

segunda-feira, 18 de março de 2024

37.º Jantar-tertúlia na Casa do Concelho de Tondela, próx. 6ªfeira, 22.3.2024, 20 h


A Aldraba vai voltar a ter um jantar-tertúlia na Casa do Concelho de Tondela, na próxima 6ª feira, dia 22.mar.2024, a partir das 20 horas (na sequência da sessão de poesia que se realiza no mesmo dia e local às 18h30).

Recorda-se que a Casa de Tondela fica em Campolide, na Rua Miguel Torga 21 Loja A, 1070-183 Lisboa.

Tal como em 2016, seremos recebidos pelo presidente Elísio Chaves, nosso amigo e agora também associado da Aldraba.

A refeição será composta por sopa de peixe, lombo de porco assado com arroz, vinho, sobremesa e café, ao preço único de 12,5€ (digestivos ou outras bebidas pagos à parte).

Os interessados em participar devem manifestá-lo para o e-mail aldraba@gmail.com até 5ª feira, 21 de março.

JAF

sábado, 16 de março de 2024

ALDRABA assinala o Dia Mundial da Poesia com uma sessão em 22.3.2024 na Casa de Tondela

Em 21 de março, comemora-se o Dia Mundial da Poesia, criado em 1999 pela UNESCO para “promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia através do mundo”.

A associação ALDRABA sempre, desde 2005, dedicou grande atenção a todas as formas de expressão poética.

Este ano, vamos realizar no dia subsequente (6.ª feira, dia 22 de março de 2024) uma sessão de poesia com os nossos associados e amigos, sejam aqueles que produzem poesia, sejam os que a apreciam e cultivam.

Convidamos todos a comparecerem e a participarem – pela leitura de poemas próprios ou de outros autores – nesta sessão, que vai ter lugar a partir das 18h30 , na Casa do Concelho de Tondela em Lisboa, sita na Rua Miguel Torga 21 Loja A, 1070-183 Lisboa, em Campolide (Telefone 21 383 05 99).

Nas próprias instalações da Casa de Tondela, depois da sessão de poesia, teremos um jantar de confraternização (ver post autónomo).

JAF

domingo, 3 de março de 2024

Excelente visita à exposição sobre Gil Vicente em 2.3.2024






Numa tarde de inverno impiedoso, 15 participantes da associação Aldraba puderam apreciar e disfrutar da exposição sobre a obra de Gil Vicente que está a ser exibida no Museu Nacional do Teatro e da Dança.

Tivemos o privilégio de ser guiados pela técnica Dr.ª Olga Monteiro, com um conhecimento profundo da obra deste gigante da cultura portuguesa, e com uma enorme facilidade de comunicação, permitindo-nos entender de forma muito viva o significado e o alcance do rico acervo da exposição.

O nosso vivo agradecimento pelo trabalho que foi partilhado connosco.

JAF 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

15ª visita a espaços de interesse para o património - Exposição "Gil Vicente - Portugal e Espanha nos primórdios do teatro europeu", sábado, 2.3.2024, às 16h30, no Museu Nacional do Teatro e da Dança (Lumiar, Lisboa)


 








Desafiamos desta vez os nossos amigos e associados a uma visita à imperdível exposição que está a ser exibida no Museu Nacional do Teatro e da Dança, sito na Estrada do Lumiar, 10, em Lisboa (perto da igreja e do cemitério do Lumiar, com o telef. 21 756 7410).

A visita inicia-se às 16h30 do sábado 2 de março próximo, e seremos recebidos e guiados pela Dr.ª Olga Monteiro, do Serviço Educativo do Museu. Não é necessária inscrição prévia, havendo lugar ao pagamento de uma entrada de 5€, com redução para 2,5€ para pessoas com mais de 65 anos.

Iremos conhecer “a maior exposição até hoje realizada em torno de Gil Vicente”, que apresenta mais de 450 peças - livros, figurinos, trajes de cena, adereços, desenhos e maquetes 3D de cenários, marionetas, pinturas, cartazes, mapas, fotografias, vídeos, instrumentos musicais e outros objetos - provenientes de diversas instituições culturais e companhias de teatro, portuguesas e espanholas, que nos levam numa viagem do séc. XVI até hoje, revisitando a história do espetáculo em Portugal nos últimos 150 anos.

Segundo o diretor do museu, Nuno Costa Moura, a exposição nasceu de uma ideia da Associação Portuguesa de Cenografia e que foi pensada em partilha de acervos entre o museu português e o seu congénere espanhol, o Museo Nacional del Teatro.

Vamos poder ver nesta exposição, por exemplo, peças que pertencem ao espólio da extinta companhia Cornucópia, de Luís Miguel Cintra, que representou por diversas vezes autos de Gil Vicente. Além de trajes de cena, adereços, figurinos, maquetes de cenários ou fotografias e vídeos das peças, a exposição mostra também alguns “tesouros”, como a compilação de 1562 e a de 1586, uma do Palácio Nacional de Mafra e outra da Biblioteca Nacional, e também desenhos de Almada Negreiros para “Auto da Alma”, que o artista apresentou em 1965, bem como outros objetos de cena, cartazes, instrumentos musicais e outros objetos.

“Passados 500 anos, Gil Vicente ainda desperta o interesse coletivo, refletido na diversidade de artistas que têm trabalhado a sua obra - da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro ao Teatro Praga, do Teatro da Cornucópia às revistas à portuguesa de Eugénio Salvador - fazendo dele o dramaturgo mais representado em Portugal”, indica o museu.

A mostra, que ocupa dois pisos do Museu Nacional do Teatro e da Dança e os jardins, reúne peças de museus como o Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, o Museu Nacional de Arqueologia, o Palácio Nacional de Mafra, o Museu Nacional do Azulejo, o Museu Nacional de Arte Contemporânea ou o Museu Nacional da Música. Há também espólio proveniente dos Teatros Nacionais de S. João e D. Maria II, bem como da Compañía Nacional de Teatro Clásico de Espanha.

Gil Vicente, que terá nascido em 1465 e falecido em 1536, foi um homem de teatro total que, desde o início, se encarregou da conceção e da montagem do espetáculo teatral, escrevendo o texto, distribuindo os papéis, concebendo cenários e máquinas de cena, e compondo música e dança.  Trata-se, indiscutivelmente, da figura mais importante da dramaturgia peninsular do seu tempo.

Não obstante, não surge isolado, resultando como o mais brilhante autor de uma tradição que, com raízes medievais, ganhou impulso decisivo no início do século XVI, quando pontificaram outros dramaturgos como os espanhóis Juan del Encina e Torres Naharro.

Esta exposição enquadra Gil Vicente numa atividade refundadora do teatro ocidental. Na sua obra encontra-se já boa parte dos temas que constituem o Humanismo, base da Europa de hoje. Por isso, passados 500 anos, Gil Vicente ainda desperta o interesse coletivo, refletido na diversidade de artistas que têm trabalhado a sua obra - da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro ao Teatro Praga, do Teatro da Cornucópia às revistas à portuguesa de Eugénio Salvador - fazendo dele o dramaturgo mais representado em Portugal.

Com esta exposição pretende-se, então, redescobrir o contexto histórico da produção teatral vicentina, ao mesmo tempo que se evidencia a sua pertinência na atualidade e as leituras plurais que a interpretam. 

JAF (texto adaptado do site do MNTD)

sábado, 17 de fevereiro de 2024

22 associados analisaram e votaram documentos contabilísticos e programáticos












A Assembleia Geral ordinária de 2024 da associação Aldraba foi ontem realizada conforme previsto, sob a liderança do respetivo presidente João Coelho (coadjuvado pelo vice-presidente Jorge Branco e pela secretária Lúcia Gonçalves), tendo estado presentes a totalidade dos membros da Direção e do Conselho Fiscal, e ainda um número significativo de outros associados, num total de 22.

Boa participação dos presentes na discussão dos documentos apresentados, o que constituiu um estímulo para a prossecução da nossa atividade. Refira-se que os presentes eram cerca de 1/4 dos atuais associados da Aldraba e cerca de 1/3 dos residentes na área metropolitana de Lisboa; nºs animadores, atendendo ao caráter pouco mobilizador deste tipo de assembleias gerais.

JAF