sábado, 31 de março de 2018

O santuários e a religiosidade popular

 
Numa época do ano em que a religiosidade popular está particularmente ativa, em Portugal, em Espanha, noutros países da Europa do Sul e noutras partes do globo onde a expansão ibérica dos sécs. XVI e XVII chegou, é oportuno recordar o essencial de um artigo que publicámos no n.º 12 da revista ALDRABA, em outubro de 2012:

Vamos ao encontro do número temático que a revista ITINERANTE publicou, no passado mês de junho de 2012, dedicado aos santuários de Portugal.

Tal como nas anteriores seis edições da revista, este n.º 7 da ITINERANTE é balizado pela trilogia Conhecer // Caminhar // Conviver, num saudável e estimulante desafio aos leitores para que amem o seu país à medida que o vão conhecendo, mas que o conheçam de perto, em contacto direto com os locais e com as populações envolvidas.

Logo no editorial, assinala Nuno Gama Nunes que “os caminheiros podem ser romeiros, crentes ou não, mas certamente interessados pelo nosso riquíssimo património cultural e religioso”. Mais adiante, que os santuários são “um tema intemporal, que atravessa séculos e crenças, por vezes de origem pagã, mas bem presente nos dias de hoje”, e que “continua a mover e motivar multidões”.

José Constantino Costa, ao longo de 17 páginas profusamente ilustradas e com interessantíssimos registos e relatos, dá-nos conta da sua “romaria por santuários de Portugal”, em que visitou e se deteve em sete locais do país que polarizam caminheiros e crentes: Avessadas (Marco de Canavezes), Balsamão (Macedo de Cavaleiros), Bom Jesus Milagroso (ilha do Pico), Cristo Rei (Almada), Lapa (Sernancelhe), Mãe Soberana (Loulé) e Senhora de Brotas (Mora).

Atenção que estes sete santuários são uma amostra diminuta dos 162 santuários portugueses em atividade, recenseados pela Associação de Reitores dos Santuários de Portugal, numa lista organizada por dioceses que a ITINERANTE reproduz. Avultam nessa lista, pela sua maior expressão quantitativa, a arquidiocese de Braga, com 26 santuários, o patriarcado de Lisboa, com 17, a diocese de Lamego, com 16, a diocese de Bragança e Miranda, com 14, e a diocese do Porto, com 10. Um vasto campo de trabalho para o conhecimento que se deve desenvolver.

Relativamente aos territórios onde se situam os sete santuários estudados, a ITINERANTE propõe outros tantos trilhos, organizados para caminheiros que praticam percursos pedestres em grupo – atividade física e cultural que nos últimos anos tem vindo a conhecer um enorme desenvolvimento, e que daqui se saúda! – e apresenta-nos algumas apetitosas sugestões gastronómicas.

Como últimas referências para que chamamos a atenção neste nº 7 da revista, merecem ser mencionados o trabalho de índole histórica de José António Falcão (“Os santuários, do paganismo à contemporaneidade”), a entrevista com o reitor do santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, e as recensões de livros de José do Carmo Francisco (por sinal, também associado e colaborador da nossa Associação).

De anteriores reflexões que a ALDRABA já produziu acerca destes assuntos, é oportuno recordar o que escrevemos em 2006 no site “Aldraba Digital”, onde assinalámos:

A religiosidade popular é uma questão ampla e complexa, relacionada com inúmeros aspectos culturais tradicionais, numa constante dialética entre modernidade e ancestralidade. Portugal, sobretudo nos meios mais rurais (…) tem uma vasta ligação às tradições da Igreja católica, que em muitos casos se cruzam com crenças e ritos anteriores ao cristianismo, o que está subjacente à sobrevivência dos aspetos mais marcantes da religiosidade popular. (…) No caso português a religiosidade, sob uma aparente agregação enraizada no catolicismo, manifesta-se na abrangência plural da sociedade portuguesa, entre a vivência do sagrado e do profano, independentemente das suas matrizes de origem”.

Afirmámos ainda nesse local que “com frequência, a religiosidade popular afirma-se em oposição à oficial, sendo entendida por esta como uma forma híbrida, isto é, como uma forma inadequada do pensamento e da prática da religião oficial. É difícil precisar como se fundiram e encontraram este "imaginário", este "fantástico real", o culto do sagrado, onde se incluem conjuntos de superstições e gestos mágicos, onde com uma estruturação rigorosa do espaço geográfico e do calendário, continuam a permanecer as referências pagãs das grandes festas da primavera e do outono”.


Mais tarde, no contexto de uma reflexão a propósito do culto de Nossa Senhora do Ó existente, pelo menos, em dezasseis freguesias portuguesas, escrevemos no blogue “A ALDRABA”: “O que interessa, do ponto de vista cultural, são as atitudes com que o povo enfrenta as adversidades, os sofrimentos, e procura exorcizá-los com a invocação, e a representação gráfica ou plástica, de uma “Senhora” que chamaria a si todos esses elementos negativos, para os eliminar ou, pelo menos, para os suavizar…” (post “Acerca das invocações de Nossa Senhora”, publicado em 8-9-2009).

José Alberto Franco

sábado, 24 de março de 2018

24º Jantar-tertúlia, na Associação Centro InterculturaCidade, dia 14.4.2018, sábado, às 19.30horas














A associação ALDRABA vai realizar, no próximo dia 14 de abril de 2018, sábado, a partir das 19h30, o seu 24º jantar-tertúlia, no Centro InterculturaCidade, que fica na Travessa do Convento de Jesus, 16A, em Lisboa (próximo da Calçada do Combro), com os telefones 21 820 76 57 e 92 609 36 04.

O Centro InterculturaCidade é uma Associação sem fins lucrativos que tem como fim a ação cultural e o desenvolvimento local, a educação popular e a cooperação para o desenvolvimento enquanto fatores de melhoria das condições de vida das populações e de requalificação dos seus habitats urbanos ou rurais. 

Conferindo atenção especial às comunidades migrantes em Portugal e aos respetivos países de origem, propõe-se intervir de forma preferencial junto de sectores mais fragilizados dessas comunidades, numa perspetiva de incentivo da participação cívica, do empreendedorismo social, do interassociativismo e da valorização das identidades e da diversidade enquanto factor positivo do desenvolvimento local.

Foi criado em Lisboa em 2004 no âmbito do projecto com o mesmo nome cofinanciado pelo Fundo Social Europeu através da Iniciativa Comunitária EQUAL, numa lógica de combate ao racismo e xenofobia e de valorização da diversidade cultural das comunidades presentes nos bairros históricos da Bica, Madragoa e Bairro Alto. 
Surge da necessidade identificada de apoio aos percursos socioprofissionais dos imigrantes, bem como à valorização das suas culturas de origem, na perspetiva da dinamização de práticas interculturais como mecanismos de inserção social.
Por ele passaram, desde a sua entrada em funcionamento, largos milhares de pessoas das mais diversas origens. Nas suas ações e iniciativas estiveram e estão envolvidos ainda hoje setores diferenciados de distintas comunidades migrantes, bem como da população local das freguesias da área em que o centro está implantado.
O jantar-tertúlia é da iniciativa do nosso associado Manuel Rodrigues Vaz, que é também ativista da InterculturaCidade, e que se disponibilizou para confecionar pessoalmente o prato principal do jantar (moamba).
A refeição incluirá o prato africano de moamba, bebidas, sobremesas e café, pelo preço global de 15€.
Durante o jantar falaremos das atividades da InterculturaCidade, e assistiremos depois a um concerto de música africana (antes do dia 14 de  abril, daremos mais pormenores).
Até 5ª feira, dia 12.4.2018, os associados e amigos da ALDRABA interessados em participar neste jantar devem inscrever-se, por mail ou por telefone, para a nossa associação (aldraba@gmail.com), para o José Alberto Franco (jaffranco@gmail.com / 963708481) ou para a Mª Eugénia Gomes (megomes2006@gmail / 964445270).
JAF  

quinta-feira, 8 de março de 2018

O Dia Internacional da Mulher


A história

O Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de março.A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu no final do século XIX e início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto. Em 26 de agosto de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhaga, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs a instituição de uma celebração anual das lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras.
As celebrações do Dia Internacional da Mulher ocorreram a partir de 1909 em diferentes dias de fevereiro e março, a depender do país. A primeira celebração deu-se a 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, seguida de manifestações e marchas em outros países europeus nos anos seguintes, usualmente durante a semana de comemorações da Comuna de Paris, no final de março. As manifestações uniam o movimento socialista, que lutava por igualdade de direitos econômicos, sociais e trabalhistas, ao movimento sufragista, que lutava por igualdade de direitos políticos.
No início de 1917, na Rússia, ocorreram manifestações de trabalhadoras por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Os protestos foram brutalmente reprimidos, precipitando o início da Revolução de 1917. A data da principal manifestação, 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano), foi instituída como Dia Internacional da Mulher pelo movimento internacional socialista.
Na década de 1970, o ano de 1975 foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e o dia 8 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas.

Nós por cá

Temos motivos de regozijo? Claro que sim! Muito caminho já foi andado no sentido de dar às mulheres do meu país direitos iguais aos dos seus companheiros.
No entanto...há sempre um “no entanto”!
Para além do trabalho doméstico e das responsabilidades com a família (crianças e mais velhos) que em muitos casos sobrecarregam o seu dia a dia, ficam duas perguntas das muitas que ainda não têm resposta:
·         A cada euro ganho pelos homens no seu trabalho correspondem 82,5 cêntimos para o trabalho feminino. Porquê?
·         85% da violência doméstica é exercida sobre as mulheres e em cada 10 condenados 9 têm a sua pena suspensa, significando isso que na maior parte dos casos voltarão para os seus lares, exactamente o local onde o crime foi cometido. Porquê?

MEG (Fotografia Visão)