quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Votos de um bom 2021


 








A Associação ALDRABA deseja a todos os associados, amigos e familiares, bem como às coletividades e autarquias que nos têm apoiado e com as quais temos interagido, um novo ano de 2021 com saúde e energia, e com perspetivas de paz e progresso.

Contamos com todos vós, e contem todos connosco! 

JAF


sábado, 26 de dezembro de 2020

Os saltimbancos do século XXI


 












Nos dicionários online da língua portuguesa, um saltimbanco é um “histrião que exibe as suas habilidades na via pública ou nas feiras, em geral num estrado” e também um “farsante, pelotiqueiro”, ou, em sentido figurado, um “indivíduo indigno de confiança ou consideração”.

De um modo geral, os conceitos oficiais desconsideram estes artistas, e são profundamente injustos para com quem trabalha honestamente para divertir os seus concidadãos, desenvolvendo habilidades e aptidões a que as pessoas “normais” não conseguem aceder, a troco de incertas e inseguras gratificações que são o seu único ganha-pão.

Dos mais velhos entre nós, quem não se lembra destas “trupes” de saltimbancos, constituídas por três ou quatro amigos ou familiares, geralmente muito pobres, às vezes incluindo alguns animais adestrados, que se iam exibindo nas ruas e largos das nossas aldeias ou vilas, fazendo habilidades com massas ou bolas, engolindo petróleo e expelindo fogo, maravilhando a imaginação das crianças e adultos?

Em 2020, tanta coisa mudou… A pobreza “democratizou-se”, e a globalização tem consequências inesperadas!

Do Canadá, país para onde milhares de portugueses emigraram para trabalhar, vem uma jovem rapariga, que tem andado a estudar artes circenses no nosso país, e procura ganhar alguns euros (ou cêntimos) com artes de fogo nos semáforos da cidade de Lisboa.

Aqui está ela a trabalhar num cruzamento da Avenida dos Estados Unidos da América…

JAF


domingo, 20 de dezembro de 2020

"Websummit" - que cultura?


 
















O amigo e associado da ALDRABA, e prestigiado cartoonista, Luís Afonso, que desde o nº1 ilustra continuadamente a nossa revista, nos seus últimos 15 anos, questiona nesta recente banda desenhada as opções governamentais de apoio à cultura.

Obrigado, Luís, pela tua vigilância e por manifestares, de forma bem disposta, aquilo que muitos (todos?) de nós sentimos.

JAF
  

sábado, 19 de dezembro de 2020

30º Jantar-Tertúlia, na Casa do Alentejo, 18.12.2020














 


No dia 18 de dezembro de 2020, 24 associados e amigos da associação ALDRABA reuniram-se na Casa do Alentejo, na sala da lareira do seu restaurante - espaço amplo e arejado, em mesas de quatro ou cinco lugares, bem distanciadas entre si -, num jantar de confraternização que retomou a nossa tradição da época de Natal.

Foi um momento de reafirmação da amizade e solidariedade que une este coletivo e, também, uma forma prática de afirmarmos apoio e camaradagem à Casa do Alentejo, que atravessa um período de fortes dificuldades financeiras, que a pandemia provocou com a drástica redução das atividades de restauração e de cultura.

Durante o caloroso convívio que foi proporcionado, foram evocados o José Prista e o Nicolau Veríssimo, que nos deixaram há poucas semanas, o primeiro dos quais fundador da nossa associação, e o segundo um forte amigo que tínhamos em Viana do Castelo.

Foram também partilhados os votos de amizade que um elevado número de associados, residentes longe de Lisboa ou com limitações de saúde, nos haviam enviado.

A vice-presidente da Casa do Alentejo Rosa Honrado Calado, deu-nos conta dos problemas que a instituição enfrenta, bem como das múltiplas iniciativas atualmente em curso que permitem encarar algumas saídas positivas para 2021, e apelando à mais ampla divulgação de como a frequência do restaurante é viável e segura (o que pudemos confirmar).

JAF (fotos MEG e LFM) 

sábado, 12 de dezembro de 2020

O linho

 

Trabalho realizado pelos professores e alunos da Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico e Jardim de Infância de Outeiro Seco (Pinela, Bragança). Para o efeito, foi desenvolvido um estudo sobre as origens da cultura do linho, cujos objetivos fundamentais foram motivar a nova geração para a riqueza cultural do linho, em vias de extinção, e recordar a importância e interesse que o linho ocupou na vida e economia da gente rural.

Publicado no n.º 28 da revista ALDRABA.


Breve resenha da história do linho

O artesanato do linho constituiu uma das ocupações principais das gentes rurais.

Esta cultura tão fortemente divulgada foi profundamente assimilada pelos povos.

A sua importância é-nos evidenciada em vários campos e sectores da economia e da sociedade: desde a Igreja, que adoptou obrigatoriamente o linho na sua liturgia, passando pela economia doméstica na qual o linho constituiu matéria prima importante para o seu enriquecimento, até à utilização eficaz pela medicina da época.

De facto, o linho, é uma planta riquíssima que está bastante desamparada nos nossos dias.

Em quase todos os países do mundo se produziu ou ainda se produz embora em pequena escala.

O linho é uma planta herbácea, fibrosa que pertence à família das lináceas, atingindo entre 30cm a 1m e 10 cm de altura, unicaule de folhas inteiras, alternas, sésseis e sem estípulas. Apresenta flores lindíssimas hermafroditas, brancas e azuis, com cinco pétalas.

O cálica tem igualmente cinco pétalas. O ivário é plurilocular, com dois óvulos e cada lóculo separado por um septo.

A semente é a linhaça. A raiz é aprumada, podendo atingir 30 cm de profundidade.

O linho é composto por duas substâncias: uma lenhosa e interior, outra fibrosa e exterior. Esta serve para extrair a fibra têxtil para a fabricação dos tecidos.

É difícil saber em que data ou época histórica surgiu e quando o homem cultivou e utilizou pela primeira vez esta fibra para confecionar um tecido.

Sabe-se que 500 anos (A.C.), no Egipto, o linho foi o material mais usado na tecelagem, tendo-se encontrado, em jazigos do Neolítico, fragmentos de tecidos e fusos.

Contudo, o cultivo do linho e a sua utilização veio verificar-se desde os tempos pré-históricos.

Têm sido encontrados resquícios em vários lugares do mundo e particularmente na Península Ibérica que remontam a 2000 – 2500 anos (A.C.).

Na Península e mesmo concretamente no território que veio a ser Portugal, a cultura do linho foi incentivada e expandida com a Romanização. Nesta época, os lugares mais elevados eram essencialmente destinados à pastorícia e as partes mais baixas e fundas ocupadas com linhares.

Durante a Idade Média, fala-se muito em linho: é raro encontrar um foral, uma lei, uma escritura, uma venda ou uma doação em que se não faça referência ao linho.

O linho, nesta época, era um dos cultivos utilizados no pagamento à Coroa, à Igreja e à Nobreza, de rendas, foros, dízimos, multas, etc…

Em Portugal, no séc XV, a indústria do linho era, de acordo com os historiadores, a única que representava grande valor na economia nacional.

A indústria do linho, tanto na sua plantação como em todas as fases desde a preparação do terreno, até à comercialização dos tecidos existiu sempre como uma atividade caseira e artesanal, usando sempre técnicas muito primitivas, contrariamente a outras indústrias como a lã e o algodão.

O linho é uma planta muito exigente no que diz respeito à preparação dos terrenos e condições naturais é também uma fibra muito difícil de trabalhar por ser muito rija.

Foi utilizado mais para uso doméstico, em colchas, lençóis, sacos para o trigo, velas de moinhos, redes de pesca, etc… Hoje é possível encontrar nas nossas aldeias muitas pessoas que possuem peças de vestuário de linho no fundo das suas arcas.

A decadência do linho verifica-se sobretudo a partir do séc XV.

A que causas se deverá o declínio da cultura do linho?

Algumas razões que poderão explicar esse declínio são as seguintes: a transformação de uma agricultura de subsistência numa agricultura industrial, incompatível com a carácter artesanal a que a cultura do linho estava associada; o maior trabalho e grau de dificuldade que implica a cultura do linho, relativamente a outras culturas como a do algodão ou da lã; o aparecimento da lã e, principalmente, do algodão, fibras mais fáceis de tratar, tendo como consequência, a produção de produtos em mais larga escala e a mais baixos preços concorrência à qual o linho não poderia resistir.

Concluindo, achamos que urge reavivar esta valiosa cultura; não devemos deixar morrer uma cultura multisecular na nossa região.

Hoje, levantam-se alguns movimentos, organismos, associações, tendentes a relançar a cultura do linho em bases mais atualizadas, racionalizando o seu processo de cultivo e transformação, através da alteração do seu carácter plenamente artesanal.

Apelamos às autoridades, aos autarcas, aos jovens agricultores que se interessem por esta cultura de forma a torná-la novamente uma realidade concreta e não apenas uma realidade lendária, revelada e descrita pelos documentos ou pelos nossos antepassados…

Ondina Albino