domingo, 6 de janeiro de 2013

O bolo-rei














Não é possível falar de Natal sem falar de bolo-rei, sendo quase presença obrigatória em todas as mesas da época natalícia.
Reza a lenda que este doce representa os presentes oferecidos pelos Reis Magos ao Menino Jesus aquando do seu nascimento. A côdea simbolizava o ouro, as frutas secas e cristalizadas representavam a mirra, e o aroma do bolo assinalava o incenso.
Ainda na base do imaginário, a existência duma fava também tem a sua explicação: Quando os Reis Magos viram a Estrela de Belém que anunciava o nascimento de Cristo, disputaram entre si qual dos três teria a honra de ser o primeiro a entregar ao menino os presentes que levavam. Como não conseguiram chegar a um acordo e com vista a acabar com a discussão, um padeiro confeccionou um bolo escondendo no interior da massa uma fava. De seguida, cada um dos três Magos do Oriente pegaria numa fatia. O Rei Mago que tivesse a sorte de retirar a fatia contendo a fava seria o que ganharia o direito de entregar em primeiro lugar os presentes a Jesus.
Para além da lenda, há indícios de que já os romanos utilizavam favas para tirar à sorte quem seria o rei da festa. Posteriormente, na Idade Média, a Igreja católica determinou que esta última data fosse designada por Dia de Reis e simbolizada por uma fava introduzida num bolo, cuja receita se desconhece, festa que muito cedo começou a ser celebrada na corte dos reis de França.
O Bolo Rei terá surgido neste país no tempo de Luís XIV para as festas do Ano Novo e Dia de Reis.
Com a Revolução Francesa em 1789, este bolo foi proibido, só que os pasteleiros que tinham um excelente negócio em mãos em vez de o eliminarem decidiram continuar a confeccioná-lo chamando-lhe “Gâteau des Sans-cullotes”.
Com isto parece não haver dúvidas que o bolo-rei tem verdadeiras origens francesas, seguindo o nosso Bolo Rei a receita a sul de Loire, um bolo em forma de coroa feito de massa leveda.
Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu bolo-rei em Portugal foi na Confeitaria Nacional, em Lisboa, por volta do ano de 1870, bolo esse feito pelo afamado confeiteiro Gregório através duma receita que Baltazar Castanheiro Júnior trouxera de França. Durante a quadra natalícia, a Confeitaria Nacional oferecia aos lisboetas uma exposição de tudo quanto de mais delicado e original a arte dos doces podia então produzir. A pouco e pouco, outras confeitarias também passaram a fabricá-lo, o que deu origem a várias versões. No Porto foi posto à venda pela primeira vez em 1890, por iniciativa da Confeitaria Cascais. Assim, o bolo-rei atravessou com êxito os reinados da rainha D. Maria II e dos reis D. Pedro, D. Luís, D. Carlos e D. Manuel II.
Com a proclamação da República, em 5 de Outubro de 1910, vieram maus tempos para o bolo-rei, ficando em risco a sua existência, o que só não terá acontecido devido à persistência e interesse dos pasteleiros, que o continuaram a fabricar sob outra designação. Os menos imaginativos deram-lhe o nome de ‘ex-bolo rei’, mas a maioria chamou-lhe bolo de Natal ou bolo de Ano Novo.
A designação de bolo Nacional seria a melhor, uma vez que remetia para a confeitaria que o tinha introduzido em Portugal, e também por estar relacionado com o país, o que ficava bem em período revolucionário. Não contentes com nenhuma destas ideias, os republicanos mais radicais chamaram-lhe bolo Presidente, tendo mesmo chegado a chamar-se bolo Arriaga.
A fama que o bolo ganhou deve-se também à expectativa criada em torno de quem comeria a fatia que continha a fava ou o brinde. A fava significava uma de duas opções para quem a encontrava, o pagamento do próximo bolo ou correr perigo de engoli-la. O brinde era colocado no bolo com o objectivo de presentear os convidados com quem se partilhava o bolo. Havia quem colocasse nos bolos pequenas adivinhas complicadas por sinal, mas cuja recompensa seria meia libra de ouro, chegando mesmo outros a incluir as moedas de ouro na massa.
Com o passar do tempo, o brinde passou a ser um pequeno objecto metálico sem outro valor que não o do símbolo e pouco evidente para a maioria das pessoas.
Embora já sem a fava ou o brinde, retirados por imposição de legislação actual, o bolo-rei não se limita a ser um bolo com gosto agradável, ele é na verdade um verdadeiro símbolo desta época!

MEG
Imagem recolhida em:  http://flordesall.blogspot.pt/2009/11/bolo-rei-mfp.html

2 comentários:

  1. Adoro bolo rei, mas olhem que o bolo-rainha também vale a pena...
    Abraço.

    LFM

    ResponderEliminar
  2. Bolo rainha é um recurso para quem não gosta de frutas cristalizadas, nem sabem o que perdem.
    Em França é muito utilizada a versão Galette des Rois, um simples pão de ló enfeitado com uma coroa de cartolina dourada.
    Apenas um reparo: Baltazar Castanheira e não Castanheiro.
    Bom Ano Novo.
    CJM























    youtube to mp3























    youtube to mp3























    youtube to mp3

    ResponderEliminar