sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Novo livro de Luís Maçarico – A transumância das pequenas coisas


















A propósito da apresentação, em Entradas, do novo livro do associado e dirigente da Aldraba Luís Filipe Maçarico, transcrevemos algumas notas e uma pequena entrevista por ele dada a Paulo Barriga, publicadas no Diário do Alentejo.

"O regresso do poeta do silêncio
Luís Filipe Maçarico
60 anos, natural de Évora
Poeta e ensaísta, Luís Filipe Maçarico fez publicar 14 livros de poesia desde 1991, altura em que deu à estampa Da água e do vento. É técnico superior na Câmara de Lisboa e dedica boa parte do seu tempo livre ao associativismo.
É mestre em antropologia e em história.
Publicou sete livros nestas áreas do conhecimento, entre os quais Aldrabas e batentes de porta – Uma reflexão sobre o património impercetível.

Que transumâncias são estas que agora convergiram neste livro?
É o insistente percurso, rumo a horizontes de liberdade. É a vontade de viver, onde haja indícios de harmonia. É a busca da respiração, à escala humana, num território onde seja possível concretizar sonhos. É a tentativa de aperfeiçoamento, nesta curta passagem. Que se faz com ideais, palavras, mas também com afetos e luta, por uma existência equilibrada e feliz. Este verão, não fiquei um único fim de semana em casa. De Monchique a Évora, de Montejunto a Viana do Castelo e de Odeceixe à Gardunha, a poesia seguiu sempre comigo, pastoreando gestos, emoções, e o espírito dos lugares.

O Luís Filipe Maçarico é um poeta da terra e dos sentidos. É correto afirmar que o Alentejo, a cultura telúrica alentejana, espreita sempre por detrás da sua poesia?
O silêncio é um dos meus alicerces. Desde miúdo que estar só não me desestabiliza. Os desmedidos horizontes são mais inspiradores. Por isso, o sol, o pão, o vinho, o cante, o prazer de uma sombra ou de uma amizade, todas as palavras terrosas e a poesia do Manuel da Fonseca me são vitais. O Alentejo faz parte do ADN do meu imaginário. Évora, urbe à qual regresso frequentemente, é rumor de vozes, com refrigérios para a alma; Beja, percorrida vezes sem conta, para ver florir o sorriso dos amigos; Mértola, terra amada, com aquele Festival único, permitindo viver dias poéticos, entre a multidão, foi a última universidade: por lá concluí o melhor curso, frequentado em fruição absoluta, com colegas, professores e população, inesquecíveis; Santana de Cambas, na raia dos contrabandistas, contribuindo para preservar a memória daquelas práticas numa investigação em livro, que proporcionou um Museu; Castro Verde, campo fecundo para a Poesia, graças ao Presidente Francisco Duarte, ao vereador Paulo Nascimento e ao amigo-poeta Miguel Rego, que fizeram com que as asas do sonho não ficassem na gaveta das utopias. Felizmente, são inúmeros os sítios, onde vivi e a poesia irrompeu. Creio que haverá muito pouco terreno, entre a serra de S. Mamede e os confins de Almodôvar e Ourique, onde não fiz um verso.

Para além de poeta, também é ensaísta na área da antropologia e da história. Que futuro, que esperança, consegue descortinar para o homem que habita este território histórico e cultural que é o Alentejo?
Se houver sabedoria, para manter o equilíbrio entre a terra, as gentes e os bichos, se o património identitário marcar uma forte presença no quotidiano, o Alentejo poderá ser um bom lugar para viver. Assim, os alentejanos saibam criar riqueza, unindo esforços para não deixar morrer o sonho.

Conforme revela a autora do prefácio a este livro, a professora Maria Antonieta Garcia, o Luís Maçarico é um poeta que “sonha fraternizar o mundo”. Acha mesmo que ainda sobra espaço para a fraternidade no mundo em que vivemos?
Nunca, como hoje a partilha foi tão premente, entre amigos, nas coletividades, nas autarquias, nas ruas, contrariando os déspotas, que tudo inventam para nos desumanizar, para nos fazer acreditar que o umbigo é quem mais ordena!
Paulo Barriga"

4 comentários:

  1. Tens razão amigo Luís, Nunca, como hoje a partilha foi tão premente.
    Eugénia

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  2. Às vezes, fico sem palavras. Esta surpresa foi muito ternurenta. Bem hajam, Amigos!Um dia destes apresentaremos esta "Transumância" em Lisboa. Abraço.

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  3. Ao ler esta entrevista!
    Já previa encontrar este parecer do Poeta e amigo que é Luís Maçarico.
    Pois conheço a sua sensibilidade, humanidade, e capacidade de expressão, sempre recheada de uma sabedoria que ultrapassa a meia década de vida deste ser humano!
    Humano sim, porque só um verdadeiro ser humano, coloca em primeiro lugar na sua vida, o desejo dum mundo e duma sociedade melhor!
    E como o sonho comanda a vida, a vida deste Poeta Antropólogo vive nos braços do sonho sempre em constante procura, do harmonioso que todos nós precisamos para continuar a cumprir nossa caminhada nesta curta passagem pela vida!...
    Amigo continua nessa procura e oxalá que consigas realizar esse sonho dum mundo melhor!
    Vai partilhando connosco, teu saber, ainda que, através da tua escrita, será sempre bem-vindo e nós agradecemos. Bem - Hajas Beijos parabéns

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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