A propósito da apresentação, em Entradas, do novo livro do associado e dirigente da Aldraba Luís Filipe Maçarico, transcrevemos algumas notas e uma pequena entrevista por ele dada a Paulo Barriga, publicadas no Diário do Alentejo.
"O regresso do poeta do silêncio
Luís Filipe Maçarico
60 anos, natural de Évora
Poeta e ensaísta, Luís Filipe Maçarico fez publicar 14 livros de poesia desde 1991, altura em que deu à estampa Da água e do vento. É técnico superior na Câmara de Lisboa e dedica boa parte do seu tempo livre ao associativismo.
É mestre em antropologia e em história.
Publicou sete livros nestas áreas do conhecimento, entre os quais Aldrabas e batentes de porta – Uma reflexão sobre o património impercetível.
Que transumâncias são estas que agora convergiram neste livro?
É o insistente percurso, rumo a horizontes de liberdade. É a vontade de viver, onde haja indícios de harmonia. É a busca da respiração, à escala humana, num território onde seja possível concretizar sonhos. É a tentativa de aperfeiçoamento, nesta curta passagem. Que se faz com ideais, palavras, mas também com afetos e luta, por uma existência equilibrada e feliz. Este verão, não fiquei um único fim de semana em casa. De Monchique a Évora, de Montejunto a Viana do Castelo e de Odeceixe à Gardunha, a poesia seguiu sempre comigo, pastoreando gestos, emoções, e o espírito dos lugares.
O Luís Filipe Maçarico é um poeta da terra e dos sentidos. É correto afirmar que o Alentejo, a cultura telúrica alentejana, espreita sempre por detrás da sua poesia?
O silêncio é um dos meus alicerces. Desde miúdo que estar só não me desestabiliza. Os desmedidos horizontes são mais inspiradores. Por isso, o sol, o pão, o vinho, o cante, o prazer de uma sombra ou de uma amizade, todas as palavras terrosas e a poesia do Manuel da Fonseca me são vitais. O Alentejo faz parte do ADN do meu imaginário. Évora, urbe à qual regresso frequentemente, é rumor de vozes, com refrigérios para a alma; Beja, percorrida vezes sem conta, para ver florir o sorriso dos amigos; Mértola, terra amada, com aquele Festival único, permitindo viver dias poéticos, entre a multidão, foi a última universidade: por lá concluí o melhor curso, frequentado em fruição absoluta, com colegas, professores e população, inesquecíveis; Santana de Cambas, na raia dos contrabandistas, contribuindo para preservar a memória daquelas práticas numa investigação em livro, que proporcionou um Museu; Castro Verde, campo fecundo para a Poesia, graças ao Presidente Francisco Duarte, ao vereador Paulo Nascimento e ao amigo-poeta Miguel Rego, que fizeram com que as asas do sonho não ficassem na gaveta das utopias. Felizmente, são inúmeros os sítios, onde vivi e a poesia irrompeu. Creio que haverá muito pouco terreno, entre a serra de S. Mamede e os confins de Almodôvar e Ourique, onde não fiz um verso.
Para além de poeta, também é ensaísta na área da antropologia e da história. Que futuro, que esperança, consegue descortinar para o homem que habita este território histórico e cultural que é o Alentejo?
Se houver sabedoria, para manter o equilíbrio entre a terra, as gentes e os bichos, se o património identitário marcar uma forte presença no quotidiano, o Alentejo poderá ser um bom lugar para viver. Assim, os alentejanos saibam criar riqueza, unindo esforços para não deixar morrer o sonho.
Conforme revela a autora do prefácio a este livro, a professora Maria Antonieta Garcia, o Luís Maçarico é um poeta que “sonha fraternizar o mundo”. Acha mesmo que ainda sobra espaço para a fraternidade no mundo em que vivemos?
Nunca, como hoje a partilha foi tão premente, entre amigos, nas coletividades, nas autarquias, nas ruas, contrariando os déspotas, que tudo inventam para nos desumanizar, para nos fazer acreditar que o umbigo é quem mais ordena!
Paulo Barriga"
Tens razão amigo Luís, Nunca, como hoje a partilha foi tão premente.
ResponderEliminarEugénia
Às vezes, fico sem palavras. Esta surpresa foi muito ternurenta. Bem hajam, Amigos!Um dia destes apresentaremos esta "Transumância" em Lisboa. Abraço.
ResponderEliminarAo ler esta entrevista!
ResponderEliminarJá previa encontrar este parecer do Poeta e amigo que é Luís Maçarico.
Pois conheço a sua sensibilidade, humanidade, e capacidade de expressão, sempre recheada de uma sabedoria que ultrapassa a meia década de vida deste ser humano!
Humano sim, porque só um verdadeiro ser humano, coloca em primeiro lugar na sua vida, o desejo dum mundo e duma sociedade melhor!
E como o sonho comanda a vida, a vida deste Poeta Antropólogo vive nos braços do sonho sempre em constante procura, do harmonioso que todos nós precisamos para continuar a cumprir nossa caminhada nesta curta passagem pela vida!...
Amigo continua nessa procura e oxalá que consigas realizar esse sonho dum mundo melhor!
Vai partilhando connosco, teu saber, ainda que, através da tua escrita, será sempre bem-vindo e nós agradecemos. Bem - Hajas Beijos parabéns
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