quarta-feira, 17 de junho de 2009

Cortiça - Um contrato entre gerações



Embora do nome da minha terra conste a palavra sobral, não há grandes matas de sobreiros por perto. Apenas existem alguns espalhados no meio das azinheiras. Ainda assim, lembro-me de, muito pequena, meu avô me levar ao campo para ver os “tiradores” arrancar a cortiça.

Vem-me à memória o intenso calor dos dias no princípio do Verão, o cantar dos ralos e das cigarras e o som seco dos machados, com que mãos hábeis e sabedoras iam cortando as pranchas com cautela para não ferir nem a casca nem o tronco, que a cada nove/dez anos voltará a produzir nova camada de cortiça para nosso proveito.

É uma tarefa muito dura, como a maior parte das que se realizam no campo em pleno Alentejo, e que mantém intactas as tradições de outros tempos.

Recomenda-se, pela sua grande qualidade, a leitura de um texto sobre esta matéria, acessível em

MEG, com foto da APCOR

1 comentário:

  1. Deixei no tempo o tempo em que eu, 11... 12... 13 anos, acompanhava os pais em ranchos de pessoal que o pai "dirigia" para a Companhia das Lezírias para os trabalhos da tiragem da cortiça. No Alentejo era prática mais que corrente como sabemos, mas ao pai não eram dadas grandes hipóteses de trabalhar nas herdades da nossa terra. -Outros tempos!...
    Era duro realmente o trabalho. Digo-o eu que apesar da idade que assinalo era preciso que participasse para ganhar o possível naqueles meses de férias.
    Era trabalho duro, digo, mas no tempo em que ser criança era também trabalhar, nós fazíamo-los durante o período de férias grandes e gostávamos de participar neles, com a certeza de que era tão natural para crescer como todas as coisas de que se fazia a nossa vida. -Agora são só as memórias de que me faço.

    Obrigada Maria Eugénia por trazer aqui a recomendação deste texto que eu já conhecia do Café Portugal, precisamente. Obrigada pela memória.

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