terça-feira, 8 de abril de 2008

Professor Joaquim Pais de Brito sobre o nome da Associação "Aldraba"




Com uma vintena de assistentes interessados e debate final, participado pelo público, realizou-se com a presença do Professor Doutor Joaquim Pais de Brito o lançamento do número 4 do boletim da Aldraba. Foi, como disse o presidente da direcção da Associação do espaço e Património Popular, José Alberto Franco, "uma lição, no melhor sentido da palavra".
Analisando os diversos números publicados, o antropólogo (responsável pela exposição sobre o Fado apresentada durante a Lisboa 94, no Museu de Etnologia, do qual é director), afirmou que "É contra a corrente a revista e a Associação também. Porque se preocupam ao ver esse algo que parece ter sido pouco visto por outros, com o que se pode fazer com isso...É contra a corrente, porque repousa no voluntariado daqueles que se chegam à Associação e que enviam textos para a própria revista...É contra a corrente por não ter um assunto, objecto ou disciplina e porque combina textos de natureza afectiva com textos de carácter científico...Há sobretudo esta janela tão importante hoje e que nos falta: dar nota do que se vai fazendo pelo país, pelos grupos de intervenção cultural...(...)O próprio termo - Aldraba - serve para abrir e comunicar e nesse sentido é feliz a escolha! É uma coisa para abrir!"
Realizado com a gentileza do director da Casa-Museu Anastácio Gonçalves, que abriu o evento, este importante momento de reflexão na vida da Associação, contou com as intervenções do presidente da direcção, José Alberto Franco, que moderou o debate, e de Luís Filipe Maçarico, presidente da Mesa da Assembleia Geral, que apresentou o orador-convidado, galardoado com o prémio PEN em 1996 e distinguido em 2002 pela Presidência da República, com a Ordem de Mérito Cultural.
Autor de "Retrato de Aldeia com Espelho: Ensaio sobre Rio de Onor" (1996), Joaquim Pais de Brito é um comunicador que envolve plateias com as temáticas que aborda e as pistas que deixa, no sentido da participação e da cidadania por parte dos seus alunos e dos seus ouvintes.
Também nesta sessão o recado ficou dado, quando sublinhou, a propósito das restrições aos saberes fazeres, de um património gastronómico ameaçado:"Tem de se intervir!Algumas culturas com marca do território, quando se exige ao mesmo fabricante de uma unidade pequena, familiar, uma sala preparada para alheiras, outra para morcelas, outra para chouriça...é impossível! (...)Vejam! Procurem situações e orientem as vossas visitas, os vossos contactos com interlocutores locais. Já não é um saber antigo que se guarda, mas a possibilidade dele se expandir. É preciso intervir!"
Recolha de LFM; Fotos de Ana Veiga

"A ALDRABA"
Publicada por a aldraba em 4/08/2008 11:35:00 PM

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