segunda-feira, 26 de novembro de 2012

“A cidade industrial e o associativismo, do trabalho ao lazer” – Barreiro, 8.12.2012
















Com a colaboração da Baía do Tejo, da Câmara Municipal do Barreiro e das coletividades populares “Os Franceses” e “Os Penicheiros”, a ALDRABA realizará o seu XXII Encontro no Barreiro, no próximo dia 8 de dezembro de 2012 (sábado), voltado para o contacto com a história industrial do complexo, com as memórias do operariado local e com a sua riquíssima experiência associativa.

O programa compreende os seguintes momentos e atividades:

10h00 – Concentração no parque de estacionamento junto ao mausoléu de Alfredo da Silva.

10h30 – Visita ao Museu Industrial (Quimiparque), acompanhados pelo Engº Sardinha Pereira.

12h30 – Deslocação à Casa-Museu Alfredo da Silva e ao antigo bairro operário da CUF.

13h30 – Almoço no Restaurante Transmontano (entradas, sopa, cozido à portuguesa, pão e bebidas, fruta ou doce, e café, pelo preço global de 12,50€).

15h00 – Reservas museológicas da C.M. Barreiro, acompanhados por Rosário Gil.

16h00 – Visita à Sociedade Democrática União Barreirense “Os Franceses”, onde terá lugar uma breve apresentação, “Memórias do Barreiro”, pelo historiador Dr. Gilberto Gomes.

17h30 – Visita à Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense “Os Penicheiros”.

18h30 – Encerramento do Encontro.

As inscrições para a participação neste XXII Encontro podem ser feitas junto do Nuno Roque Silveira (T: 962916005), da Círia Brito (T: 969067494 / ciriabrito@sapo.pt), ou do Leonel Costa (T: 918403252 / costaleonel@hotmail.com).

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Como foi a apresentação do nº12 da "Aldraba"



























Foi apresentada ontem, às 18h, na Voz do Operário, a revista nº 12 da Associação Aldraba.

A sessão contou com intervenções do historiador António Monteiro Cardoso e do engenheiro António Mota Redol, que falou de alguns aspectos relacionados com a obra do seu pai, Alves Redol.

António Cardoso foi brilhante, tendo abordado os artigos que constituem a publicação, com especial destaque para "A Água Dá, A Água Tira", de Sónia Tomé e “A Censura do Antigamente”, de Júlio Couto. Começando por citar Erasmo de Roterdão, a propósito dos assuntos que interessam aos associados de uma Associação do Espaço e Património Popular, António Cardoso, senhor de uma eloquência que cativa, falou de inúmeras problemáticas, da gestão da água, problema candente no mundo actual, até à fonte incontornável que são os romances de Redol sobre o Douro, para quem deseje estudar aquela região. O nosso aplauso, pelo prazer que nos deu assistir. Bem haja!

Luís Maçarico (texto, adaptado do Facebook, e fotografias)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Greve, Grève, Strike, Huelga, Folga, απεργία…












Na minha aldeia, ao domingo à tarde, os trabalhadores que procuravam trabalho juntavam-se num local, perto da ponte velha, onde os patrões ou encarregados os iam escolher para os dias seguintes. Em Paris, nas margens do Sena, havia igualmente um lugar com o mesmo fim. Um terreno onde crescia um arbusto chamado grève que deu ao local o nome de Place de Grève – a praça onde os trabalhadores sem emprego se juntavam à procura de algum tipo de ocupação. Daí terem surgido expressões como "ir a greve" (aller en grève), "estar em greve" (être en grève), que designavam o trabalhador que, sem trabalho, lá ficava de braços cruzados à espera de ser recrutado. Tudo isso se terá passado nos séculos XIV ou XV e a praça é, desde o princípio do XIX, a Place de l´Hôtel de Ville.
A praça mudou de nome, mas a palavra foi recuperada pelo movimento operário, no século XIX, para designar o combate contra as condições de exploração desenfreada a que o capitalismo passou a sujeitar os trabalhadores durante a revolução industrial. No mundo do trabalho selvagem e completamente desregulado de então, com origem na relação antagónica capital/trabalho, há notícia das duras lutas que estão associadas à reivindicação das 8 horas de trabalho, do direito a férias pagas, a aumentos salariais, e a um conjunto de direitos laborais a que chegámos no século XX.
Foram objecto de greves outros motivos de natureza cívica, tais como o direito ao voto das mulheres, etc..
Em Portugal, entre 1871 e 1900, José M. Tengarrinha identificou 725 greves (das quais 37 gerais), dispersas sobretudo pelos núcleos industriais de Lisboa, Porto e Setúbal. As principais motivações desse surto grevista foram aumentos salariais (42%), horário de trabalho (16,2%), condições de trabalho (15,4%), greves de solidariedade (9,6%), e contra os impostos (8,3%). Entre 1907 e 1920, no clima agitado da República, registaram-se 3068 greves, facto que não podemos desligar da legalização da greve pelo novo regime, logo em 1910.
Hoje, em condições distintas e longe das greves que provocaram situações de extrema violência que levaram à prisão e mesmo à morte trabalhadores envolvidos nestes movimentos, recordamos algo que (também) é património do povo português e de toda a humanidade!
MEG

domingo, 11 de novembro de 2012

Lançamento do nº12 da revista na próxima 5ªfeira, dia 15






















A ALDRABA – Associação do Espaço e Património Popular convida todos os amigos para a sessão de lançamento do nº 12 da revista “Aldraba”, no próximo dia 15 de novembro de 2012 (5ª feira), pelas 18.00 horas.

A sessão conta com uma intervenção do historiador António Monteiro Cardoso, autor de pesquisa recente sobre Alves Redol (tratado neste nº da revista), seguida de um debate alargado com todos os presentes, moderado pelo presidente da Direcção da Aldraba, J. Alberto Franco.

Vai realizar-se na sede da Sociedade A Voz do Operário, em Lisboa, na Rua da Voz do Operário, 13 (próximo do Largo da Graça).

A Direção da ALDRABA

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

80 anos depois do massacre de Plainpalais























Foi também para combater o esquecimento e o apagamento das memórias que a Aldraba nasceu…

Estando esta semana em Genebra, por razões de trabalho, não posso deixar de evocar o acontecimento trágico de 9 de novembro de 1932, cujo 80° aniversário é hoje aqui assinalado.

Nessa data, haviam passado apenas 15 anos sobre a vitória da revolução bolchevique, que aterrorizou os governos da Europa ocidental. A grande depressão de 1929 havia passado dos Estados Unidos até este lado do Atlântico. No cantão de Genebra, governado por uma coligação de direita ligada aos banqueiros, o Partido socialista local desenvolvia uma intensa campanha contra a especulação e as fraudes fiscais. Na Alemanha, preparava-se a ascensão de Hitler.

O partido pró-fascista de Genebra, designado (curiosamente) União Nacional, convocou para a sala comunal de Plainpalais uma sessão, a realizar em 9.11.1932, destinada a decretar a “acusação pública” dos dois mais destacados dirigentes do Partido Socialista. Os socialistas apelam a uma manifestação popular de protesto, frente ao local da sessão, que terá reunido 4000 a 5000 pessoas, a partir das 17h.

Às 21h30, uma força militar de jovens recrutas, convocada em segredo pelo conselheiro cantonal da Justiça e Polícia, ataca sem aviso prévio a concentração, pelas costas, com ordem para atirar a matar.

13 pessoas foram mortas e 62 feridas.

Tudo isto se passou no país que tem o regime republicano eletivo mais antigo da Europa (desde o séc. XIV), na cidade que foi o berço de J.J.Rosseau e de Calvino, onde foi o refúgio de Lenine antes da revolução, e onde as liberdades de expressão e manifestação têm há muito expressão constitucional.

Uma lição trágica, que nos recorda que as pulsões autoritárias podem surgir em contextos políticos democráticos, e que a utilização não controlada de forças armadas pode sempre perigosamente degenerar em chacinas.

Não consegui deixar de refletir maduramente sobre estes factos e de, comovidamente, me dirigir à placa que assinala o local da tragédia. Depositei aí, em meu nome e de todos os que se queiram associar, uma rosa de cor vermelha!

JAF (texto e fotografia)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

As hortas de Corroios






















Até ao final do século XIX, a freguesia de Corroios foi essencialmente rural, fragmentada por quintas de fidalgos, nobres e Convento do Carmo, possuindo uma indústria ligada às actividades rurais: a indústria do vinho com os seus lagares; a indústria moageira com os moinhos de maré e de vento.

Embora actualmente a paisagem urbana se tenha alterado significativamente, com novas edificações, onde se enquadram edifícios de habitação multifamiliar, ainda conseguimos observar vestígios da antiga paisagem rural, com os quintais das casas utilizados principalmente para o cultivo de hortas e criação de galinhas e patos.

A paisagem que se vislumbra na viagem de comboio entre Lisboa e Corroios distingue-se particularmente pelo contraste entre o rural e o urbano. Grandes espaços de cultivo ao lado de ferrovias, estradas e viadutos, casas térreas ao lado de prédios altos.

Com a facilidade das compras em supermercados, deixou-se de se cultivar hortaliças e temperos dentro de casa. Ter uma horta em casa pode ser uma forma eficaz para ter uma vida mais saudável, pois as hortaliças desempenham um papel importantíssimo para a saúde humana. Elas são alimentos ricos em vitaminas, sais minerais, fibras e outras substâncias que ajudam a prevenir doenças. Uma dieta rica em hortaliças e frutas tem ação demonstrada na prevenção de doenças do coração, diabetes e outras.

Com espaços de quintais antes destinados a flores ou relva, com um objetivo único de lazer e decorativo, atualmente escolhem-se as hortaliças, como tomates, alface, couves, courgettes, abóboras e muitas outras para cultivar e para ter uma alimentação saudável e sustentável. Ter uma horta caseira é uma opção barata e totalmente orgânica para a produção dos alimentos vegetais. E é a prova de que os alimentos foram plantados da maneira mais natural possível, sem a intervenção de pesticidas ou outros compostos químicos que danificam a saúde e o meio ambiente.

Por outro lado, as hortas, além de constituírem uma excelente ocupação de tempos livres e alívio do stress, têm, com a crise, um papel importante no orçamento familiar, como suporte à subsistência.

A necessidade do homem trabalhar a terra para daí obter alimentos é uma questão não só de sobrevivência, mas procede também do gosto que o homem urbano sente pela atividade agrícola. Este apego explica-se pelo desejo de adotar outros sabores além dos oferecidos pelos supermercados, bem como, pelo interesse pela evasão do ambiente urbano e de retorno à natureza.

Hoje em dia, quando se fala tanto da sustentabilidade do planeta, a opção pelo cultivo de hortas ajuda na preservação da biodiversidade. As hortas e quintais urbanos contribuem de uma forma impar para a sustentabilidade das cidades, fornecendo uma gama diferenciada de legumes frescos, ervas aromáticas e medicinais, frutos vários e a criação de pequenos animais (galinhas, patos, perus e coelhos. Investir no cultivo é uma forma de cuidar do meio ambiente, com uma exploração racional do nosso património natural.

Mesmo em apartamentos exíguos e pequenos é possível ter produtos hortícolas, como as ervas aromáticas. Podemos plantar variadíssimos produtos numa horta embora a escolha varie de acordo com o seu tamanho e estrutura. Ao contrário do que se pode pensar, não é necessário ter um grande espaço de quintal para fazer uma horta, basta ter um pequeno espaço, uma área em que bata sol e disposição para plantar diversos itens.

Assim, de quintais, a varandas, parapeitos, terraços a pátios, qualquer pequeno canteiro pode dar-nos o prazer de criar couves, tomates, courgettes ou ervas aromáticas.

Manuel Pereira
(autor do texto, publicado na "ALDRABA"nº12 , e da fotografia)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Que memória para o futuro?














Preservar e valorizar o património popular em todas as suas vertentes é objectivo da Aldraba. A transmissão dos diversos aspectos desse património torna-se, cada dia, mais premente perante a situação actual.

Quem percorrer as serras do interior de Portugal encontra inúmeras aldeias perdidas pelas encostas e vales, rodeadas de forte vegetação. Quando nos aventuramos a visitá-las, constatamos que, em algumas, apenas vivem uma ou duas famílias; noutras vemo-nos, de repente, no meio de pequenas ruas desertas, ladeadas de casas, umas desabitadas outras já degradadas, num silêncio e isolamento absolutos, que a todos confrange. A desertificação é uma realidade.

Observamos o pequeno património que esses lugares ainda guardam: as portas de mancal, as cravelhas em madeira, as aldrabas, os batentes, os portais biselados, os telhados em lousa e telha meia-cana, os muros em xisto ou granito que teimam em resistir...

Preservar esta memória, impedir a sua degradação ou até a sua perda, é urgente!

Às autarquias compete a implementação de políticas de apoio às famílias, promovendo a sua fixação em zonas mais deficitárias. Cabe-lhes ainda um papel importante na defesa daquele património, com todos os recursos humanos e técnicos de que dispõem.

Também o cidadão comum deve intervir responsavelmente no seu quotidiano, actuando em consonância com o espaço onde se encontra e a identidade do mesmo. O contributo activo da família e da escola na transmissão de formas de expressão, saberes-fazer, costumes, tradições, canto, danças, incentivando os jovens a participarem em celebrações e festas, torna-se fundamental. Importante também é dar-lhes a conhecer as suas raízes, levando-os aos lugares de origem, para que os possam amar, valorizar e preservar, e, porque não, escreverem mesmo essas memórias.

A Aldraba continuará a centrar a sua actividade na defesa e valorização deste património, quer através da realização de actividades diversas, em que promova a divulgação e defesa nas suas várias vertentes, quer através de uma atitude de apoio ou crítica relativamente ao que é feito para a sua preservação ou para o degradar.

Círia Brito

(Texto: Editorial do nº 12 da revista "ALDRABA")
(Foto reproduzida do blogue "Capeia arraiana")

domingo, 4 de novembro de 2012

Publicado o nº 12 da revista ALDRABA


Acaba de sair da tipografia, e começa a ser distribuída aos associados, a nova edição da nossa revista, cujo lançamento público terá lugar em sessão a realizar em 15 de novembro próximo, às 18 horas, na Sociedade Voz do Operário (Lisboa).

Divulga-se desde já o sumário do nº 12 da revista:

EDITORIAL
Que memória para o futuro?
Círia Brito

OPINIÃO
Alves Redol
Luís Filipe Maçarico
A censura no antigamente
Júlio Couto

LUGARES DO PATRIMÓNIO
As hortas de Corroios
Manuel Pereira
A água dá, a água tira
Sónia Tomé

PATRIMÓNIO IMATERIAL
Património ibérico. As semelhanças que nos aproximam
Susana Goméz Martinez

SABORES COM HISTÓRIA
A caneja de infundice na Ericeira
Luís Reis Ágoas

À CONVERSA COM…
Bento Ramos Sargento
Maria Eugénia Gomes e Luís Filipe Maçarico

OS AMIGOS E A MEMÓRIA
Elsa Rodrigues dos Santos
Nuno Roque da Silveira

ASSOCIATIVISMO E PATRIMÓNIO
Margem esquerda do concelho de Mértola
Miguel Bento

CRÓNICAS DO QUOTIDIANO
Lucinda Cruz da Moreanes
Nuno Roque da Silveira

CRITICA DE LIVROS
Os santuários e a religiosidade popular
José Alberto Franco

ALDRABA EM MOVIMENTO
Abril a Setembro de 2012
Maria Eugénia Gomes

ESPAÇO DOS ASSOCIADOS
Fotografias
Mateus Campeã
Francisco da Palma Colaço
Maria do Céu Ramos

No verso da capa é incluído o habitual cartoon do nosso associado Luís Afonso, a contracapa contém a nota “O que esperar da nova Direção-Geral do Património Cultural?”, e no verso da contracapa publica-se o poema “Minha mãe amassa o pão” de António Simões.