quinta-feira, 12 de julho de 2012

Jorge Rua de Carvalho (1919-2012)






















A Aldraba assinala, com grande pesar, a morte de Jorge Rua de Carvalho.
Marceneiro de profissão, esculpiu em madeira o fruto da sua vasta e rica vivência da Lisboa dos bairros populares, dos pregões, dos ofícios e dos jogos infantis de rua. Os seus cerca de duzentos bonecos contam a história da cidade dos humildes e laboriosos, da criatividade dos simples, falam a linguagem da verdade, são património e identidade. Fruto da sua recente doação, são hoje pertença da Junta de Freguesia de Prazeres.
Nos últimos vinte anos, o Jorge passou à escrita a sua visão da vida e conhecimentos acumulados, tendo publicado “Desabafos”, em 1994, “Lisboa saudade: Pregões e figuras típicas de Lisboa (anos 20-40)”, em 1999, “Gente da Minha Rua”, em 2003, e “Retalhos da Vida Saloia”, em 2006.
Desenvolveu sempre intensa actividade associativa, em particular no Grupo Dramático e Escolar “Os Combatentes”, onde desempenhou durante várias décadas quase todos os cargos sociais, e foi um dos impulsionadores e praticante do teatro amador.
Exemplo maior de trabalhador, de cidadão, de criador artístico e militante associativo, o Jorge acompanhou desde sempre a vida da nossa Associação, tendo sido um dos 80 fundadores da Aldraba em Abril de 2005. Apesar das dificuldades inerentes à sua idade e falta de saúde, o Jorge foi sempre um elemento activo, quer na montagem e acompanhamento das exposições dos seus bonecos que a Aldraba fez (Museu da República e Resistência, em Lisboa, e Festival do Chícharo, em Alvaiázere), quer através da sua participação em encontros, eleições e assembleias gerais ou encorajando os mais novos com as suas opiniões, quer, por fim, sempre interessado na vida e na situação da Associação.
À família, endereçamos um forte abraço solidário nestes momentos de despedida!
Ao Jorge, continuaremos a ouvi-lo com os seus poemas e ditos, com os seus pregões, em que punha toda a sua alma de lisboeta, com as suas palavras do muito saber que a vida lhe deu e que ele com todos partilhava!

Bem hajas Jorge, pelo companheiro discreto e amigo que sempre soubeste ser!

MEG



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