Acerca do texto do José Alberto Franco
Se o Património Popular é depreciado e não brilha, então será também por aí que devemos actuar! Os debates, as intervenções nesta área, para esclarecimento de populações, autarcas, escolas, são vitais. Podem contribuir para outra forma de estar, para uma tomada de consciência, em termos da salvaguarda, revitalização, valorização, promoção e desenvolvimento em torno do Património e do Espaço Popular!
Nesse sentido, julgo que está na hora da Aldraba conceber e organizar mais exposições acerca de temas pouco abordados, como as fontes (tantas vezes abandonadas, mas já revalorizadas em alguns lugares do País) e os morábitos, assuntos que estudei e sobre os quais posso ajudar...
É um grande desafio, bem pertinente questionar tudo o que abarca o Património. E por que não fazer uma espécie de manual de intervenção para os associados da Aldraba?
Todos os contributos são preciosos e gostava de ver todos os dirigentes envolvidos neste debate!
Tradição versus progresso: certas tradições identitárias de um povo, emblemáticas, enquanto motores do turismo local, pela sua especificidade, produzem desenvolvimento. Sendo ancestrais são dinâmicas, porque interagem com épocas, gerações, e com os próprios conceitos de marketing do produto que é objecto de divulgação.
Veja-se a título de exemplo, a Festa dos tabuleiros, as festas do Povo em Campo Maior, o Senhor Santo Cristo nos Açores, a feira da Transumância/Festa dos Chocalhos (re/inventada) em Alpedrinha.
Discordo da ideia que, para os intervenientes das revoluções do 5 de Outubro e do 25 de Abril, a tradição e o património popular representavam o que há de menos estimulante, para o desenvolvimento do país.
Em primeiro lugar, porque ninguém nasce do nada e é sempre importante conhecer, estudar, aprofundar as raízes.
Depois, porque houve muitos contributos de gente comprometida com o espírito revolucionário, no sentido do conhecimento da realidade popular.
Teófilo Braga, Consiglieri Pedroso, Fialho de Almeida, Rocha Peixoto são autores que aprofundaram essa investigação. Abel Viana, Leite de Vasconcellos, Jorge Dias, Veiga de Oliveira foram estudiosos atentos, que fizeram o levantamento exaustivo de muitas tradições, e de um amplo repositório do património, da cultura do povo.
Note-se que em certas romarias os padres eram hostilizados e a vontade popular se sobrepunha a atitudes, essas sim tendenciosas e obscurantistas.
O pensamento único provoca retrocesso, atraso, ruína. As expressões da identidade de um lugar, de uma região contribuem para o fortalecimento da sua importante diferença. Aquela gastronomia, aquele festejo, aquele ritual, aquele monumento, aqueles artefactos evidenciam uma cultura, um saber fazer, uma atitude perante a vida, o clima e os outros homens que distinguem aquela sabedoria. E isso é uma riqueza que potencia capacidades de atrair visitantes e com eles os benefícios que produzem desenvolvimento. Abandonar, ignorar, esquecer, destruir esse património é um crime por omissão, ignorância e desprezo que devia ser punido, pois mata a memória de um lugar e de um povo.
Se o Património Popular é depreciado e não brilha, então será também por aí que devemos actuar! Os debates, as intervenções nesta área, para esclarecimento de populações, autarcas, escolas, são vitais. Podem contribuir para outra forma de estar, para uma tomada de consciência, em termos da salvaguarda, revitalização, valorização, promoção e desenvolvimento em torno do Património e do Espaço Popular!
Nesse sentido, julgo que está na hora da Aldraba conceber e organizar mais exposições acerca de temas pouco abordados, como as fontes (tantas vezes abandonadas, mas já revalorizadas em alguns lugares do País) e os morábitos, assuntos que estudei e sobre os quais posso ajudar...
É um grande desafio, bem pertinente questionar tudo o que abarca o Património. E por que não fazer uma espécie de manual de intervenção para os associados da Aldraba?
Todos os contributos são preciosos e gostava de ver todos os dirigentes envolvidos neste debate!
Tradição versus progresso: certas tradições identitárias de um povo, emblemáticas, enquanto motores do turismo local, pela sua especificidade, produzem desenvolvimento. Sendo ancestrais são dinâmicas, porque interagem com épocas, gerações, e com os próprios conceitos de marketing do produto que é objecto de divulgação.
Veja-se a título de exemplo, a Festa dos tabuleiros, as festas do Povo em Campo Maior, o Senhor Santo Cristo nos Açores, a feira da Transumância/Festa dos Chocalhos (re/inventada) em Alpedrinha.
Discordo da ideia que, para os intervenientes das revoluções do 5 de Outubro e do 25 de Abril, a tradição e o património popular representavam o que há de menos estimulante, para o desenvolvimento do país.
Em primeiro lugar, porque ninguém nasce do nada e é sempre importante conhecer, estudar, aprofundar as raízes.
Depois, porque houve muitos contributos de gente comprometida com o espírito revolucionário, no sentido do conhecimento da realidade popular.
Teófilo Braga, Consiglieri Pedroso, Fialho de Almeida, Rocha Peixoto são autores que aprofundaram essa investigação. Abel Viana, Leite de Vasconcellos, Jorge Dias, Veiga de Oliveira foram estudiosos atentos, que fizeram o levantamento exaustivo de muitas tradições, e de um amplo repositório do património, da cultura do povo.
Note-se que em certas romarias os padres eram hostilizados e a vontade popular se sobrepunha a atitudes, essas sim tendenciosas e obscurantistas.
O pensamento único provoca retrocesso, atraso, ruína. As expressões da identidade de um lugar, de uma região contribuem para o fortalecimento da sua importante diferença. Aquela gastronomia, aquele festejo, aquele ritual, aquele monumento, aqueles artefactos evidenciam uma cultura, um saber fazer, uma atitude perante a vida, o clima e os outros homens que distinguem aquela sabedoria. E isso é uma riqueza que potencia capacidades de atrair visitantes e com eles os benefícios que produzem desenvolvimento. Abandonar, ignorar, esquecer, destruir esse património é um crime por omissão, ignorância e desprezo que devia ser punido, pois mata a memória de um lugar e de um povo.
Acerca do texto do José Manuel Prista
Apenas umas breves notas, pois estou em grande parte de acordo com o articulado, bem estruturado, que não me oferece reparos.
O povo manterá as suas práticas, festas, tradições, indiferente às análises dos eruditos?
E as monografias sobre esta e aquela região, prática, festa e tradição à venda nos locais onde as coisas estudadas se desenrolam?
Não motivarão nenhuma reflexão? Até sobre a evolução dos tempos que provoca mudanças nas festas e tradições...que não ficam imutáveis!
Quantas transformações constatamos se verificarmos como era determinada festa em 1930, 1940 e em 1993!?
Quanto à Tapada das necessidades, registo com agrado a tua opinião. Acrescento que a tapada foi apropriada nos anos 90 pela Junta de freguesia dos Prazeres, com o apoio dos moradores (até aí aquele espaço só podia ser frequentado mediante a apresentação de um cartão que o Ministério da Agricultura emitia)...
Juntemo-nos então aos bons movimentos, aos bons esforços, aos ideiais que ajudam a melhorar a qualidade de vida dos nossos conterrâneos.
Quando Joaquim Palminha da Silva escreveu no Diário do Sul que as portas de Évora são um valor patrimonial em risco, ameaçado pela ignorância e pela formatação, que arrasa a identidade, ou quando a Câmara Municipal de Loulé e a Faculdade de Arquitectura da Univ. Técnica de Lisboa produziram o belíssimo "Guia de Reabilitação e Construção da Cidade de Loulé", ou ainda quando um grupo de cidadãos (Grupo de Amigos) se movimentou em torno da recuperação arquitectónica e ambiental da Tapada das Necessidades, essas e outras iniciativas são merecedoras da atenção deste associativismo e de uma intervenção permanente. Seja no site, no blogue, no boletim, como na necessidade de participação em fóruns e até da promoção de encontros em que esta preocupação seja prioritária.
Lisboa, 16 de Agosto de 2007
Luís Filipe Maçarico
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" A ALDRABA"
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