ISABEL ALDINHAS: A EXALTAÇÃO DA TERRA NUMA PALETA DE EMOÇÕES
Isabel Aldinhas, pintora nascida em Montemor-o-Novo, que em cada obra entoa cânticos de amor ao seu Alentejo, possui o talento de transformar a tinta no sangue da terra, a tela na pele das horas, o quadro na respiração de uma identidade que, não obstante as investidas dos que anseiam formatar tudo com o pensamento único, vai resistindo com pegada heróica.
Os seus pincéis despertam a sede pela cal dos velhos montes, onde vozes antigas floresciam, entre o silêncio mais luminoso, com gestos de suor e sonho.
As feiras, as suas cores festivas ou a íntima fermentação dos segredos, no passajar das mágoas e no amassar da farinha dos dias, a melancolia que os rostos guardam no fim dos duros trabalhos de campo, são marcas inesquecíveis da sabedoria desta tecedeira do tempo que nos óleos e aguarelas enfeitiça o nosso olhar nostálgico.
Depois, o ser humano que deu origem à pintora é cativante. É bom estar ao seu lado, nesse fantástico desfolhar de emoções quando fala da sua infância, do mundo mágico onde cresceu, com todas as dificuldades e ilusões.
Mundo que ressuscita na sua paleta deslumbrante, em cada retrato ou panorama, à procura da poesia dos instantes que constantemente se evaporam.
Isabel Aldinhas traz agora também na sua bagagem Alpedrinha. Por aqui esteve breves momentos, o suficiente para se apaixonar pelas suas tonalidades cativantes.
Nas mãos de uma grande pintora como esta, todo o chão estremece, como se fora afagado por uma mãe. Sempre este afecto na linguagem das formas, uma imensa devoção à Natureza, que quase nos faz sentir os lumes do Estio ou as primaveris brisas, entre o feno da planície e as estevas e papoilas dos cerros. Sempre esta exaltação da vida, mesmo quando da vida só resta um nome...
LFM
"A ALDRABA"
Publicada por a aldraba em 3/30/2008 06:53:00 PM
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