Palavras sábias de um alcoutinense ilustre que, após uma vida intensa e muito cheia por outras paragens, regressou para voltar a habitar a sua terra de infância (onde a família se radicou em 1936, tinha ele 3 anos de idade):
Finalmente, a meteorologia acertou: choveu em Alcoutim. O povo nem queria acreditar, já tomava os alertas de chuva como mera boataria. Vive na angústia da seca severa e vê a principal barragem que lhe dá de beber - Odeleite - descer abaixo dos 20% da sua capacidade.
Este ancestral medo da seca exprime-se nos termos que nós - povo do Sul - usamos na relação com a chuva.
Se é chuva miudinha e mansa, dizemos: «está a peneirar». Se é forte e súbita, chamamos «esgarrão». Se é de pedra, «garnacho». Se a chuva abranda, dizemos «está a escampar», e se parou, «escampou».
Apesar deste modo poético de falar da chuva, a chuva quer pouco connosco e parece que vai querer cada vez menos.
Então, não será altura do Algarve começar a pensar em processos de dessalgar da água do mar, como já se está a fazer em certas zonas do Sul da Espanha?
Alcoutim, 21.10.2019
Carlos Brito
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