Redescobrir Fernando Namora (1919-1989) foi o propósito da Associação
Aldraba, que esteve na manhã deste domingo (20/10/2019) no Museu do Neo-Realismo
para visitar a excelente exposição que assinala o centenário do seu nascimento.
Médico, escritor e artista plástico, Fernando Namora foi (é)
um dos nomes grandes da nossa literatura agora lembrado mas tantas vezes
esquecido e mesmo ignorado.
Precursor na abordagem a temas dos nossos dias, dos
Encontros Internacionais de Genebra traz preocupações que verte para escrita no
seu “Diálogo em Setembro” (1966), onde faz uma análise de Portugal e do
comportamento português por comparação com o que lá lhe foi dado observar.
A poesia escrita entre 1959 e 1969 foi publicada no livro “Marketing”,
um exercício de ironia sobre o mundo moderno e o consumismo, onde se lê:
“…
Sagres é uma boa cerveja
e eu acabei por gostar da Sagres
como gosto do Rexina.
Sagres é a pausa que refresca e tem vitaminas
todas as bebidas da televisão têm vitaminas
…
e até consigo adormecer com hipnóticos
depois de tomar o Tofa descafeinado
e no Verão visto calções de banho de fibras sintéticas
para me banhar na Torralta
cidadão perfeito perfeitamente bronzeado com o Ambre
Solaire.”
Para além de Fernando Namora, vale sempre a pena rever a
exposição permanente que ilustra o que foi o movimento Neo-Realista português na
Literatura, Teatro, Cinema, Música e Pintura.
MEG (texto e fotos)
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