domingo, 6 de março de 2011

Património imaterial, uma causa nobre “servida” por pessoas indignas


A comunicação social acaba de dar notícia da extinção, pelos Ministros da Cultura e das Finanças, do grupo de trabalho oficial criado há um ano atrás “para fazer o levantamento dos bens culturais imateriais, mas que apenas se reuniu uma vez e não desenvolveu qualquer actividade de campo” (Público, 6.3.2011).

Um grupo de trabalho fantasma, que tinha uma missão importante, e que nada fez ao fim de muito tempo, é mais que justo que acabem com ele e que peçam contas aos responsáveis.

Infelizmente, não é essa a atitude saudável que sobressai das notícias saídas na imprensa. Bem pelo contrário, o que ressaltam são as evasivas, as “desculpas de mau pagador”, as recriminações recíprocas entre alguns dos membros do grupo, o Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) e o Secretário de Estado da Cultura.

Entretanto, 209 mil euros dispendidos em salários aos cinco membros do grupo de trabalho, três dos quais eram directores regionais de Cultura até 2009, substituídos pela nova Ministra quando assumiu funções…

Era missão do grupo preparar a criação da Comissão para o Património Cultural Imaterial, prevista no Decreto-Lei nº 139/2009, de 15 de Junho. Ou seja, na legislação nacional de implementação da Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Imaterial, por cuja ratificação por Portugal tantos pugnaram – entre os quais a Associação ALDRABA.

Um mau começo…

Diz o IMC que a Comissão está agora constituída. Que caminho irá ela seguir?

Nós, e todos os que genuinamente querem a salvaguarda das ”práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões que as comunidades, os grupos e os indivíduos reconhecem como seu património cultural” (artº 2º da Convenção), continuaremos a defender métodos de trabalho limpos e escorreitos, sem concessões ao desnorte, ao arranjismo e aos interesses particulares de quem quer que seja.

JAF

1 comentário:

  1. Sem ser precisa uma manada de vips a mamarem do Orçamento de Estado, o ministério bem podia auscultar os grupos existentes de voluntários desta causa, aprendendo algo.
    O problema não é, quanto a mim, os mamões porem-se a jeito. Foi esquecido aqui que os mamões têm doninhos que lhes põem trelas de luxo...esses também são responsáveis, ao escolherem a seita inútil, provavelmente amiguinhos de confiança política.
    Há que não ficar a meio na crítica e ir ao cerne. Tal como na Função Pública. Os funcionários cumprem ordens, directivas, projectos.
    Se não há norte, deviam comer todos pela mesma tabela.

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