Há poucas semanas, um óptimo programa da “Antena Um” dedicado às formas tradicionais de falar em Portugal, ocupou-se da expressão do “andar a nove” ou “ir a nove”.
Trata-se de um curioso dito, que entrou rapidamente no vocabulário popular, e que significa "andar muito depressa, atarefado, em grande azáfama". Essa expressão resulta do aparecimento dos carros eléctricos em Lisboa, há pouco mais de um século, e que depois foram lançados em algumas outras cidades do país.
Em 31 de Agosto de 1901, começou a funcionar a primeira linha de carros eléctricos em Lisboa, que se estendia do Cais do Sodré a Ribamar (Algés). Segundo um jornal da época, "a inauguração da tracção eléctrica satisfez completamente o público que, em grande número, concorreu a presenciar o importante melhoramento, a elegância luxuosa dos carros, a comodidade que oferecem aos passageiros e a rapidez da marcha".
A velocidade dos carros eléctricos era comandada pelo guarda-freio com um manípulo que marca nove pontos. O ponto nove correspondia à velocidade máxima, raramente usada nas ruas e ruelas íngremes de Lisboa.
"Andar a nove" era, portanto, uma velocidade estonteante, nunca superior a uma trintena de quilómetros por hora…
Aqui fica o registo da ALDRABA em relação a uma memória popular dos meios citadinos, que alguns colegas da blogosfera também recuperaram, e aonde, com a devida vénia, fomos buscar fotografias.
JAF
Muito interessante a origem do vocábulo popular.
ResponderEliminarMas hoje já não andamos a nove. Hoje é um corre-corre estonteante.
Obrigado pelo esclarecimento
Adriano Pacheco
Os 9 representariam, possivelmente, 90% da potência do motor...!
ResponderEliminarUma boa recuperação do falar da nossa gente.
Abraço e Bom Ano.
Pelo que sei, 9 correspondia a 100% da potencia do motor, ou seja "prego a fundo"😉
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