segunda-feira, 10 de julho de 2006

Murfacém: com um brilhozinho nos olhos e um imaginário popular que une pessoas de todas as idades em torno de um património emblemático






José Luís Martins é dirigente da Associação de Moradores de Murfacém e Cova. Segundo ele, Murfacém, que tem cerca de 80 habitantes, se não for a colectividade e o "Museu", além das pessoas, não tem mais nada.
Durante décadas, o Museu de Etnografia Árabe (Quem o criou? Quem expôs aqueles objectos daquela maneira e o que são?) esteve encerrado.
José Luís conta que:"Fomos criados sempre a visitar o Museu e agora aquilo que a gente viu não queremos ver abandonado e degradado. Quando eu era miúdo nós íamos para ali sentados no chão ou num banquinho para desenhar aquilo. Nós íamos desenhar o Museu. Chegou a uma altura que era quase por olho...e depois a professora explicava -nos o que era aquilo..."
Ontem passei por lá e estive à conversa com gente muito motivada para preservar o património, pois sabe que ele é emblemático para a terra. No espaço há uma exposição de alguns materiais supostamente encontrados em escavações: azulejos, vestuário, armas, com interesse, que merece ser estudado, mas sem retirar à população esse espólio que parece dizer tanto ao seu imaginário popular...
Sem querer alinhar em polémicas que não me dizem respeito, assinalo uma vontade firme de valorizar a terra, que é rara em meios populacionais como se constata ali. Na realidade, jovens e idosos alinham pelo mesmo ideal: Murfacém tem um património importante que não lhe deve ser retirado pelos grandes centros, mas devolvido e condignamente investigado e exposto, servindo de chamariz aos amantes destas coisas.
O passado árabe, as minas de água, as passagens subterrâneas, que supostamente existem no subsolo e ligam Murfacém aos Capuchos e à Trafaria são estórias que se escutam com frequência quando se convive com estas pessoas.
Ontem, foi ouro sobre azul ter comigo fotografias e um texto que é resultado de uma investigação acerca dos morábitos em Portugal e na Tunísia.
Partilhei com eles o que sei. Retribuíram com um brilhozinho nos olhos, alguma efabulação e a esperança de verem Murfacém no mapa das lendas de mouros e mouras encantados...quem sabe se um dia não haverá por ali uma festa reinventada, com esse imaginário popular como motivação e motor do desenvolvimento local?

(texto LFM; fotos:Ana Fonseca)

De “ÁGUAS DO SUL”
Postado por oasis dossonhos às 11:05 2 comentários

COMENTÁRIOS
plenitude disse...
São momentos como esses que nos fazem mover montanhas. Beijos aos dois
11 Julho, 2006 10:31
Pete disse...
Deve-se preservar o património cultural.Um abraço e boa semana,Pedro Gonçalves.
11 Julho, 2006 12:29

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