sexta-feira, 13 de outubro de 2023
quarta-feira, 11 de outubro de 2023
XLII Encontro da ALDRABA - "História, sabedoria e tradição", Castro Marim, sáb./dom. 28/29 outubro 2023
sábado, 30 de setembro de 2023
L Mirandés ye más do que un anfeite!
Em 17 de setembro de 1998, a Assembleia da República aprovou por unanimidade o reconhecimento do Mirandês como segunda língua oficial portuguesa, o que viria traduzir-se poucos meses depois na Lei n.º 7/99, de 29 de janeiro, reconhecendo formalmente os direitos linguísticos da comunidade mirandesa. O deputado socialista Júlio Meirinhos foi, na altura, o principal impulsionador deste reconhecimento. Outro grande promotor do mirandês foi o escritor e ativista Amadeu Ferreira, já homenageado nas páginas da revista "Aldraba" (n.º 17, abril de 2015, pp. 22-24), através do artigo de M. Hercília Agarez, "Amadeu Ferreira, um cibo de Trás-os-Montes".
Assinalando a efeméride do 25.º aniversário da deliberação da Assembleia da República, o "cidadão mirandês" Aníbal Fernandes publicou no diário "Público" um texto que aqui reproduzimos gostosamente:
Senhores
Maiorales, l Mirandés ye más do que un anfeite!
L passado die 17 de setembre celebrórun-se 25 anhos de la aprobaçon por
ounanemidade ne l Cunceilho de la República, de l “Reconhecimiento oufecial de
ls dreitos lhenguísticos de la quemunidade mirandesa” i, por bias disso, tamien
de la sue lhéngua, l Mirandés.
Fui
zed anton que ls Mirandeses deixórun de s’acobardar i ambergonhar por falar la
lhéngua que sous abós resguardórun i le repassórun cumo fala por más de nuobe
seclos.
Zde
esse die yá num tornórun a oubir que nessa lhéngua nien pudien rezar a Dius
porque era ua lhéngua de l diabro. Passórun, isso si, a tener proua an falá-la
e agarimá-la cumo fai proba la frequência de quaije 80% de la disciplina de
oupçon de l Mirandés puls studantes de l Agrupamiento de Scolas de Miranda ou
ls manhuços de obras literairas na Mirandés que ténen sido publicadas ne ls
derradeiros binte anhos.
La
Lhéngua cun que se celebrou la fundaçon i l fortalecer de la nuossa
Nacionalidade.
La
Lhéngua que ancorajou este Pobo nas batalhas pula defesa de l nuosso território
siempre que ambasores spurmentában ir acontra la nuossa soberanie. Assi se
passou culas arremetidas de Castielha, fui assi culas antradas napoleónicas,
adonde ls Mirandeses dórun l peito a las balas para que Pertual se mantubira
anteiro cumo fai proba l calatriç de l castielho açpuis de la sue firme
rejistênça.
La
Lhéngua cun que l Pobo rejistiu a ls contratiempos por bias de l sou
eizolamento i de sou clima i adonde tantas bezes s’assujeitórun a ua bida de
miséria por falta de ayudas, nesse “último fin de mundo”!
Mas,
hai sempre un mas, hai eiqui l que parece ser un grabe cuntradiçon: tan
agarimada por todos an palabras, fáltan açones que crien la rial ajuda que
amposseblite la sue muorte anunciada. Ye cumo se ls que ténen l mando mirássen
pal mirandés como un anfeite, ua menudência simpática que dá muito jeito para
quedar bien ne l retratico. Ou, inda pior, que súfran dun nanico mirar
stratégico que ls lhiebe a pensar que cula lhéngua nun se merca pan. Nun quiero
crer an ningua destas çcunfianças. Antes quiero zafiar l Goberno para que, dua
beç por todas, lhiebe al Cunceilho de la República para rateficaçon l diploma
que tenga l Mirandés cumo Lhéngua Minoritaira Ouropeia i que abance de beras,
sien demoras, cula cuncretizaçon de l Anstituti de la Lhéngua Mirandesa. I la
Câmara que porfilhe l Mirandés como la sue Lhéngua Oufecial an todas las
rializaçones culturales i ne ls sous decumentos oufeciales.
A
ser assi, este amportante tesouro lhenguístico tenerá un fortíssemo respaldo
pal son resguardo.
Desta
maneira, ls mirandeses quedaran más juntos al redor de l son bien de más balor,
la seinha d’auga de la sue riquíssema cultura i tradiçon.
I,
stou certo, todos nós pertueses passaremos tamien a tener proua ne l nuosso
Mirandés.
Aníbal Fernandes
Algumas traduções:
Acobardar – ter medo; agarimar
– mimar; anfeite – enfeite; arremeter – tentativa de ataque, provocar; calatriç
– aspeto, rosto; mercar – comprar; manhuços – molhos, mão cheia de; nanico –
anãozinho; proua – vaidade, orgulho; repassórun – transmitiram; resguardárun –
guardaram; retratico – retratinho, pequena fotografia; zed - desde
quarta-feira, 27 de setembro de 2023
Lançamento do livro "História da Piscina dos Olivais" na próxima 6ªfeira, 29.9.23, 18h
É já na próxima 6.ª feira, dia 29 de setembro de 2023, que tem lugar o lançamento público do livro "História da piscina dos Olivais", da autoria dos técnicos do Departamento de Desporto da Câmara Municipal de Lisboa Ana Isabel Veiga e Luís Filipe Maçarico (que, no plano extra-profissional, são ambos membros da associação Aldraba).
Apesar de este trabalho ter sido concluído há já algum tempo, entendemos que ele mantém todo o seu interesse, daí o apelo que se faz a todos os amigos para que compareçam na sessão de lançamento da obra, pelas 18 horas de 6ªf, 29/9/2o23, nas atuais instalações do Complexo Desportivo Municipal GO Fit Olivais.
JAF
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Próximas atividades da associação Aldraba
Depois da interrupção do mês de agosto, a Aldraba está a preparar novas atividades, que em breve serão anunciadas especificamente.
Deixamos hoje aqui apenas algumas notas de antecipação.
É nossa intenção promover uma visita ao Museu de História Natural, em Lisboa, associada eventualmente a um contacto com outras realidades patrimoniais na mesma zona da cidade.
Preparamos para data próxima um sarau de poesia, com a intervenção de vários nossos associados que escrevem e publicam poemas, podendo tal sessão ser seguida de uma refeição de convívio.
Num fim de semana de outono ainda não fixado, iremos até à vila algarvia de Castro Marim, para um encontro temático, com a colaboração de entidades locais que estão a ser contactadas, e em que serão visitados o edificado de interesse histórico, a atividade económica das salinas e o trabalho associativo que se desenvolve no concelho.
Nas instalações de uma autarquia da Margem Sul do Tejo, temos intenção de levar a efeito um encontro centrado no cante alentejano da diáspora.
Um conjunto ambicioso de iniciativas, de que daremos notícia logo que confirmadas.
JAF
terça-feira, 22 de agosto de 2023
"Nossa Senhora do Ó" - De onde virá este nome?
No já distante ano de 2009, escrevia na edição do “Público”
de 16 de agosto o cronista Miguel Esteves Cardoso:
“Começa o meio de Agosto e são as festas em toda a parte. De Senhoras nossas. Da Agonia, da Assunção, do Desespero, da Angústia, da Depressão, das Dores, de todos os castigos imagináveis que possam ajudar a disfarçar o prazer que dão.”
14 anos depois, mantém-se plenamente e de forma alargada esta tradição das festas populares em honra da “Nossa Senhora, mãe de Jesus Cristo”, a qual é referida – consoante os locais e regiões do país onde se realiza cada festa – como “Nossa Senhora d. …”, ou seja, através de uma “invocação”.
Recentemente, alguém me manifestou a sua estranheza pelo significado da invocação “Nossa Senhora do Ó”, por não alcançar o sentido da expressão.
Neste mesmo nosso blogue, num post de 24.8.2009, a saudosa Maria Eugénia Gomes referiu-se à comemoração da Senhora do Ó, realizada na sua terra, o Sobral da Adiça (concelho de Moura, distrito de Beja), comentando ser um culto espalhado um pouco por todo o país e que em todos os locais está associado à gravidez e à boa hora de parto. No tempo em que a maior parte das crianças nasciam em casa, era costume no Sobral da Adiça que a sua primeira saída fosse visitar a Nossa Senhora do Ó, na intenção de que ela lhe garantisse proteção, saúde e sorte…
Em Portugal, o culto à Senhora do Ó ter-se-á iniciado em Torres Novas a partir de 1212, existem imagens suas em dezenas de igrejas e capelas, e ela é mesmo a padroeira de dezasseis freguesias portuguesas: Aguim (Aveiro), Ançã, Barcouço, Cadima, Paião e Reveles (Coimbra), Alcanadas (Leiria), Carvoeira e Vilar (Lisboa), Águas Santas, Covelo, Duas Igrejas, Gulpilhares e Vilar (Porto), Olaia (Santarém) e Lordelo (Viana do Castelo).
A configuração das imagens com que o nosso povo representa a Senhora do Ó dá à imagem uma incontornável forma rotunda de mulher grávida, daí o “Ó”…
Os teólogos católicos, pressurosos em menorizar estas concretizações, supostamente menos “dignas”, dão outras explicações para o “Ó”, ligadas a um ritual, as “antífonas”, sete orações em que a mãe de Jesus Cristo, na oração da tarde, contempla em cada dia um aspeto do Senhor que vem, nas suas prefigurações no Antigo Testamento, como um longo e profundo caminho para a chegada do profeta. As antífonas do Magnificat são um grito que começa sempre com um “Ó”, que será respondido pelo Senhor. Estas antífonas teriam dado origem à “devoção à Nossa Senhora do Ó, ou a Virgem da expectação, Maria grávida que prepara o nascimento do Verbo, seu filho”.
Em minha opinião, são secundárias estas especulações doutrinárias.
O que interessa, do ponto de vista cultural, são as atitudes com que o povo enfrenta as adversidades, os sofrimentos, e procura exorcizá-los com a evocação, e a representação gráfica ou plástica, de uma “Senhora” que chamaria a si todos esses elementos negativos, para os eliminar ou, pelo menos, para os suavizar…
Sabedoria secular para protestar – embora de forma impotente…– contra a opressão!
JAF (apoiado num post de 8.9.2009)
Em anexo, uma pequena lista, necessariamente incompleta, de invocações
de Nossa Senhora, veneradas em alguns pontos do mundo de expressão portuguesa:
Nossa Senhora da Abundância; Nossa Senhora das Angústias; Nossa Senhora dos Anjos; Nossa Senhora Aparecida; Nossa Senhora da Apresentação; Nossa Senhora da Assunção; Nossa Senhora Auxiliadora; Nossa Senhora da Boa Morte; Nossa Senhora da Boa Viagem; Nossa Senhora do Bom Conselho; Nossa Senhora de Brotas; Nossa Senhora do Carmo; Nossa Senhora da Conceição; Nossa Senhora Desatadora dos Nós; Nossa Senhora Divina Pastora; Nossa Senhora das Dores; Nossa Senhora da Encarnação; Nossa Senhora de Fátima; Nossa Senhora de Guadalupe; Nossa Senhora da Guia; Imaculado Coração de Maria; Nossa Senhora das Lágrimas; Nossa Senhora da Lapa; Nossa Senhora da Luz; Nossa Senhora da Medalha Milagrosa; Nossa Senhora Medianeira; Nossa Senhora dos Navegantes; Nossa Senhora de Nazaré; Nossa Senhora das Necessidades; Nossa Senhora das Neves; Nossa Senhora do Ó; Nossa Senhora da Oliveira; Nossa Senhora da Pena; Nossa Senhora da Penha de França; Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; Nossa Senhora da Piedade; Nossa Senhora do Pranto; Nossa Senhora da Purificação; Nossa Senhora Rainha; Nossa Senhora do Rosário; Nossa Senhora da Saúde; Nossa Senhora das Sete Dores; Nossa Senhora da Soledade; Nossa Senhora da Vitória.
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
A Aldraba interveio no PAN de Vilarelhos - Alfândega da Fé, 31.7.2023
No PAN de Vilarelhos (edição portuguesa de 2023 do PAN - Encontro e Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e Arte de Vanguarda em Meio Rural), houve um painel de apresentações de associações. A Aldraba exibiu um power point intitulado "O Impacto das Actividades da Aldraba na Comunidade", com imagens recolhidas por Marta Barata e apresentação minha.
Na primeira fotografia, Luís Filipe Maçarico, ladeado de Manuel Ambrosio Sánchez e António Sá Gué, da organização do Encontro.
LFM (fotos de Cristina Pombinho)