Editorial do nº 17 da revista ALDRABA, que se encontra no prelo:
Em finais de 2004, princípios de 2005, uma vintena de homens e mulheres reuniram-se, primeiro em Montemor-o-Novo e depois em Viana do Alentejo, desejosos de conhecer e valorizar o património popular.
Património tão maltratado, num território e com uma população com um passado e uma experiência muito ricas, mas com atitudes de desconhecimento, facilitismo e, até, vergonha das raízes, que apagam a memória e prejudicam a identidade.
Decidiu essa vintena de cidadãos aprender com os outros, apreciar e contactar regiões e costumes diversos, realizar encontros com habitantes, coletividades e autarquias, sem esquecer o passado mas participando na construção do futuro.
Em 25 de abril de 2005, no Ateneu Comercial de Lisboa, reuniu a Assembleia Constituinte que, com oitenta aderentes, deliberou a criação da ALDRABA – Associação do Espaço e Património Popular, com as preocupações que vinham sendo identificadas.
As perspetivas eram as que decorriam do Manifesto aí adotado, e as formas de organização foram as constantes dos Estatutos aprovados, consagrando que a ALDRABA tinha como objetivo ser um ponto de encontro e de comunicação para a preservação e divulgação do património popular nos espaços onde ele se encontra, através da pesquisa, recolha e tratamento das memórias dos sítios, das pessoas, dos grupos e das coletividades.
Para o efeito, a ALDRABA propôs-se proceder à abordagem integrada de objetos, práticas, factos e vivências, privilegiando a valorização dos testemunhos humanos e recorrendo às adequadas disciplinas científicas.
Tivemos, na altura, que nos demarcar de experiências menos positivas que tinham sido vividas por alguns dos impulsionadores da associação, designadamente quando se apelava a todos os que não têm compromissos duvidosos com ninguém, que não precisam de retratos, artigos ou aplausos comprados.
Apelámos em 2005 à criação de algo novo, com todos aqueles que têm coragem de dar a cara, de discordar, de dizer não, de lutar.
E avançámos, faz agora precisamente dez anos…
Valeu a pena? Seguramente que sim!
Ao longo de uma década, a Aldraba já promoveu encontros temáticos em 26 localidades dos 9 distritos que vão de Castelo Branco a Faro, realizou 18 jantares-tertúlia em casas regionais e coletividades desses distritos e também da Beira Alta, de Trás-os-Montes, da Galiza e de Angola, levou a efeito 5 rotas pedestres em percursos patrimoniais em Lisboa, e publicou dezasseis números da revista que têm abordado uma grande diversidade temática sobre o património identitário.
Interagimos com 70 associações e coletividades populares e com mais de meia centena de municípios e freguesias.
Encontrámos sempre nos nossos parceiros grande disponibilidade, interesse e até empenho na partilha de experiências e atividades. Percebemos quão importante é desenvolver-se a autoestima das populações, e valorizarem-se as particularidades de cada cultura local.
E tudo isto com um número reduzido de associados, em que os novos aderentes vão de alguma forma compensando os que já não estão presentes.
Atualmente, dos 15 elementos eleitos em fevereiro último para os corpos sociais da Aldraba, apenas seis são fundadores, sendo que os outros nove se foram inscrevendo ao longo das atividades desenvolvidas.
É determinação firme de todos nós levarmos por diante esta pequena associação que não pede licença para existir!
José Alberto Franco
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