terça-feira, 30 de setembro de 2014

Nomes de localidades em azulejos (cont. 20)















Quatro novas placas toponímicas do Automóvel Clube de Portugal acabam de ser localizadas e fotografadas, e temos hoje o gosto de as reproduzir.

A ALDRABA encontrou uma placa na localidade de Barras, no concelho de Mafra (distrito de Lisboa), uma placa no Carrascal, do mesmo concelho e distrito, e uma placa em Pêro Negro, no concelho de Sobral de Monte Agraço (também do distrito de Lisboa).

Esta placa no Carrascal é já a segunda que encontrámos na mesma localidade, sendo que a anterior já a tínhamos publicado.

A placa em Pêro Negro apresenta a curiosidade de ter sido produzida e aplicada recentemente, para substituir uma muito antiga que foi demolida em conjunto com o prédio em ruínas onde se encontrava. O proprietário do espaço teve a atitude curiosa de mandar fazer uma réplica da anterior para colocar no novo prédio.

Finalmente, reproduzimos a placa identificadora de Chãs de Tavares, localidade do concelho de Mangualde (distrito de Viseu), recolhida por Manuel Campos Vilhena e que foi editada há pouco tempo no blogue “Diário de Bordo”.

Com as placas hoje publicadas, atingimos um total de 126 diferentes, de 114 localidades, de 13 distritos.

JAF (texto e fotos de Barras, Carrascal e Pero Negro)


sábado, 27 de setembro de 2014

A vila de Minde












Minde
Linda terra portuguesa
Toda cheia de beleza
E de nobre tradição

Minde
Berço dos nossos avós
Que deixaram a todos nós
O trabalho por brazão

Assim
Ó minha terra bendita
Tu serás sempre bonita
E nunca digas que não

Vila de Minde
Dos cardadores
Das antigas fiandeiras
Das bonitas tecedeiras
Tecendo mantas de cores

A tua gente
Não há igual
Na labuta pela vida
Que lhe foi sempre querida
Correm todo o Portugal

Minde
Para ver tua paisagem
Tens uma bela miragem
Lá do Alto do Cruzeiro

Minde
És um cantinho do céu
Foi aqui onde nasceu
O pintor Roque Gameiro

Agora
Com o teu desenvolvimento
Levarás em pouco tempo
Tua fama ao mundo inteiro

In "Piação dos Charales de Ninhou", Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro, Minde, 2004


domingo, 14 de setembro de 2014

O contraste campo-cidade em Maria Lamas
















A grande jornalista e escritora Maria Lamas (1893-1983), foi outra corajosa intelectual antifascista, perseguida e presa várias vezes pela PIDE. Escreveu nos jornais Correio da Manhã, Época, A Capital, Diário de Lisboa e O Século, tendo dirigido neste último o suplemento Modas & Bordados. Nesta atividade, dedicou-se incansavelmente ao esclarecimento das mulheres trabalhadoras, pouco conscientes dos seus direitos. Escreveu contos infantis e estudos na área da mitologia, porém o seu livro mais importante, fruto de dois anos de viagens por todo o país, foi «As Mulheres do Meu País». Esteve exilada por diversas vezes, entre 1953 e 1962. Passados sete anos regressou do exílio. Tinha 76 anos e ainda a mesma esperança de melhores dias para Portugal. Viveu o 25 de abril de 1974 com enorme alegria. Tal como Fernando Lopes Graça, Maria Lamas também deixou nos seus escritos, acerca da situação das mulheres portuguesas, importantes reflexões sobre a dicotomia entre o rústico e o urbano, que interessam a todos os que se preocupam com o património popular.

Aqui ficam algumas dessas reflexões, para já sobre a condição camponesa:

“Sempre sozinha na labuta, fêmea submissa ao instinto da procriação, a garantir a multiplicação de braços para amanho do casal, animal de carga, sem uma réstia de sol a penetrar-lhe no espírito, a mulher endurece, desumaniza-se, perde, até, o doce instinto da proteção maternal, como perde toda a frescura e graça mal passa os vinte anos. Antes dos trinta, está desdentada, o cabelo torna-se-lhe baço; a pele murcha; o olhar perde toda a expressão de alegria interior, toda a suavidade”.
(ML, As mulheres do meu país, 1950)

E sobre a condição operária:

“O trabalho coletivo, a disciplina dos horários, a noção da responsabilidade, o contacto com as organizações industriais, o alargamento do convívio com outras mulheres e homens, numa camaradagem benéfica, contribuem, é certo, para lhe dar uma nova personalidade, de que ela própria nem sempre se apercebe, mas que a vai distanciando da camponesa”.
(ML, op.cit., 1950).
Fotografia reproduzida do blogue “O Leme”
Citações extraídas de José Neves, Comunismo e nacionalismo em Portugal, Lisboa, 2008.